09.04.20
É com pena que aqui escrevo estas linhas...
Aquilo a que assistimos, por parte da União Europeia em tempos de Pandemia, sobre a forma como iremos todos responder à crise económica, é no mínimo deplorável.
Os Ministros da Finanças da U.E. conseguiram estar 16 horas reunidos para chegarem a nenhum consenso.
Quando olhamos para esse futuro que se aproxima, observando esta incapacidade do Euro-grupo em dar passos em frente, após Cinco reuniões, podemos infelizmente concluir que a Europa não se terá apercebido do seu moribundo estado.
A ausência de planos determinados e destemidos, de solidariedade ou construção comum, ameaça finalizar este projecto Europeu que nasceu na segunda metade do Século passado e que tanta prosperidade trouxe para os Povos Europeus.
Estou, cada vez mais, convicto de que a entrada para a União Europeia dos Países vindos do outro lado do muro de Berlim, assim como a Unificação Alemã, contribuíram para o bloqueio em que hoje vivemos, desequilibrando a balança de influência em relação aos Países do sul desta velha Europa.
A Unificação Alemã, unificação essa que muito beneficiou do apoio da U.E., acrescentou peso político e económico, tornando a Alemanha, não a RFA, o centro de decisão de toda a Europa, num desequilíbrio que retirou importância a França ou Itália nesse espectro de influência que servia de contra-poder.
Países como a Holanda ou a Áustria beneficiaram da proximidade territorial e política do seu vizinho, caminhando nesse divisionismo Europeu que lhes dá uma maior credibilidade nos mercados e empresas de Rating mas que esmaga a solidariedade e esventra o Futuro de todos.
Não perceber isto é persistir no erro que torna as pessoas cada vez mais distantes do projecto Europeu...
Admiram-se das taxas de abstenção em eleições Europeias, na casa dos 60%, 70% ou 80%?
Admiram-se?
É a resposta das gentes, vulgo Povo, a essa falta de orientação e fé neste caminho comum.
Nada aprendemos...
Nada parecem querer aprender.
Se continuarem sem respostas, Eurobonds, Coronabonds ou outro nome qualquer...
Mas se a União Europeia não aceitar a mutualização das dívidas soberanas dos seus Países, num plano comum, solidário e determinado, não restarão duvidas de que este projecto terá chegado ao seu fim.
Poderá definhar lentamente...
Mas definhará.
Uma "esquizofrénica" questão me persegue...
União Europeia, para onde caminhas?
Filipe Vaz Correia