04.12.19
Tinha tantas coisas para te escrever...
Tantas e ao mesmo tempo nenhuma, num viajar disfarçado pelas estradas mais sofredoras do destino.
Palavras e mais palavras, esvoaçando ao vento, sem rumo nem destino, desatinadamente desprendidas dessa realidade que esventra e separa, que se atreve a calar, vezes sem conta, os desenhos mais entrelaçados de uma alma desapegadamente voadora.
Foi de traço ténue que pincelei cada pedaço dessa tela que para ti soletrei, nesse soletrar devagarinho que se tornou pintura, aguarela esborratada de uma noite de verão.
O céu azul, tão límpido e sereno, parece não antecipar cada toque entre nossas mãos, cada beijo escapado, sorrateiramente escapado, cada vontade amarrada nesse presente ausente, ansiosamente esperado.
No olhar...
Nesse olhar se perdeu, sem aviso, cada promessa de eternidade que fizemos, cada entrelaçado pedido, perdido, de um cântico intemporal.
Nada mais se pode pedir...
Ao som de uma melodia vai sobrando esse contemplar de cada promessa de amor que ficou para trás, de cada segundo de ardor que misturadamente no coração se eternizou.
Sei bem que o amor tem os seus encantos, recantos de espantos, por vezes cantos, outras vezes prantos, num desalinhado acreditar que impossibilita a escrita de o descrever.
E assim, sonolentamente se vai escondendo o sol, timidamente se despedindo desse momento, dos seus momentos, dos nossos, num viajar constante e irreverente, tal e qual cada pedaço dessa nossa abreviada canção.
E nem que seja uma vez mais, voltarei a deixar tocar tal melodia, numa despedida sentida de cada cheiro e sabor, nesse arrepiante tocar da alma.
Até um dia Amor!
Filipe Vaz Correia