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Caneca de Letras

16.08.18

 

É tudo horrível...

Um tenebroso sentir quando aquelas imagens invadem a televisão e amordaçam a nossa voz, sufocam o nosso olhar, aprisionam o nosso coração.

Aquela tragédia em Génova, capta medos e desesperos, traz tristeza e solidariedade, recorda a cada instante o quão pequenos somos.

Uma ponte que colapsa num segundo e nesse segundo transforma a vida em nada, vidas em nadas, como se esse nada a que me refiro, fosse o fim de um tudo que até àquele instante fazia sentido...

Somente fazia sentido, sentindo que aquelas vidas tão novas e tão velhas, de filhos e pais, maridos e mulheres, amigos e conhecidos, almas solitárias...

Somente fazia sentido nesse desesperante instante em que tudo deixou de o fazer.

No fim de todo este horror, começam a dar nomes e rostos às vitimas, àqueles que morreram na tragédia de Génova e é aí que se apercebe a distante alma da desmedida tragédia.

Vendo os rostos daqueles que partiram, vendo o olhar dos que cá ficando perderam um pedaço de si mesmos, da dor transformada em gente, no rosto de um sem numero de pessoas.

Quando se dá nomes e rostos aos números, tudo parece ser ainda mais cruel, mais horrível, mais destruidor, mais intimidante...

Simplesmente porque os rostos da tragédia são precisamente iguais a qualquer um de nós.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

25.07.18

 

Estes incêndios na Grécia trazem à memória a tragédia de Pedrogão Grande que em 2017 devastou toda a alma deste nosso povo.

Imagens turvas repletas de fumo, de dor, de ardor, de lágrimas salgadas misturadas com esse mar que banha aquelas ilhas Gregas.

Tristeza marcada em rostos de Pais que perderam Filhos, de Maridos que viram desaparecer suas Mulheres, gente que se perdeu de outros, com quem por um momento havia cruzado o seu olhar.

Descrições de desespero, sendo desespero uma palavra desesperadamente curta para precisar o que ninguém deverá conseguir imaginar.

Imagens de horror, silencioso vazio, após esse terror marcadamente laranja, sufocantemente abrasador numa destruição sem palavras.

Jovens e Velhos...

Olhares vazios, sem saberem contar o que não deveria ser contado, sem saberem explicar o que não tem explicação.

Nas ruas, nas estradas, nas suas casas, nas praias...

Em todos os lugares o fogo ceifou vidas, tiranamente passou roubando sorrisos e sonhos, amores e amizades, histórias eternamente perdidas que jamais se voltarão a ouvir...

Na Grécia ou em Pedrogão Grande, sobrou a noção do quão pequenos somos, em confronto com essa fúria da natureza que é capaz de num instante aprisionar tantos destinos num só pedaço de vento, de fogo, de morte.

No berço da história ocidental moderna ecoam os sinos do Olimpo, fazendo notar as lágrimas de todos esses impotentes Deuses que acompanham Zeus...

Num desesperante grito de tristeza.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

18.10.17

 

Eduardo Cabrita é o novo Ministro da Administração Interna, substituindo Constança Urbano de Sousa, numa tentativa de dar um novo folgo a este Governo, liderado por António Costa.

Escrevi aqui anteriormente, que o Primeiro-Ministro deveria escolher um nome acima de qualquer dúvida, uma referência que trouxesse consigo peso político, e reconhecimento público...

Eduardo Cabrita, não é esse nome.

O novo Ministro é uma solução resgatada ao núcleo duro deste Governo, um nome que demonstra um curto espaço de recrutamento, assim como, um desconfortável sentimento existente, no olhar do próprio António Costa.

Não serei daqueles que gritam aos ventos a morte política do actual Primeiro-Ministro, pois apesar de não ter uma provecta idade, já vivi o suficiente, para presenciar a renascimentos improváveis.

Por essa razão, aguardemos com paciência, os próximos capítulos na cena política, os novos assuntos, polémicas que infelizmente abafarão as mortes e a dor destes malfadados dias, sendo que o País não perdoará, outra tragédia que esventre, uma vez mais, este nosso Portugal.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

18.10.17

 

A carta que Constança Urbano de Sousa entregou, pedindo formalmente a demissão de MAI, é na verdade, um esclarecimento inequívoco, do erro gigantesco de percepção, de António Costa.

Nesta carta, não restam dúvidas, de que até a Senhora ex-Ministra acreditava não ter condições para continuar no cargo, desde a tragédia de Pedrógão Grande...

Pedrógão Grande!

Não posso deixar de aqui escrever, para ser fiel às minhas convicções, que as palavras escritas por Constança Urbano de Sousa, demonstram carácter e lealdade, duas características que muito aprecio, lamentando que essas características tenham servido para António Costa, deixar a ex-Ministra entregue à sua sorte, exposta ao longo de meses na cena pública.

O Primeiro-Ministro enfrenta agora, as consequências dos seus actos, num mistura política suicida, de certezas e enganos, que o deixam fragilizado, perante o coro de criticas que o perseguem...

Costa terá agora de escolher toda uma nova equipa do MAI, e essa opção será determinante para o futuro desta solução Governativa, pois caso o nome do novo Ministro, não esteja investido de uma gigantesca capacidade política, assim como, de um reconhecido conhecimento das funções, provavelmente, estaremos diante um dos últimos actos da Geringonça.

Não existe margem para erro.

Por fim, termino citando a ex-Ministra da Administração Interna:

"Considero que estão esgotadas todas as condições para me manter em funções, pelo que lhe apresento agora, formalmente, o meu pedido de demissão, que tem de aceitar, até para preservar a minha dignidade pessoal."

Com estas palavras sai de cena esta Ministra da Administração Interna, e infelizmente para Constança Urbano de Sousa, a sua dignidade pessoal, ficou aprisionada à decisão do Senhor Primeiro-Ministro, de a deixar em funções, contra sua vontade, após Pedrógão Grande.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

18.06.17

 

Ainda não consigo compreender como foi possível tamanha tragédia, como num instante tantas vidas foram roubadas, tantas famílias foram destruídas, tamanha tristeza tomou conta deste nosso País...

Ao ver as imagens que nos chegam através das televisões, em reportagens algumas delas a roçar a invasão da dor e privacidade daqueles que neste instante sofrem, não consigo parar de me questionar:

Poderá isto fazer sentido?

Que ensinamento poderemos nós retirar, de tamanha tragédia?

As histórias ali contadas, o desespero incutido nelas e nos rostos daqueles que ali encontram a dúvida e a incerteza do que perderam, é deveras demolidor para quem como eu assiste atónito, sem saber o que  escrever ou como imaginar aquele maldito inferno...

As emoções descontroladas, os silêncios diante da grandeza daquelas labaredas, daquele vermelhão que irrompe noite dentro, ceifando vidas, almas, recolhendo por entre os gritos os sonhos que certamente muitos ansiavam ainda cumprir.

Tanta imponência, incontrolada demência num quadro de terror...

É por isso que por vezes parece não fazer sentido.

É por isso que às vezes temos que procurar bem fundo, no interior da nossa alma para poder acreditar que em algum momento, fará sentido tamanha crueldade, tamanha dor num destino incompreensível.

Infelizmente o nome de Pedrogão jamais será esquecido por todos nós e com ele esta maldita recordação dos muitos que desapareceram.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

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