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Caneca de Letras

01.04.21

 

 

 

As luzes do palco ligadas...

A sala cheia, repleta de gente, olhares, sussurros quase murros desnudando a solitária alma de um artista.

E o sorriso, o meu, como escudo da terna e frágil criança, que se esconde temendo a tamanha voracidade, desse desconhecido desconhecer.

As luzes ligadas, a sala repleta de pessoas e eu...

Caminhando de um lado para o outro desse palco, contando os momentos, cada momento, em que o sofredor sentimento pudesse se libertar, numa mistura de batimentos que aceleram o coração.

Cada passo, entrelaçado, vai fazendo disparar o raciocínio, que sendo meu se agiganta, ultrapassa o sonho e se imortaliza num gigantesco abraço com a recordação...

Mesmo se perdendo, desvanecendo, desaparecendo, sem retorno.

Já não existem "papões" escondidos debaixo da cama, nem buracos negros no tecto, apenas desencantamento no olhar, num desencantar que melodiosamente permanece, se entranha, se amarra.

As luzes do palco...

Apagaram as luzes do palco...

Sobrando o silêncio, o vazio, aquele abraçar que só a imaginação te pode dar.

Ninguém como companhia, e o sorriso de partida, como capa despida, mostrando no escuro a leve ferida que perdura.

Sem luzes, sem gente, adormece a dormente esperança de um poema declamado, de um beijo salgado, de um futuro já passado, de tudo o que um dia imaginei...

Ou que imaginava, imaginar.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

17.11.19

 

Não tenho sorrisos;

Há muito perdidos,

Nem medos corriqueiros,

Desfeitos ou inteiros,

Nem parcas sabedorias,

Nas entrelaçadas melodias,

Que outrora trauteava,

Desesperando acreditava,

Nesse desmedido querer,

Que se eternizou...

 

Não tenho sorrisos,

Nesse sobrar que se tornou nada,

Essa estrada inacabada,

Infinitamente solitária...

 

Apago a luz;

Abraço a escuridão,

Nesse soletrar que traduz,

A imensidão de um coração,

Repleto de enigmas,

Na indisfarçável timidez de um amor.

 

Amo-te!

 

 

22.10.19

 

Ando pelas ruas, sem poiso, sem lugar aonde pertencer, numa frenética busca de algo que jamais ousei alcançar.

Perdi-me por entre rostos, cansados desgostos que oiço repetitivamente, numa desamparada correria entrelaçadamente alucinada.

Voltas e mais voltas nas pedras da calçada, dormindo aqui e acolá, fazendo de cada esquina, casa, em cada fria noite que me abraça, despedaçadamente solitária, desnudadamente sem retorno.

Já partiram todos os que importavam, mesmo persistindo nos erros que sobravam, assinaladamente desesperadores, sempre regressando ao mesmo tempo, momento onde se desamarraram as águas, se perderam as lágrimas, se soltaram as questões.

Estou cansado...

Tão cansado que já me esqueci desse cansaço, pequeno pedaço de mim, amargura sem fim, por entre, as soluçantes vozes de outrora.

Os que amei...

Os que esqueci...

Os que não importando se impuseram, como fantasmas regressando, vezes sem conta, para me atormentar.

Às vezes a penumbra, o trémulo vislumbrar do que ficou perdido no tempo, lá atrás, onde fui feliz...

Será que fui feliz?

Será possível?

Mais uma noite que chega, mais um dia que finda, nesta desventurada aventura denominada de destino...

Fecho os olhos, oiço o barulho dos carros, as vozes e passos daqueles que passam a meu lado no passeio, de tanto e tão pouco.

De tanto e tantos que partilham este mundo comigo e de tão pouco que me sobrou...

Para além desta tristonha solidão que me alimenta.

Alimentando cada pedaço de palavra que soletradamente salta de mim para o papel, do papel para as estrelas, das estrelas para um desencontrado reencontro com aqueles que um dia me pertenceram, que um dia partiram...

Até já.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

26.02.19

 

As luzes do palco ligadas...

A sala cheia, repleta de gente, olhares, sussurros quase murros desnudando a solitária alma de um artista.

E o sorriso, o meu, como escudo da terna e frágil criança, que se esconde temendo a tamanha voracidade, desse desconhecido desconhecer.

As luzes ligadas, a sala repleta de pessoas e eu...

Caminhando de um lado para o outro desse palco, contando os momentos, cada momento, em que o sofredor sentimento pudesse se libertar, numa mistura de batimentos que aceleram o coração.

Cada passo, entrelaçado, vai fazendo disparar o raciocínio, que sendo meu se agiganta, ultrapassa o sonho e se imortaliza num gigantesco abraço com a recordação...

Mesmo se perdendo, desvanecendo, desaparecendo, sem retorno.

Já não existem "papões" escondidos debaixo da cama, nem buracos negros no tecto, apenas desencantamento no olhar, num desencantar que melodiosamente permanece, se entranha, se amarra.

As luzes do palco...

Apagaram as luzes do palco...

Sobrando o silêncio, o vazio, aquele abraçar que só a imaginação te pode dar.

Ninguém como companhia, e o sorriso de partida, como capa despida, mostrando no escuro a leve ferida que perdura.

Sem luzes, sem gente, adormece a dormente esperança de um poema declamado, de um beijo salgado, de um futuro já passado, de tudo o que um dia imaginei...

Ou que imaginava, imaginar.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

17.04.18

 

 

 

Vai tão só,

Tão só de solidão,

Sozinho na imensidão,

Pedaço de dó,

Que doendo sem razão,

Vai escondendo a explicação,

Para a inexplicável desilusão...

 

Vai tão só;

O que anteriormente era esperança,

O que no teu olhar sorria,

No meu se cumpria,

Tamanho destino...

 

Vai tão só;

Que se perdeu,

A intensa chama,

Apagada vontade,

De te voltar a amar...

 

Vai tão só;

Eternamente.

 

 

23.01.18

 

A música baixinho, ao longe, bem longe...

O olhar desperançado, como se a esperança pudesse um dia ter fugido, escapado, se perdido.

A voz disfarçada, embargada, embargadamente impregnada de pudor, timidez, sentimento de um ardor imenso.

O fumo saindo das casas, num desafiante sentir, incapaz sentir, incapaz e desmedido sentir.

As palavras surgiam, soltavam-se da alma numa perseguição constante pelo querer do coração, pelo querer de um destino.

Tantas e tantas palavras...

Aquele olhar reflectido nas janelas, aquelas janelas fechadas, aquela solitária visão de uma caminhada a solo, sem ninguém, desamparada.

Sempre aquele olhar...

Caminhando passo a passo, acompanhado pelas lágrimas que se escondem, pelas palavras que se reflectem na silenciosa voz desacompanhada.

A chuva que ainda não cai, mas que se sente...

Como se sentir, fosse mais do que a singela imaginação do ser, como se amar fosse mais do que a singela dimensão da alma.

A música baixinho, ao longe, sempre ao longe...

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

19.12.17

 

Não sou mais capaz de caminhar...

Estou cansado deste suplicio amargurado, caminho de espinhos com que soletro esta parte de mim silenciosa, esta parte de nós muda, pouco mudando do lado de fora deste mundo cinzento que insiste em me esmagar.

Já não correm as crianças na rua, já não existe ruído, nem rua...

As casas vazias, tão vazias que consigo ouvir o silêncio ruidoso, a solidão imensa, a imensidão descompassada que tomou conta de cada viela desta minha aldeia.

Já morreram os que anteriormente viveram, já sobraram poucos daqueles que antigamente sorriram.

A espera por tudo e por nada...

Esperando sem saber, por cada rosto que já não volta, por cada lágrima que não pára de correr, por cada pedaço desta memória que ainda em mim habita.

O espelho ali permanece, recordando-me cada ruga, cada cabelo branco, cada dor amargurada, de um futuro inquieto, cada pedaço desse passado que já não reconheço naquela imagem.

E o silencio...

Essa companhia maldita, que faz parte desse presente angustiado, solitariamente desencontrado.

Já não chove, já não faz sol...

Apenas sinto esse distante contraste, do que fui, do que fomos, do que marcadamente temo esquecer.

As chaminés sem fumo, as portas cerradas, as janelas fechadas, escombros desta aldeia cheia de alma, resquícios de vidas e vidas, desaparecidas.

Aqui me encontro...

Sozinho, sempre sozinho.

A lareira acesa, o papel e caneta, o café bem quente e o vazio...

Esse vazio que persegue esta velha parte de mim, esse silêncio que se apodera de tudo.

Da minha aldeia...

A minha solitária aldeia.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

14.12.17

 

O que estará por trás, do olhar de um Sem-Abrigo?

Daquele Sem-Abrigo?

Quantas dores permanecem encobertas, por aquele ar austeramente abandonado, enlameadamente escurecido, quase ofensivamente perturbador desta vida "normal", das pessoas "normais"...

Barba toda branca, amarelada, cabelos igualmente brancos, encardidos, com a sujidade presente na pele, nas unhas, na roupa.

Tudo me perturba...

Tudo deveria perturbar.

Caminha só, acompanhado pelas palavras que insiste em debitar alto, prometendo continuar sussurrando o malfadado destino que parece se ter cumprido, amarrado à infelicidade presente, na ausente vontade de ser "normal...

Gente comum.

A tristeza e a revolta parecem ter ali espaço, só ter ali espaço, naquele homem, naquele insistente olhar, que por mais que me esforce custo a esquecer.

Um olhar vazio, apesar de ser negro, presente apesar de nada nele existir, tem vida, reflectindo o nada, sempre o nada, que ganha expressão naquele rosto.

Esse vazio assustador, mistura de dor, de mágoa, de um abismo transformado em vida.

Aquele homem, aquela vida, ou o que dela resta, caminha só...

Continua percorrendo a rua, as ruas e os meus olhos acompanham-no, vão acompanhando os seus passos, até desaparecer no horizonte e se tornar para mim, o que antes havia sido...

Nada!

Mas no fundo da minha alma, no recanto do meu coração, aquela imagem permanece, aquela solidão que parecia ser sua companhia, arrepiou esta parte de mim que aqui desabafa...

Querendo vos escrever.

Quem terá feito parte daquela vida?

Como se perderam os desamores e amores daquele homem?

Como ficou vazia uma vida?

Abandonado no meio de tanto mundo, de tanta gente, de todos nós.

Perguntas que esvoaçam por entre as linhas e letras deste post, ficando sem as respostas, que porventura acompanham aquele homem, descendo a rua, prosseguindo o seu destino...

Aquele destino, que há muito, o abandonou.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

10.05.17

 

 

 

Uns pozinhos de perlimpimpim;

Um sorriso, uma tristeza,

Uma ausência sem fim,

Por entre cores de estranheza,

Disfarçando enfim,

Cada lágrima de beleza,

Inundando assim,

O seu mundo de incerteza...

 

E começa mais uma sessão;

Cheia de luzes e gargalhadas,

Escondendo o coração,

Das recordações amarguradas,

Que invadem a solidão,

Solitária palhaçada...

 

E assim devagarinho;

Pintando uma vez mais, a cara;

Prendendo o nariz encarnado, ao seu rosto,

E vislumbrando no espelho,

Mais um pedaço desse desgosto,

Sorridente...

 

No sorriso de um palhaço.

 

 

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