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Caneca de Letras

03.08.19

 

 

 

Nem sempre o sol desperta, nem sempre o dia se enraivece, nem sempre a luz reaparece, por entre a dor deserta, nessa busca inquieta pelo que dita a desesperante alma.

Por vezes grita baixinho essa contradição insanável, por vezes chora de mansinho por entre o coração inconsolável, por vezes num pranto, outras vezes num silêncio e tantas, tantas vezes, por entre a espuma de um sonho.

Sempre que recomeça o dia, sempre que se desperta a alma, procuro no olhar, vagabundo, de quem comigo se cruza, aquele brilho, intenso brilho, que há muito me escapou.

E talvez um dia, numa ousada poesia, num desgarrado poema, se quebre o dilema, desse misterioso viver.

Por entre solitárias letras, entrelaçadas palavras ou simplesmente nesse infinito silêncio, porém, sempre tão infinito como a esperança.

A desesperançada esperança!

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

21.06.19

 

 

 

Palavras ao vento, num singelo momento, entrelaçando num instante esse perder constante que se assemelha na verdade com essa saudade, esquecida querença esvaída esperança, somando estranhezas, por entre as confundidas certezas, de mansinho soletradas, explicando as emoções sussurradas de uma vida. Palavras ao vento marcando um tempo, secreto segredo, disfarçando o medo que reluz no horizonte para lá de um monte, onde se esconde o sonho, outrora risonho e que agora... Agora permanece irrequietamente provocador, sem macula, sem dor, insistindo através do olhar nesse sentido amar descrito nos livros. Palavras ao vento, misto de arrependimento, sincera vontade de um tristonho sentimento, por entre perdido sentir, ameaçando fugir nesse breve abraçar que nos esmaga. Palavras ao vento, sempre elas, contando sem receio cada partícula segredada de um imenso querer. Como te quero? Quanto te quero?

Palavras ao vento celebrando este amor.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

12.03.19

 

 

 

Se um dia;

Se escrever o epitáfio,

De um grande amor...

 

Então que se escreva;

Que foi regado em tamanhas lágrimas,

Por vezes salpicado,

Em doces abraços,

Afagos meio esquecidos,

Por entre olhares e sorrisos,

Sem fim...

 

E não se esqueçam de escrever;

Em cada pequeno espaço;

Uma frase para a dor,

Chorada nesse regaço,

Do solitário ardor,

Ardente pedaço,

Sentido...

 

E no fim dessa linha;

Pode constar uma adivinha,

Para encontrar sem medos,

Os incontáveis segredos,

Que se findam na memória,

Dessa finita história...

 

Que um dia foi de amor!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

11.03.19

 

Mar acima, mar adentro, na minha jangada de pedra, no meio dessa imensidão de água, azul cristalino que me rodeia, num horizonte longínquo, sem fim.

Na minha jangada de pedra, navego por esse mundo a fora, numa viagem sem fim, por entre o que desconheço, sabendo somente que dentro de minha alma, pulsa a curiosa, curiosidade, de um solitário rapazinho.

Nessa solidão, onde me encontro, nascem e renascem fantasmas e animais, gigantes animais, que submersos aguardam por um instante para se revelarem, desnudarem a face e surgirem como um cabo das tormentas, numa sinuosa vertigem, inesperada.

Continuo a remar, sem olhar para trás, fixamente querendo flutuar sobre as águas, gélidas e ameaçadoras, buscando uma razão para interligar o sentir ao querer, o desejar ao temer, o recordar ao viver...

Sempre navegando, sempre continuando.

No meio desse interminável querer, enfrento medos e receios, perco pedaços de um passado desconhecido, meio perdido, por entre, as lágrimas de outrora...

Lágrimas que se foram embora, antes que delas me pudesse recordar, antes que essa parte de mim, escapasse da razão e partisse juntamente com a emocionada emoção de uma criança.

Eu sei lá, se continuarei a percorrer as águas da imaginação ou se nunca mais irei acordar de tamanho pesadelo, pesado desvelo que me amarra sem calar, que me afoga sem nadar, que se entrelaça numa singela jangada de pedra.

Num momento, tão pequeno, ali estou...

Num outro, tão velho, ali me encontro.

Passou, tudo passou, sem rasuras, sem retornos, sem regressões.

Numa jangada de pedra, comigo levo os livros de minha vida, capítulos sem fim do que vivi, por entre, romance e drama, comédia e ficção, desabafos soletrados que me pertencem.

São os livros de minha vida, contando a minha vida, flutuando nessa jangada de pedra...

Numa jangada de pedra.

Na minha jangada de pedra!

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

20.12.18

 

Poderia gritar intensamente, intensamente vociferar, vociferando tão longe, como tão longe pudesse a minha voz alcançar, alcançando desmedidamente, o que desmedidamente se esconde, por entre os esconderijos da querença, a mesma querença que soluça, soluçando intermitentemente, a singela intermitência do Ser, sendo capaz de esquecer, o que esquecido desejo recordar, para que as tamanhas recordações despertem, a despertada sonolência de um amor antigo. Tão antigo esse amar, que se confunde com o azul do mar, entrelaçando silenciosamente os ruídos que insistem em chegar, sem partir ou voltar, simplesmente permanecendo sem calar... Mas baixinho, devagarinho, numa quebrada emoção da alma, a mesma que outrora voava e agora apenas se deixa caída, esperando abandonada por uma nova vida, recuperada ferida que ainda arde, ardendo intensamente, desanimando o que soletrado ficará eternamente escondido nas nuvens, no vento, em cada momento de todas as linhas, de um texto.

No meio de tão complexa divagação, apenas uma singela indagação...

Quem nunca morreu de amor?

Só quem nunca, verdadeiramente, viveu.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

07.12.18

 

 

 

Por vezes parece desistir;

Outras fraquejar,

Tantas vezes quer insistir,

As mesmas que sente hesitar,

Nesse eterno existir,

Que não quer findar,

Somente fugir,

Escapar...

 

Mas nada;

Se permite,

Tudo, tudo,

Se omite,

Pequeno,

Coração de esferovite...

 

Bate e pulsa;

Como se fosse verdadeiro,

Sente e chora,

Como se permanecesse inteiro,

Grita e se agita,

Num amor derradeiro...

 

E guardada na memória;

Sobrará a vontade,

De uma bela história,

Carregada de saudade,

Num singelo gesto de carinho...

 

Leve, leve;

Permanecerá o querer,

Voando sem medo,

De sofrer...

 

O pequeno coração de esferovite.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

30.11.18

 

 

 

Dou-te a mão;

Uma vez mais,

E uma vez mais,

Parece pouco tempo...

 

Num intervalo estrelar;

Inebriada vontade,

Amarrado olhar,

Carregada saudade...

 

Dou-te a mão;

Sem hesitar,

E volto a me perder,

Em ti...

 

Pois é amor;

O que sinto;

Intenso ardor,

Faminto...

 

É nesse mundo paralelo;

Que se esconde tamanha beleza,

Nesse quadro tão belo,

Que se entrelaça a certeza...

 

Dou-te a mão;

E a alma,

O secreto coração,

Que sendo meu...

 

Só a ti pertence.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

12.11.18

 

 

 

É difícil;

Para mim...

 

Viver sem ti;

Respirar ardentemente,

Sem esse cheiro,

Que é teu,

Esse sabor que se mistura,

Na alma...

 

É difícil;

Assim...

 

Disfarçar no olhar,

O querer sem fim,

Que se torna em amar,

Sempre que o coração bate...

 

É difícil;

Sonhar...

 

Sem saber encontrar,

Esse pedaço de amor,

Suave definidor,

De um destino...

 

Pois se te magoa;

Me fere,

Se te mata,

Me trespassa,

Se te atinge,

Me consome...

 

Porque é mais do que um amor...

 És parte de mim.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

12.03.18

 

 

 

Desalinhadamente escrevi;

Palavras soltas,

Tão soltas e impreparadas,

Que se escapam do papel...

 

Descrevendo;

O que indescritívelmente me amarrava,

Amarrando,

O que verdadeiramente desejo gritar...

 

Perdeu-se;

Sem nunca ter valido a pena,

Desvaneceu,

Sem nunca ter existido esperança,

Desapareceu,

Sem nunca ali ter estado...

 

Passo após passo;

Num constante caminhar,

Vai insistindo o coração,

Lutando bravamente...

 

Lutando por aquele amor,

Inexistente...

 

Loucamente inexistente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

25.03.17

 

Abeiro-me à distância, escondido, envolvido pela neblina que se descerrou sobre o passado que um dia nos ligou...

Tão distante...

Tão nosso.

Vislumbro-te à distância nestas recordações, nos olhares presos ao coração que algures no tempo nos pertenceu...

Foi nosso.

Através daquelas árvores, daquelas pessoas, daquele constrangedor momento, recuo dezenas de anos, uma vida, até à encruzilhada maior que nos haveria de separar para sempre...

Tantas perguntas, me acometem, me perseguem, sem saber se a ti também...

Se também os medos, os desejos, te perseguem da mesma maneira?

Como permaneces bela, discretamente bela, depois de uma eternidade nos ter ultrapassado no tempo, nos ter transformado em resquícios do que um dia fomos, nesse momento que existiu em nós.

Caminhos diferentes prosseguimos, destinos diferentes percorremos, rumos diferentes tomamos, sem saber como isso mudaria tudo...

Os cabelos brancos que já não conseguem esconder, o tempo, a lentidão dos passos, que não conseguem disfarçar a idade, tudo aquilo, que para trás ficou.

E aqui permaneço, escondido, ao longe, secretamente sonhando com a realidade inexistente, com aquele beijo gravado na memória, entrelaçado às promessas que naquela noite trocámos, sem saber que seria a derradeira, mesmo tendo sido a primeira...

Como ainda tremo, em tua presença, com o receio de cruzar contigo o olhar e por um instante regressar, sem voltar verdadeiramente, àquele menino cheio de esperança na alma, de querença no coração, de vontade e determinação no querer.

E assim, volto as costas, parto outra vez, sem falar, sem me aproximar, sem saber se também um dia sonhaste com os destinos que ficaram por cumprir.

E devagar, devagarinho, procuro nas recordações, essa vida que me fugiu...

Que nos fugiu...

Sem nunca chegar.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

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