25.07.18
Estes incêndios na Grécia trazem à memória a tragédia de Pedrogão Grande que em 2017 devastou toda a alma deste nosso povo.
Imagens turvas repletas de fumo, de dor, de ardor, de lágrimas salgadas misturadas com esse mar que banha aquelas ilhas Gregas.
Tristeza marcada em rostos de Pais que perderam Filhos, de Maridos que viram desaparecer suas Mulheres, gente que se perdeu de outros, com quem por um momento havia cruzado o seu olhar.
Descrições de desespero, sendo desespero uma palavra desesperadamente curta para precisar o que ninguém deverá conseguir imaginar.
Imagens de horror, silencioso vazio, após esse terror marcadamente laranja, sufocantemente abrasador numa destruição sem palavras.
Jovens e Velhos...
Olhares vazios, sem saberem contar o que não deveria ser contado, sem saberem explicar o que não tem explicação.
Nas ruas, nas estradas, nas suas casas, nas praias...
Em todos os lugares o fogo ceifou vidas, tiranamente passou roubando sorrisos e sonhos, amores e amizades, histórias eternamente perdidas que jamais se voltarão a ouvir...
Na Grécia ou em Pedrogão Grande, sobrou a noção do quão pequenos somos, em confronto com essa fúria da natureza que é capaz de num instante aprisionar tantos destinos num só pedaço de vento, de fogo, de morte.
No berço da história ocidental moderna ecoam os sinos do Olimpo, fazendo notar as lágrimas de todos esses impotentes Deuses que acompanham Zeus...
Num desesperante grito de tristeza.
Filipe Vaz Correia