Nem sempre o que grita o espelho, no reluzente reflexo do olhar, consegue convencer o coração a seguir em frente, a deixar para trás todo o carinho reservado no tamanho querer de um amor.
Mas o que fazer?
Se no fim da linha, nesse molhar os pés no mar, se apercebe o coração desse caminho sem volta, que sufoca desmedidamente.
Devagarinho...
Sem pressa, se entrelaça o querer ao desejo, se amarra todo o sentimento numa imensa tristeza, caminhando mar adentro.
Sempre mar adentro.
Num mergulho...
Num mergulho nesse mar intemporal, misturamos as nossas lágrimas nessa água salgada, somente sussurrando, discretamente, todo o ardor da intensa dor.
Mergulhamos uma e outra vez...
Uma e outra vez.
E numa esperança sem fim, deixamos para trás, esse pedaço que já não nos pertence, se algum dia pertenceu, sabendo a alma, nossa, que jamais desaparecerá a ferida, revivida em cada parte de nós.
Mas adormecerá, permitindo ao tempo, um novo tempo para amar.
E talvez um dia, longínquo, possamos olhar para trás e nesse olhar, outrora valioso, sentirmos apenas uma leve sensação de desconhecimento.
Um desconhecido sentido de indiferença.
Uma calorosa indiferença que alimentará um adeus sem fim...
Por fim.
Filipe Vaz Correia