24.01.19
Várias cantigas, antigas, marcaram os momentos que se perderam num tempo, nesse tempo meu que não partilho, amarrado ao querer que insisto em guardar nas partes de mim, tão minhas.
Vestígios de felicidade que desconhecia, pedaços de um caminho, pincelados sem monotonia, num alvoroço que se desenha sem pudor, numa força estranha que se entranha, como mar revolto, meio desgosto, a gosto, num verão.
Vários os olhares que recordo, sem esquecer, palavras soltas que me pertenceram, sem a importância que hoje lhes dou...
Todos tivemos esse pedaço de tristeza que se levanta, por instantes, numa entrelaçada adivinha, num enigma perdido, sem solução.
Podes voar sem asas, podes correr sem pernas, podes respirar sem pulmões, chorar sem dor, mas amar...
Só com amor.
Esse amor que arde e doí, que esmaga e destrói, que amarga e corroí, ao mesmo tempo que constrói memórias, afagos, desejos incompreendidos, em templos feridos da longínqua história.
Renasci uma e outra vez, voltando aos mesmos sítios e recantos, buscando os mesmos caminhos, os mesmos cheiros, beijos inteiros, de pequenos trechos melodiosos.
Varias foram as cantigas, antigas, que me pertenceram, te pertenceram, nos pertenceram.
E sem saber, se tornaram inesquecíveis.
Filipe Vaz Correia