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Caneca de Letras

31.10.19

 

Estive no Blog do Triptofano, um estimado amigo deste mundo “Sapiano”, onde muitas vezes encontramos humor à solta, “repastos” de tirar o folgo ou as mais inusitadas histórias do quotidiano.

O “nosso” Triptofano é farmacêutico, o que lhe permite andar sempre muito bem informado sobre todas as novidades...

Desta vez escreveu-nos sobre o auto-exame do HIV em farmácia.

Incrível!

Um pequeno teste, vinte minutos de espera et voilá...

Ali se desnudam dúvidas e medos, viagens por entre pesadelos imaginados, saltos e ressaltos desta vida louca.

Parece impossível como em 20/30 anos tudo mudou, tudo se transformou num retrato diferente, menos pincelado de preto e escuridão, com mais verde e esperança.

A Sida deixou de ser uma sentença de morte no mundo ocidental, embora continue a matar, carregando ainda consigo estigmas e preconceitos por esse mundo a fora.

No entanto, não pude deixar de me recordar de um dos poetas que mais me marcaram, um dos que mais gostei de ler, de sentir, de escutar...

Cazuza!

Como tudo mudou...

O que teria ainda escrito Cazuza se fosse vivo?

Que palavras escapariam da sua alma para o papel, invadindo as estrelas cantadas nas mais variadas melodias?

 Os Ignorantes serão mais felizes, eles não sabem quando vão morrer, eu não!

Eu sei que tenho um encontro marcado.

As pessoas esquecem o que precisam fazer, eu não posso me dar a esse luxo.

Faço tudo caber nos meus próximos poucos dias.

Todas as ideias que eu teria, as pessoas que eu conheceria, o que ainda fosse cantar...

Estou grávido mas não posso esperar!

O tempo não pára e a gente ainda passa correndo, eu fiquei aqui tentando agarrar o que eu puder...

Ando fraco, tem um mundo ao redor que a gente nem percebe.

Tô ficando magro e pequeno para as minhas roupas, sinto que estou reunindo as minhas coisinhas, me concentrando...

Se eu pudesse guardava tudo dentro de uma garrafa e bebia tudo de uma vez!

Penso no que vai ficar de mim.... Eu, só sei insistir!

Cazuza

Tanto tempo, tão pouco tempo, entrelaçado tempo que separa estas palavras, que se distancia desta sentença de morte arrancada de uma desmesurada desventura.

Uma carta de despedida, tão intensa como frágil, tão grandiosa como singelamente ferida de timidez, nesse entrelaçar de palavras poéticas.

A Sida levou o poeta mas jamais conseguiu apagar a dimensão das suas palavras, da sua poesia.

Até sempre, Poeta...

 

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

 

24.07.19

 

Aderi ao Instagram...

Isto para o comum dos cidadãos não é motivo de comemoração, no entanto, para este escrevinhador é um feito e tanto.

Aderi sozinho, publiquei sozinho e ainda hoje não sei como o fiz.

O meu primeiro amigo foi o inestimável Triptofano sempre presente, sempre imprescindívelmente simpático.

Se vos disser que ainda não percebi como o fiz, talvez não acreditem, no entanto é a pura verdade...

Puríssima.

Lá estão duas fotografias, com uma preciosa legenda, talvez não, sem hastag pois ainda não percebi como isso funciona.

Mas caminhando, lá vai o Caneca de Letras, inovando aos soluços, lutando com a inovação, os inovadores arrepios da tecnologia.

canecadeletras no Instagram...

Acho que é isto.

E assim continuo Canequiano, sem parar, buscando o próximo destino.

Talvez o Twitter...

Para Canequiar com o Senhor Donald Trump.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

14.03.19

 

 

 

Mulher: O Eterno Objecto

 

Depois de ver os programas actuais da televisão nacional que tem como finalidade o casamento não pude deixar de pensar na cerimónia em si, e infelizmente constatei que a mulher sempre foi vista mais como um objecto, e que por mais que queiramos mentir a nós mesmos e pensar que a sociedade está mais avançada a verdade é que não está!

Já alguma vez se questionaram porque é que a noiva no dia do casamento entra na Igreja acompanhada por um homem, seja o seu pai, padrasto, irmão ou mesmo em alguns casos do filho?

 

Podem pensar que é uma tradição amorosa e fofinha, só que antigamente as mulheres eram propriedades dos homens, e em algumas sociedades havia mesmo o dote, que era um preço que o noivo pagava aos pais da mulher de forma a adquiri-la.

 

O entregar a mulher no dia do casamento não é mais do que uma espécie de escritura imobiliária, onde um homem transfere a autoridade e propriedade a outro homem.

 

E desenganem-se se acham que não há muitos homens que quando trocam alianças não pensam que adquiriram direitos ilimitados sobre o corpo, a mente e a alma do objecto com que casaram, objecto esse que só por acaso não é inanimado e responde pelo nome de noiva.

 

As mulheres deviam preferencialmente entrar sozinhas, de cabeça erguida, mostrando que casam porque querem, e que também se for preciso descasar que não vão ter medo de o fazer, que não vão aturar abusos, desrespeitos, que não são cadelas amestradas levadas à rua com trela curta.

 

As mulheres deviam mandar à fava essa história da tradição e porque é bonito e é assim que se vê nos filmes e pegar nas rédeas da sua vida.

 

Mandarem uma mensagem clara aos homens que um relacionamento é como os carris de um comboio, lado a lado, sempre à mesma distância, para evitar descarrilamentos com mais ou menos feridos.

 

E aquelas que mesmo assim ainda vão choramingar ao ler este texto porque querem ter desde meninas o seu dia de princesa, a essas só tenho a dizer que deviam era sim ambicionar uma vida de rainhas, de imperatrizes, de chefes de estado.

 

As mulheres não são nem devem nunca ser tratadas como um objecto, mas são também as mulheres as primeiras que devem largar as âncoras que as impedem de navegar a toda a velocidade, mesmo que por causa disso as considerem revolucionárias feministas.

 

Se na época dos Descobrimentos nunca tivéssemos sequer construído uma nau como é que quereríamos ter descoberto metade do mundo?

 

 

Triptofano

 

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