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Caneca de Letras

20.01.17

 

Antes de mais queria pedir desculpa a todo o elenco desta série portuguesa, especialmente ao Fernando Mendes, Rosa do Canto e Carlos Areias, mas não posso deixar de escrever sobre as semelhanças entre a ficção nacional e a triste realidade Americana.

Quando hoje me preparava para escrever no Caneca, pensava como poderia abordar este momento tão marcante para os USA e para o mundo e tantas ideias me assolaram a mente, num misto de saudade e susto perante este passado ainda presente e o futuro que se aproxima...

No entanto, sentado diante da minha televisão, vendo as muitas reportagens que circulam pelos canais de informação sobre o Sr. Trump, não pude deixar de ter esta visão que me fez regressar à minha infância:

Os salões de casa de Mr. Trump, na Trump Tower em Nova Iorque.

Admito que me feriu o olhar, pouco preparado para tamanhos dourados, tamanhos cristais, tamanha ostentação bacoca.

Por momentos pensei estar ali, naqueles episódios de "Nós os Ricos".

Será que Donald Trump se terá inspirado nesta série portuguesa para decorar os seus salões?

Ou qual Luis XIV, tentou transformar aquele espaço numa espécie de Galeria dos Espelhos, do Palácio de Versailles?

Em qualquer dos casos isso dirá muito do dito senhor, pois no primeiro exemplo tentava-se ridicularizar precisamente este género de bimbos ou labregos, como preferirem, e no segundo a Galeria dos Espelhos só faz sentido no local onde foi construída...

O Palácio de Versailles.

Fora destes casos este cenário torna-se parte integrante da personagem que o ostenta e descreve na perfeição a personalidade do mesmo.

Trump é isso mesmo, um pequeno pedaço de intelecto, forrado a dourado e repetindo vezes sem conta as banalidades odiosas que pensa lhe poder assegurar a tão preciosa popularidade...

Por isso mesmo é tão perigoso para todos nós, que alguém assim, seja Presidente dos Estados Unidos da América do Norte...

Para nós e para o mundo.

Assim, perdido entre as repetições reluzentes daquele cenário de tão mau gosto, uma dúvida me atormenta e persegue:

Se Marcelo Rebelo de Sousa é o Obama português, como muitos escrevem, será que estaremos destinados a ter nas próximas eleições, Fernando Mendes como Presidente da República?

Bem, vou mudar de canal para ver se os Simpsons me poderão responder a esta curiosidade, esperando verdadeiramente, que o Homer tenha piedade de nós.

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

24.12.16

 

Há mais de 30 anos que deixei de acreditar no Pai Natal...

Deixei de crer nessa fábula cheia de magia, nesse homem de barbas brancas, barrigudo, que durante a noite de Natal, percorre o mundo no seu trenó, puxado por renas trabalhadoras, descendo chaminés, para que nenhum menino fique sem os presentes por que tanto haviam sonhado, durante o ano.

Acreditava tanto nesse mágico mundo, que ficava acordado tentando espreitar pela porta da cozinha, na casa da minha Tia em Santa Luzia, na esperança de poder vislumbrar esse herói que povoava a minha tenra mente.

Nada era mais encantador que este pensamento, deste velhinho barbudo e os seus Duendes, trabalhando todo o ano para que naquela noite, todos os meninos do mundo tivessem direito à sua pequena parte de felicidade.

Como qualquer criança, existe um dia em que somos confrontados com essa imensa desilusão, com essa realidade que esventra o sonho e nos desperta para a racionalidade que povoa o mundo dos crescidos...

Dos adultos.

O Pai Natal não existe!

Frase chocante porém verdadeira e que nos faz deixar de sonhar...

Assim cresci, senti-me adulto, já não uma criança, pois havia ultrapassado aquele conto para meninos pequenos.

Assim se passaram trinta anos, a contar a mesma história a sobrinhos, a ver crianças a passar pelo mesmo sonho irrealista...

Mas a serem felizes.

Até que um destes dias, na minha televisão o Pai Natal apareceu...

Um homem de barbas longas e brancas, despido do seu fato encarnado, de lágrimas nos olhos e com uma história para contar:

Morrera o seu Duende mais querido...

O número um.

Um menino de cinco anos, que agonizava na cama de uma unidade hospitalar, pedindo a presença do Pai Natal...

E ele chegou.

Eric Schmitt-Matzen, o nome do Octogenário que se abeirou da cama daquela pequena criança, moribunda e que através daquela imagem sentada na beirinha do seu leito, voltava a sorrir.

O medo de não saber para onde iria, passara, o receio dessa famigerada morte que certamente inquietava o seu coraçãozinho, amenizava, a esperança de um encontro há muito desejado ganhava vida.

Num último abraço, aquele Pai Natal acolhia no seu regaço toda uma vida, curta, passageira, mas a esperança e alegria que este mesmo abraço representava era maior do que os medos, o tempo, o sonho...

Era maior que tudo!

Naquele instante o menino soube, através dos seus olhos e do seu coração que o Pai Natal existia, era real, estava ali com ele.

Assim morreu, acochegado por aquelas longas barbas brancas, daquele homem que muitos dizem não existir.

Para trás, ficavam as lágrimas que escorriam pelo rosto daquele velho homem, que descera a chaminé daquele hospital, para trazer um pouco de magia a um cenário carregado de tristeza.

Através destas imagens, das palavras de Eric, também eu voltei a acreditar, a ter essa certeza...

O Pai Natal existe e estava ali diante dos meus olhos.

Pois só o Pai Natal poderia ter uma história destas para contar.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

10.11.16

 

9 de Novembro de 2016, ficará marcado na minha mente como o dia da revolução americana...

Nada ficará igual depois destas eleições, deste medíocre combate disputado entre Hillary e Trump.

As duas faces de uma América, centro do mundo ocidental, que nunca estiveram tão extremadas, distantes, antagónicas, muito por culpa de um discurso populista, xenófobo e sexista levado a cabo pelo candidato republicano.

Este retrato que não é virgem neste mundo em que hoje vivemos, o Brexit, a ascenção de Marine Le Pen, deixa a todos os líderes políticos que comandam as democracias mais evoluídas, um desafio que não poderá ser adiado:

Mudar o paradigma ou vacilar perante os novos populismos que crescem entre os mais necessitados e excluídos de cada um destes países.

A economia terá de ser colocada ao serviço das pessoas, das suas necessidades, o investimento terá de ser suficiente para alavancar novos sonhos, uma nova esperança que ultrapasse a ditadura do défice que cada vez mais sufoca e mina a confiança das pessoas nesse sistema em que todos vivemos:

A Democracia.

Donald Trump prometeu excluir muçulmanos, construir um muro, deportar 11 milhões de pessoas, mudar a face da NATO, destruir o acordo da NAFTA, destratou Latinos e Mulheres e ainda desvalorizou a importância das alterações climáticas...

Independentemente de tudo isto, venceu.

O medo e o ódio venceram aqueles que acreditavam, como eu, que seria impossível uma mensagem como esta, vencer na terra da liberdade, na democracia mais importante do mundo, deixando no ar uma tempestade que ameaça estremecer os alicerces que há muito nos habituámos a ter como sólidos e seguros na nossa sociedade ocidental.

Hillary perdeu, enleada pelos escândalos que a rodearam, pela falta de carisma e confiança que sempre a perseguiram e que já em 2008 a haviam levado á derrota nas primárias Democratas.

Uma aprendizagem para o partido Democrata, pois nem sempre o candidato da estrututra, do status quo é o mais indicado, como também Obama havia demonstrado no mesmo ano de 2008.

Assim cheio de dúvidas e interrogações, olhando para as nuvens que se instalaram nos Estados Unidos, para aquelas que antevejo se dirigirem para Paris ou Berlim em 2017, aquando das eleições nesses países, rezo para que neste século XXI os anos 20, 30 e 40, não voltem a ser tão trágicos, populistas e demagógicos como aqueles que o mundo viveu nas mesmas décadas do século passado.

 

Nunca como agora esta frase foi mais apropriada:

God Bless América e já agora todos nós.

 

Filipe Vaz Correia

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