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Caneca de Letras

16.04.21

 

 

 

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Diz-me o que vês, sem medo de sentir, sem receio de querer, sem nada a temer, como se nada importasse ou nenhum vislumbre de temor ganhasse cor, por entre, o céu azul despido que se impõe no horizonte.

Diz-me...

Palavras que ganham força na expressão ensaiada, sem barreiras, artimanhas, arte e manhas, contradição constante que se aprisiona no fundo do sentir inquieto, desse inquietante sentir que amolga e esventra, grita e ensurdece, se perde e se esquece.

Nas entrelinhas, entre copos, vão ganhando vida as pinceladas de cada passo, pegadas, marcadas na caminhada, por essa entrelaçada estrada sem sentido...

Tamanhos sentidos num vai e vem que confunde mas amarra, descobre e aperta, seduz e apega.

Beijos em nuvens, sorrisos em ondas, vagas de abraços no meio de sonhos, peças perdidas que se atrevem a contar pequenas partes não vividas, pedaços de mim que não esqueci, não sabendo que já vivera.

Sabes lá...

Na expressão maior de um conto, vão escorrendo pelo rosto lágrimas que não sabia me pertencerem, mágoas despidas que não sabia feridas, amarguras de inéditas aventuras que julgava pertencerem a outro olhar, num outro lugar, sem medo de amar, sem receio de voltar, de voltar a mergulhar nesse mar...

Que afinal também me pertence.

Ruas e ruelas, estranhas vielas, doces encontros com sabor a canela que marcam eternamente a solitária pena que vos escreve.

Diz-me só mais uma vez, onde se perdeu cada vírgula desta história que regressa a mim, em mim, de ti.

Diz-me se será amor esta espécie de odor que me invade em cada sonho, a cada  desgosto medonho que sorri do outro lado do querer.

Tantas coisas para dizer, por dizer, que querendo dizer permanecerão nessas entrelinhas que se tornaram sua casa...

Pedaço de asa onde, por vezes, se atreve a voar.

Diz-me então se sabes voar, pequeno, retrato de outrora.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

29.09.19

 

Silêncios e vazios;

Desaguando repetidamente,

Vazios rios,

Secando secamente,

Por entre desvarios,

Que gritam insanamente,

Ao luar...

 

Onde te escondes lua?

Triste tristeza,

Dançando nua,

Na firme certeza,

De que não será tua,

Essa intensa beleza,

Que se despedirá...

 

Vai passando sem parar;

Esse tempo,

Num corrupio, viajar,

Caminhando num tormento,

Até se acabar,

Num segundo ou firmamento,

A palavra a soletrar...

 

Soletro uma vez mais;

E mais uma vez soletro,

Desesperançadamente diante do espelho...

 

Quem sois velha imagem?

Quem sois?

 

 

 

27.08.19

 

Sobe e desce sem parar;

Como se tratasse de uma montanha russa,

Num instante a viajar,

Por entre a entrelaçada angústia,

Nessa espera a esmagar,

O que sobrou da velha astúcia...

 

Sempre em busca desse encontro;

Desconhecido ou por saber,

Já descrito por reencontro,

Desencontrada forma de sofrer...

 

Sobe e desce sem parar;

Nessa estrada repleta de letras,

As palavras a soletrar,

As incertas partes de um poema.

 

 

17.07.19

 

Diz-me o que vês, sem medo de sentir, sem receio de querer, sem nada a temer, como se nada importasse ou nenhum vislumbre de temor ganhasse cor, por entre, o céu azul despido que se impõe no horizonte.

Diz-me...

Palavras que ganham força na expressão ensaiada, sem barreiras, artimanhas, arte e manhas, contradição constante que se aprisiona no fundo do sentir inquieto, desse inquietante sentir que amolga e esventra, grita e ensurdece, se perde e se esquece.

Nas entrelinhas, entre copos, vão ganhando vida as pinceladas de cada passo, pegadas, marcadas na caminhada, por essa entrelaçada estrada sem sentido...

Tamanhos sentidos num vai e vem que confunde mas amarra, descobre e aperta, seduz e apega.

Beijos em nuvens, sorrisos em ondas, vagas de abraços no meio de sonhos, peças perdidas que se atrevem a contar pequenas partes não vividas, pedaços de mim que não esqueci, não sabendo que já vivera.

Sabes lá...

Na expressão maior de um conto, vão escorrendo pelo rosto lágrimas que não sabia me pertencerem, mágoas despidas que não sabia feridas, amarguras de inéditas aventuras que julgava pertencerem a outro olhar, num outro lugar, sem medo de amar, sem receio de voltar, de voltar a mergulhar nesse mar...

Que afinal também me pertence.

Ruas e ruelas, estranhas vielas, doces encontros com sabor a canela que marcam eternamente a solitária pena que vos escreve.

Diz-me só mais uma vez, onde se perdeu cada vírgula desta história que regressa a mim, em mim, de ti.

Diz-me se será amor esta espécie de odor que me invade em cada sonho, a cada  desgosto medonho que sorri do outro lado do querer.

Tantas coisas para dizer, por dizer, que querendo dizer permanecerão nessas entrelinhas que se tornaram sua casa...

Pedaço de asa onde, por vezes, se atreve a voar.

Diz-me então se sabes voar, pequeno, retrato de outrora.

 

 

Filipe Vaz Correia

15.06.19

 

 

 

Quando se enterra algo que nos é querido, tão querido que nos custa respirar, sobra sempre um pedaço de amargura amarrada à incerta certeza do inevitável adeus.

Essa presença presente do que jamais voltará a ser vivido ou que outrora se desejava realidade, vai se diluíndo no tempo, diluíndo cada parte escrevinhada nas páginas, outrora, em branco...

Talvez esse doer arda mais por isso mesmo, por essa certeza que sendo agora finita, não deixou de ser o que mais importava.

Nessa dicotomia vive a dor, a ardente sensação de tristeza, repetidamente aterradora e cerceadora.

Tanto tempo passado, marcas indeléveis de um querer tão intenso e desmedido, um sentir maior que esmagava o pensamento, abraçava o olhar, guardava por si mesmo todos os instantes numa singela aguarela à beira-mar.

Ainda pulsa esse querer, talvez amor, mas já não flui da mesma maneira, da mesma ingénua forma.

O coração aprendeu a se defender, apercebendo-se da solitária penumbra de tamanhos afectos, recusando a alfinetada permanente, nesse ausente mundo que tardou em chegar.

Por entre palavras e silêncios, sonhos apagados, gestos que se estimaram, se perderam os retratos da memória, os escrevinhados dessa história, as verdades tão sinceras como intensas.

É nesse fim que fica o medo, medo desse vazio que sobra após esse nada que ameaça sobressair no lugar de um desmesurado amor, no entanto, não se encontra rancor, mágoa ou ressentimento...

Talvez indiferença, esforçada indiferença que alcança cada momento, cada passo dado de forma insegura.

A vida continua, o mundo caminha e nós ficaremos por aqui...

Para lá deste epílogo, sobram lágrimas, a triste constatação de tamanho texto, de letras e frases soletradamente inquietas, na certeza de que amanhã o sol brilhará, o mar voltará a partir e chegar, numa dança permanente, sorridentemente provocadora.

E o escrevinhador voltará a escrever, a sorrir, a escrevinhar outra vez o pulsar do seu coração.

E esse coração voltará a ousar sentir e voar...

Sem medo de voltar a cair.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

 

12.06.19

 

 

 

Existem notícias que sinceramente são surpreendentes...

Ou talvez não!

Segundo vários jornais, o turismo tem aumentado exponencialmente em Chernobyl, zona Ucraniana que há cerca de 30 anos assistiu ao maior desastre nuclear da História da Humanidade.

Turismo?

Sim... Turismo!

Segundo as mesmas fontes essa procura tem crescido devido ao sucesso da série da HBO com o mesmo nome, Chernobyl, potenciando assim a curiosidade de vários turistas.

Permitam-me discordar...

Estas pessoas viajam para uma zona, ainda hoje, com altas taxas de radiação, ignorando em vários casos avisos de proibição, na desesperada busca por uma selfie iluminada que lhes poderá valer uns likes no Instagram.

Este tipo de atitude não tem a ver com interesse Histórico, é apenas a constatação da estupidificação humana, esse lado imbecil de uma afirmação através de uma fotografia, de uma partilha da sua própria estupidez.

Sinais dos tempos?

Sinceramente, julgo que aqueles turistas que regressem de Chernobyl imaculados, com a saúde intacta, deveriam logo comprar mais um pacote de viagem...

Não perder tempo e partir rumo a Fukoshima, onde as radiações estão mais "fresquinhas", capazes de excitar os acéfalos de plantão.

Não percam tempo...

O Instagram vos aguarda.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

09.04.19

 

 

 

Cinco dedos da minha mão, 

Na tua mão...

 

Uma secreta solução,

Num toque de ilusão,

De carinho e sedução,

Desenhando o que a imaginação,

Soletrava ao coração,

Numa querença ou sensação,

Que não finda...

 

Podes não compreender;

O que rima na poética poesia,

Evitar perceber,

Essa doce melodia,

Que permanece como maresia,

Em cada desmedido querer,

Que nasce ao raiar do dia,

De um eterno amor...

 

E em cada verso;

 Somente inverso,

Se imortaliza,

Nesse pedaço de mim,

Que faz parte de ti,

Num entrelaçado nós...

 

Tão simples;

Tão singelo...

 

Nosso.

 

 

31.08.17

 

 

 

A areia do deserto;

Vai guardando as angustias,

Vai passando o tempo incerto,

Incertas dúvidas,

Adormecidas...

 

O silêncio do deserto;

Ruidoso vazio,

Vai escondendo os segredos,

Num imenso rio,

De areia...

 

A solidão do deserto;

Abraçando a alma viajante,

Vai disfarçando a dolorosa,

Caminhada errante,

Que nos invade...

 

A beleza do deserto;

Na sua gigantesca imensidão,

Contrasta imensamente,

Com o bater de um coração,

Que ali se perde,

Num reencontro,

Com as estrelas do destino...

 

E sozinho;

Contemplando esse deserto,

Só meu...

 

Amarro o tempo,

Ao pensamento,

A vontade,

À saudade,

A crença,

À esperança...

 

Naquele deserto;

Só meu...

 

 

 

 

Mar

26.08.17

 

Os rituais repetem-se como um jogo de imagens que frequentemente reaparecem, num misto de recordações que ao sol me parecem preencher.

Os mesmos cheiros, as mesmas vozes, o mesmo rebuliço de verão.

Sinto-me outra vez criança, se é que algum dia o deixei de ser...

O sabor do verão sempre teve em mim essa espécie de nostalgia de algo que por vezes me inquieta, noutras vezes me serena e outras ainda me agita como se estivesse permanentemente a navegar.

O mar exerce em mim essa expressão maior da alma, uma agitação intrínseca que não consigo descrever.

Faz parte de mim, pertence-me, assim como, a ele pertenço.

Esta atracção que me acompanha desde a meninice, reporta-me ao olhar ternurento de minha mãe, aos ensinamentos de meu pai e a essa saudade infindável de tempos que fugiram.

No meio do mar, entrelaçado com a água salgada desse mar imenso que me aguarda, voo na imensa viagem da minha vida.

E com ela, de todos aqueles que guardo na alma.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

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