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Caneca de Letras

01.07.20

 

 

 

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Vivemos tempos difíceis, não só Portugal mas o mundo, por entre esta pandemia que insiste em nos amarrar a uma crise sem precedentes.

Durante estes meses, não me inibi de elogiar a postura do Governo Português, as suas primeiras medidas neste combater ao Covid-19, desde o Confinamento, a consciencialização da população, determinação inicial de apoio à economia.

Tantos foram esses momentos neste ciclo pandémico que trouxe incerteza e desconhecimento, diante da doença, receio e fantasmas de uma recessão descontrolada.

No entanto, no fim de Maio, o Governo Português optou pelo desconfinamento da população, parcial diziam uns, com cuidados reforçados diziam outros, num gesto carregado de confiança, naquele que havia sido designado o milagre Português.

Correu mal...

Correu mal, simplesmente, porque em nenhum caso fomos um milagre, mas sim o resultado de um confinamento, em alguns casos voluntário, que nos permitia ter a doença controlada mas não extinta.

Ao não controlar a construção civil, não acautelar as condições nos transportes públicos, principalmente os que entravam na cidade de Lisboa vindos das periferias, o Governo foi deixando correr uma situação que ameaçava ser de difícil resolução.

Aliando a estes factos as selvagens atitudes de algumas camadas da Sociedade, demonstradas numa jovial falta de responsabilidade, entrámos nesta nova fase de Pandemia como se esta jamais tivesse existido, caminhando "estupidamente" para uma situação de total irresponsabilidade.

De Governantes e governados.

E a economia?

Claro que isso é algo que me preocupa de sobremaneira, sendo esse o atenuante para aqueles que têm de decidir e arriscar neste inédito palco.

Em um ponto acompanho o Governo Português diante de alguns hipócritas, que estando em igual ou pior situação, nos apontam o dedo no panorama internacional.

Países que não testam, não podem ter novos casos, a não ser que quem se sinta mal se dirigia a um hospital, países que não registam mortos durante duas semanas, Viva a Espanha, não podem ter vítimas de Covid durante esse período.

Isto é factual e na minha opinião factor de credibilidade para o nosso Governo e nossas instituições.

Enfim...

Este desconfinamento trouxe trapalhada e tropeços, sendo que ainda vamos a tempo de arrepiar caminho.

Reforçar as redes de transportes, aumentar as penas e multas para quem transgride as regras sociais, fiscalizar empresas garantindo o cumprimento das regras sanitárias no trabalho, construir equipas que possam percorrer o País numa campanha de consciencialização das gentes.

Talvez com todos os elementos coordenados seja possível recuperar o que se perdeu nos últimos tempos.

Para o bem deste nosso Portugal.

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

 

12.02.20

 

Estou sentado no centro de saúde de Sete Rios...

E de facto nada faz mais falta do que saúde, essa palavra abreviada de saudade, o sentimento que nos sobra, imagino, à medida que o tempo vai avançando e as maleitas vão tomando conta de nós.

O olhar das pessoas, muitos deles velhos, neste ambiente pesado e amorfo, carregado de tosse e espirros, de desabafos e lentidão.

Não consigo deixar de pensar como será quando chegar, se Deus quiser, a minha vez, o meu tempo de velhice, de impotente convivência com esse corpo envelhecido...

Neste instante, em que vos escrevo, sentam-se a meu lado duas pessoas, por entre tremores e silêncios, tosse e mais tosse.

Levanto-me!

Isto de um hipocondríaco estar no meio de um centro de saúde...

Vou deixar esta divagação por aqui, neste desabafo Canequiano sobre esta temporalidade que nos persegue e amarra, sem limites, até ficarmos velhinhos.

Velhinhos, se tudo correr bem...

Esperemos que sim!

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

28.08.19

 

De férias no Algarve, Monte Gordo, passando uns dias maravilhosos, senti o meu ouvido a estalar, água por lá encurralada, numa recordação da primeira otite que tive na vida, no ano passado...

Que chatice! Pensei.

Como sempre, tentei resolver o problema com uns “Whiskys” bem servidos ao serão e muito picante ao jantar, uma solução que vem da voz “avisada” de meu Pai que herdou esta receita, para todas as maleitas, de meu Avô e este de meu Bisavô e assim sucessivamente.

Não posso dizer que correu mal...

Mas também não posso dizer que tenha corrido bem.

Entre um momento e outro resolvi fazer o que as pessoas “normais” fariam, a conselho da minha querida Mulher, ligar para um hospital privado e tentar saber onde encontrava um Otorrinolaringologista.

Assim fiz...

Liguei para o Hospital Particular do Algarve, com várias unidades no Algarve, para o Lusíadas e para um outro que não me recordo do nome.

Resultado:

Não consegui encontrar nada e sinceramente como se aproxima o regresso a Lisboa, optei por não ir para as urgências do hospital de Faro, pois antevia que esperaria por lá com uma pulseira verde, talvez uma eternidade.

Mas o que achei mais engraçado, sem ter graça nenhuma, foi a resposta de uma das senhoras que me atendeu o telefone, no hospital particular do Algarve, com hospitais em Vila Real de Santo António, Loulé e Olhão...

Uma “querida” senhora, do hospital em Vila Real de Santo António, informou este vosso Canequiano de que não dispunha de Otorrinolaringologistas por esta altura, pois estávamos no Verão e estes se encontravam de Férias.

De Férias?

Sim, de Férias!

Claro está que entrei em curto circuito, a tentar processar a informação, questionando a “simpática” senhora se por acaso faria sentido os mesmos especialistas estarem a trabalhar no Inverno para a populosa concentração de pessoas que deverão habitar aquele lugar...

Enfim, a otite por cá continua.

Isto seria a mesma coisa, para dar um exemplo, que aliás dei neste inusitado telefonema, se a Confeitaria Nacional resolvesse não fazer Bolo Rei no Natal e Ano Novo, para passar a fazer no resto do ano.

Julgo que a senhora não percebeu ou se percebeu fingiu muito bem...

Mas não pude deixar de perceber, o drama que se vive por algumas terras no que toca à Saúde e às limitações por que passam estas populações, fora das grandes Metrópoles.

Meus queridos, vou só tratar de beber mais um Whisky, pois assim como assim, esta foi a única receita que me foi prescrita, tendo em conta que os Otorrinolaringologistas estão todos de Férias neste Verão Algarvio.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

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