Oito anos se passaram e parece que foi ontem...
Parece que ainda há pouco te abracei, sem ter coragem de me despedir, sem ter coragem de te ver partir.
A imensa cobardia submersa nas lágrimas que escorriam pelo meu rosto, num misto de ardor e desgosto, de revolta e dor, de desespero sem fim.
Oito anos se passaram e continuo te procurando como da primeira vez, como de todas as vezes, como sempre foi e será.
Poderia me despedir numa carta, numa poesia, num adeus que permanece encravado na minha alma, mas continuo sem o saber fazer, sem saber como me despedir de ti, minha Mãe...
Como me despedir de alguém que dentro de mim pulsa e habita.
Tenho saudades do teu sorriso, do teu olhar, das tuas reprimendas, da tua mão em meus caracóis, do teu cheiro junto a mim, da tua voz, de ti...
Tenho saudades de tudo o que contigo vivi, do que ficou por viver, do que não sei descrever.
Mas do que mais falta sinto, é desse amor incondicional que me acariciava o coração, como se num pequeno beijo, eu pudesse sentir todo o carinho do mundo, ali preso, só para mim.
Nunca te agradeci, minha Mãe, pelo simples facto de existires em minha vida e com essa tua presença, teres sido a minha maior alegria, pois sem ti...
Nada, mesmo nada, teria feito sentido.
Sem ti...
Jamais saberia despejar no papel o que amarra a alma, jamais saberia chorar e sorrir sem temer, dizer ou libertar sem silenciar, olhar para o mundo sem ressentimentos, soletrando baixinho cada pedaço de mim mesmo.
Oito anos se passaram e ainda busco o cordão umbilical, ainda procuro, vezes sem conta, a tua mão.
Quando os dias estremecem, ainda busco o teu regaço, como refúgio maior da minha imberbe alma.
Neste vazio que ficou por preencher e que não mais será preenchido, contam-se dias e anos, somam-se saudades que não findam mas essencialmente ficará em cada lágrima minha, um pedaço de todo o amor que contigo descobri...
Que, intensamente, me ensinas-te.
Como canta Caetano:
"Todo o homem precisa de uma Mãe..."
Por tudo isso, por tudo o que pulsa no meu coração...
Obrigado Mãe!
E até sempre...
Pois adeus, nunca te direi.
Amo-te.
Filipe Vaz Correia