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Caneca de Letras

04.12.19

 

Tinha tantas coisas para te escrever...

Tantas e ao mesmo tempo nenhuma, num viajar disfarçado pelas estradas mais sofredoras do destino.

Palavras e mais palavras, esvoaçando ao vento, sem rumo nem destino, desatinadamente desprendidas dessa realidade que esventra e separa, que se atreve a calar, vezes sem conta, os desenhos mais entrelaçados de uma alma desapegadamente voadora.

Foi de traço ténue que pincelei cada pedaço dessa tela que para ti soletrei, nesse soletrar devagarinho que se tornou pintura, aguarela esborratada de uma noite de verão.

O céu azul, tão límpido e sereno, parece não antecipar cada toque entre nossas mãos, cada beijo escapado, sorrateiramente escapado, cada vontade amarrada nesse presente ausente, ansiosamente esperado.

No olhar...

Nesse olhar se perdeu, sem aviso, cada promessa de eternidade que fizemos, cada entrelaçado pedido, perdido, de um cântico intemporal.

Nada mais se pode pedir...

Ao som de uma melodia vai sobrando esse contemplar de cada promessa de amor que ficou para trás, de cada segundo de ardor que misturadamente no coração se eternizou.

Sei bem que o amor tem os seus encantos, recantos de espantos, por vezes cantos, outras vezes prantos, num desalinhado acreditar que impossibilita a escrita de o descrever.

E assim, sonolentamente se vai escondendo o sol, timidamente se despedindo desse momento, dos seus momentos, dos nossos, num viajar constante e irreverente, tal e qual cada pedaço dessa nossa abreviada canção.

E nem que seja uma vez mais, voltarei a deixar tocar tal melodia, numa despedida sentida de cada cheiro e sabor, nesse arrepiante tocar da alma.

Até um dia Amor!

 

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

07.05.19

 

 

 

Onde se escondem as certezas;

Que outrora povoavam a minha alma,

Aquelas incertas purezas,

Que me fizeram ver o que nunca existiu...

 

Onde se perdeu;

O que nunca foi encontrado,

Aquele pedaço que morreu,

E não pode ser recordado...

 

Pois que sirva de lição;

Ao doce coração,

Para que jamais volte a confiar,

Num entrelaçado fiar,

Despido de sentir...

 

E então voltará a sorrir;

Talvez até a amar,

Esse pequeno coraçãozinho,

Carregado de ternura.

 

 

10.11.17

 

Para quem achava que a Web Summit não teria grande importância, aqui fica uma das mais relevantes revelações destes dias:

A Uber Air, experimentalmente em 2020 e plenamente a funcionar a partir de 2023.

Ora bem:

Não bastava aos taxistas, o facto destes tipos da Uber não pagarem o mesmo tipo de impostos, serem uma espécie de concorrência desleal, segundo os seus Sindicatos,  para ainda por cima, agora ameaçarem voar.

Não bastava o asseio dos carros, os motoristas engravatados, a rapidez e afabilidade, para agora os malandros quererem invadir os céus...

Em plena hora de ponta, hesitarão os clientes entre o eixo norte-sul ou o deslizar pelos céus de Lisboa?

Neste tipo de mundo tecnológico, é caso para dizer:

Qualquer dia, voar não será mais do que uma mera trivialidade corriqueira, com os céus pejados de mini veículos, cruzando incessantemente o horizonte.

O futuro a chegar e ninguém avisava os nossos Taxistas...

Ainda bem, que cá tivemos a Web Summit.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

15.10.17

 

 

 

Uma porta fechada;

Tantas outras por abrir,

Um caminho, encruzilhada,

Destino por descobrir,

Vontade determinada,

De viver...

 

Pelos olhos adentro;

Vai irrompendo a curiosidade,

Medos e magoas,

Machucada felicidade,

Estradas esburacadas,

Denominada idade...

 

Sempre o tempo a correr;

E tantas as portas que ficaram para trás;

Memórias por esquecer,

Caras meio nubladas,

Dos que perdemos...

 

Tantas as portas;

Tantos os caminhos,

Na tamanha viagem de uma vida.

 

 

25.09.17

 

 

 

Silêncios ruidosos;

Ruidosos vazios,

Vazios repletos,

De repletos desafios,

Desafiando inquietos,

Inquietos arrepios,

Arrepiantes e incertos,

Como lágrimas num rio,

Que corre desperto,

Desaguando sobre a tristeza,

Que não desejo calar...

 

Vai então caminhando;

Pelo caminho o tempo,

A dor serenando,
Afagando o tormento,

Aquela saudade disfarçando,

Acalmando o sofrimento,

Discretamente viajando,

Através da alma...

 

Sempre a alma;

Somente a alma,

Intensamente a alma,

Que me pertence,

Mas que eternamente,

Será também,

Tua.

 

 

 

 

05.06.17

 

 

 

Tantas as estrelas no céu;

No infindável mergulho da minha vida,

Nas histórias guardadas em mim,

Na memória esquecida,

Que acompanha sem fim,

A minha alma...

 

Tantas as lágrimas por contar;

As alegrias e as aventuras,

Os momentos a recordar,

De agruras ou ternuras,

Aprisionadas nesse passado...

 

Tantas as pessoas que perdi;

Neste caminho para a velhice,

Os que lembrando, esqueci,

Desde a minha meninice....

 

E neste trajeto de ilusão;

Por entre o amor e a desilusão,

Esperando chegar a esta conclusão,

Amarrada ao meu coração...

 

De que valeu a pena;

Esta viagem.

 

 

09.04.17

 

No fundo do mar, descubro um mundo impregnado de magia, de poesia perdida em cada coral, em cada barco naufragado, em cada planta aquática, em cada recanto escondido do nosso terrestre olhar...

Prendo-me sem senãos, sem receios de me perder por aqueles caminhos que parecem não ter fim, diante daquele horizonte azul, daquela imensidão sem fim, que nos parece abraçar, acolher e convidar a ali permanecer, para nunca mais partir.

Ali no fundo do oceano, o silencioso ruído, daquele ruidoso silêncio que nos inebria, como uma dança contemporânea, num qualquer palco, de uma qualquer cidade europeia...

As luzes que não existem, as cores que nos invadem, os animais que nos observam respondendo com os seus olhares ao nosso curioso olhar.

Como é belo, este novo mundo...

Como flutuo no fundo daquele oceano, sem verdadeiramente flutuar, como deslizo, sem que realmente deslize, como me sinto solitário, sem que na verdade, sozinho ali esteja...

O tempo ausenta-se, desaparece, deixa de ser prioridade, pois tudo corre como deve, como se supõe, por entre a leveza existente em cada momento de calmaria, que sorri debaixo daquele mar.

Fecho os olhos por um momento, esse instante, segundo, onde me sinto um peixe mais, ou melhor, um mamífero, como um golfinho, serpenteando devagar, bailando numa espécie de vontade que se apodera, sem nos largar, sem nos abandonar, de não mais regressar.

E nesse vai-e-vêm, sinto um toque no meu ombro, o sinal para subir para o barco que nos esperava, terminando aquele sonho, tão intenso e real, que me fez acreditar por um momento que seria possível ali pertencer...

Subi...

Continuei a subir, deixando para trás as minhas lágrimas salgadas, misturadas com aquele pedaço de mar, que por um momento também foi meu...

Também me pertenceu.

 

 

Filipe Vaz Correia

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