10.05.18
Todas as estrelas caídas no chão, transformadas em pedra da calçada, sem brilho, sem luz, sem vida...
Todas as estrelas do céu se desprenderam, perderam as invisíveis asas que as sustentavam ali em cima, no alto dos sonhos, tão perto de Deus.
O vento intensificava a sua vontade, arremessando a saudade de um brilho que se esfumou, extinguiu.
A escuridão abraçava o horizonte, carregando de desesperança o olhar de todos, os que sem pressa, se afundavam no breu...
Num breu desesperante que insistia em arrancar dos silêncios, o injustificado sentido desse destino.
Caminhei por entre esse silêncio, por entre tantas estrelas mortas, mortificadas, esquecidas desse sentido que outrora parecia eterno.
Como não chorar, deixando que dentro de mim se liberte a inesperada razão, para que continue a bater esse coração meu, perdido por entre as estrelas que insisto em descrever...
Por entre o brilho ausente que insisto em referir...
Por entre essa estranha dor que aumenta sem parar, que não pára de aumentar, que desmedidamente me sufoca sem silenciar o grito surdo de tamanho abismo...
Como?
Caminhei sem olhar para trás...
Como se lá atrás, ficasse guardada eternamente a mágoa, a indiferença de erros e contradições, de desejos perdidos, perdidamente apaixonantes.
Nada poderia mudar, nem o brilho das minhas estrelas resgatar...
Nada.
Continuei a caminhar, olhando para o céu, despido de tudo, coberto de nada, dos tamanhos nadas que constroem esta história...
Tantas historias que ficando por escrever, poderiam aqui encaixar.
Talvez um dia o meu céu volte a brilhar, a ter estrelas nele a cintilar, mas até lá...
Vou continuar a sonhar.
Filipe Vaz Correia