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Caneca de Letras

30.05.22

 

Adormeci sonhando que outrora voltaria a ser agora, que margens dos rios se fundiam no mar e que na volta de um dia a noite se despiria sem pudor...

Sem pudor de se desnudar e entrelaçar num beijo repleto de ondas e borbulhas, refrescantes cheiros de maresia e algas, de uma amálgama sem passado, inebriante esperança de sentir.

Por entre o sonho, pude sentir cada toque e arrepio, cada pedaço de desvario que se entrelaçou no cenário, mistura de tesão e amor, quase, tentador de um derradeiro aceno.

Quero-te e odeio-te...

Desejo e repulsa, tudo na mesma frase, na mesma alma, na mesma cama.

Fará sentido que uma despedida possa ser quadro e tela, cavalo e cela, lábios e boca?

Quem, em tanto e pouco, sente esse sabor louco de uma noite de prazer?

Adeus...

Na despedida definitiva sobra cada peça de um puzzle, cada satisfação insatisfeita de uma aguarela inacabada, caminhando solitária, por entre, soluços de desapego, numa travagem sem freio que ameaçará regressar enquanto existir memória.

Desperto lentamente...

Nada sobra, nada resta, nada do que se prometeu ficou, perdidamente se esfumando num ténue sorriso do que sabemos não nos pertencerá outra vez.

Até sempre...

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

20.12.19


Escrever...

Escrever sem parar, nessa incansável busca pela escrita perfeita, não ortograficamente, mas sim desse querer maior de uma insanável insanidade que se perde, por entre, a desesperança pueril de um conto.

Não tenho palavras nem amorfas melodias, somente desespero e sentimentos, nesse entrelaçar de letras, misturadamente sentidas até ao infinito, infinitamente curiosas.

Queria tanto contar o peso de cada palavra, as sentidas e as fingidas, as correctas e as politicamente incorrectas, mas que nesse alucinado debitar de pensamentos se perdem no peso de cada uma, de todas elas.

Nem sabedoria nem desconhecimento, somente uma folha em branco, desnudada como uma bela mulher, ali deitada, aguardando o seu amante, nesse amor que se promete sem palavras, sem amarras, sem promessas ou amanhãs...

Naquele instante, precioso instante de um amor em ferida, se sobrepõem os beijos, a pele, o bater da alma...

Assim como as palavras, as belas e entrelaçadas palavras que compõem um orgasmático poema, rebelde, livre, disperso no pensamento ou na forma.

O que importam as regras se o que sobra é a força desse querer desgarrado que se recorda, desse cheiro que fica e se mantém pelo tempo, no tempo, para sempre no tempo...

O cheiro da cama, do corpo, o sabor de cada partícula de um amor que não respeita nada para além do olhar, nosso, intemporal.

Escrever...

Escrever sem parar, de forma crua, desnuda, singelamente pura...

Como sempre, para sempre...

Teu.



Filipe Vaz Correia



11.10.18

 

Uma escola do Porto resolveu questionar os seus alunos de 9 e 10 anos sobre a sua preferência sexual...

Se gostavam mais de meninos ou meninas?

Ou talvez dos dois...

Inacreditável!

Numa Era onde estamos sistematicamente expostos entre o radicalismo populista e o extremismo do politicamente correcto, sobram-nos casos e mais casos que deixam estupefacta a mais esperançada das almas, com a tamanha e infinita estupidez.

Questionar alunos sobre a sua sexualidade, já de si poderá ser uma medida discutível, mas nestas idades que servem aqui de amostra, torna-se ainda mais incompreensível e até diria inaceitável.

O que responderá uma criança, nesta idade, a um questionário destes?

Menino? Menina? Os dois?

A sério?

Se calhar poderiam por mais uns quadrados como hipóteses:

Playstation, Bola de Futebol, Ipad, Patinagem, Bonecas, Tennis, etc...

Até aposto que seria um destes o vencedor.

Sinceramente, parece que por vezes nessa busca de um imaculado ou estranho sentido de perfeição, as pessoas perdem o bom-senso, a capacidade para encontrar o equilíbrio.

A quem elaborou este inquérito, importa explicar que o mesmo não faz qualquer sentido, essencialmente pela tenra idade dos inquiridos.

No entanto, o Ministério da Educação não pode ficar silenciado, sem nada dizer, numa matéria que evidentemente lhe pertence.

Engraçado seria que alguma destas crianças tivesse o discernimento e a maturidade, coisa que ainda não é justo se lhes exigir, para escrever:

Metam-se na vossa vida!

Teria sido extraordinário.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

03.10.18

 

Este é de facto um tema absolutamente complexo de ser analisado, no entanto, as suas conclusões terão de ser simplicíssimas...

Se Ronaldo for culpado deve ser exemplarmente condenado, sem apelo nem agravo.

Se por outro lado, toda esta situação tiver servido para um aproveitamento do seu nome, a mesma condenação deve ser exigida por quem agora grita contra o Internacional Português.

Pensei imenso em escrever ou não escrever este texto...

Não por temer dar a minha opinião, mas pelo horror amarrado a tal palavra:

Violação.

Nada deve ser mais humilhante, doloroso, destruidor para um Ser Humano do que este tipo de trauma, esta espécie de arrancar da alma, sem retorno...

Sem regresso.

Infelizmente assistimos nos dias que correm, carregados de mediatismo, a casos sem fim, muitos deles esmagadores exemplos de crueldade, em contraponto com alguns outros de duvidosa credibilidade e que dirigidos a figuras públicas se envolvem de um carácter condenatório, antes de qualquer prova, de qualquer confirmação.

Este pormenor não é de somenos importância quando estamos perante pessoas, com tudo o que isso significa e implica.

Já ouvi diversas versões sobre essa "louca" noite de Ronaldo...

Sobre se a jovem em questão anuiu ou não a ter sexo com Ronaldo, se aceitou algumas coisas e se recusou a fazer outras, se ele insistiu ou não, se a forçou ou não, se estava acompanhada por uma amiga que nada ouviu ou simplesmente estava sozinha.

Tantas e tantas versões...

Ainda sobra uma questão:

Ronaldo pagou o seu silêncio?

Se sim, porquê?

Para silenciar uma noite de sexo consentida ou para silenciar um abuso que lhe poderia destruir a carreira?

Muito honestamente e tratando-se de um dos crimes mais abjectos que podem ser cometidos importa, na verdade, não esquecer os dois lados dessa justa Justiça...

Alguém aqui merece uma esmagadora condenação, só me parece injusto decidir que parte estará submersa nessa precisa mentira, sem aguardar pelo apuramento da verdade, mesmo que essa verdade tenha sido há uma década atrás.

Por mim, espero que a verdade de Ronaldo seja confirmada, pelo carinho que nutro pela sua história e até pelo lado Lusitano da alma, mas do dano reputacional já não se livrará...

Quer seja verdade ou seja mentira.

E isto também deveria dar que pensar.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

23.11.17

 

Despediram Charlie Rose?

A sério...

Sinceramente acho que se está a confundir tudo, num misto de histeria colectiva e de reacção impulsiva que se transforma na mais pura e animalesca justiça popular.

Misturar casos como os de Kevin Spacey ou Harvey Weinstein, por exemplo, com os de Joseph Blatter ou de Dustin Hoffman, são em primeira instância uma ofensa para aquelas pessoas que foram verdadeiramente vitimas de violações e abusos sexuais...

Neste terreno frágil e sensível, não se deve misturar um crime condenável e repugnante, como aconteceu nos dois primeiros casos, com uma atitude moralmente condenável, mas a anos luz de ser um acto criminoso.

Não se confundam as coisas.

Reparemos o que se passa com Charlie Rose, jornalista de quem gosto há muitos anos e que aqui aparece acusado de vários actos, todos eles absolutamente brejeiros, estúpidos, ridículos, se assim quiserem...

Mas muito longe de serem crime, sendo que o próprio admitiu alguns daqueles actos mas jamais confirmou a autenticidade de todos eles.

E o que se fez?

O que fez a CBS?

Despediu um dos mais conceituados jornalistas da sua geração...

Esta espécie de histerismo a que todos os dias assistimos, descredibiliza os verdadeiros casos, onde mulheres e homens se tornam vitimas de violência sexual, com a conivência de uma sociedade que se presta ao papel de condenar veementemente tudo o que lhe aparece pela frente, sem ouvir, sem confirmar, sem verdadeiramente saber.

Hoje em dia, neste mundo mediático, um "Famoso", (parece-me essencial nestes casos esta condição) que tente seduzir alguém tem de ter muito cuidado, pois a linha entre o galanteio brejeiro e a violação tornou-se absolutamente ténue.

Convém aqui referir que não estou a querer defender os galanteios brejeiros, ou comentários impróprios, ou mesmo, um insinuante piscar de olhos...

Não!

Mas por favor, não me venham com a conversa de que tudo isto é crime...

Não, não é!

Misturar tudo é tão injusto para as vitimas, todas elas, as que sofreram violência sexual às mãos deste tipo de animais, assim como, aqueles que não tendo feito nada disso, são hipocritamente comparados, a esses mesmos animais.

Bem...

Vamos ver quem é acusado amanhã...

 

 

Filipe Vaz Correia

 

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