18.05.21
Existem dias que parecem pontiagudos, setas apontadas ao coração, facas de gume afiado, demasiadamente cortante para a pequena compreensão Humana.
Assisti à entrevista que Tony Carreira deu ao Manuel Luís Goucha, após o Jornal da Noite da TVI, um momento de absoluta tristeza, arrepiante em cada palavra, em cada pedaço da inimaginável dimensão daquela dor.
Não consegui não assistir, empurrado por uma sensação de comunhão, de partilha com aquele homem que se apresentava perante todos para levar a cabo algo maior...
A Associação que terá o nome da sua filha, ou seja, o que restou de significado para a sua vida.
Não consigo imaginar a dor deste homem, o alcance do vazio que dentro dele deve habitar, mas consigo sentir uma tremenda compaixão e empatia para com ele, para com as suas lágrimas, para com o seu esvaziado olhar.
Ao assistir à sua entrevista, magistralmente guiada por Manuel Luís Goucha, não pude deixar de me recordar de Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, que encontrou na Fundação Viva Cazuza, de apoio a crianças Seropositivas, uma razão para viver...
"Encontro em cada uma daquelas crianças um pouco do meu filho, em cada olhar, em cada abraço"
Lucinha Araújo
Diariamente, por todo o mundo, milhares de pessoas lidam com a perda, mas certamente nada se deverá comparar com a perda de um Pai ou uma Mãe, com a partida de um filho.
Um abraço Tony Carreira, desta Caneca sem letras, para expressar a dimensão da sua dor.
Filipe Vaz Correia