Uma sala vazia, silenciosamente vazia...
Por cada silencio, despido de tudo, se inquieta a memória, esse pedaço de uma história que se cumpre todos os dias, nesse compasso temporal, infinito.
No olhar se encerram palavras, repletas de sinceridade, encontros e desencontros, laços entrelaçados, em dias e noites de desesperada emoção...
Portas entre-abertas, vislumbrando de soslaio as vidas que ficaram presas nesse amor, nesse desejo, recanto desencontrado.
Será que se pode cumprir, o que sente um tímido coração?
Será que se pode cumprir, o que se esconde na imberbe alma?
Dúvidas que insistem em permanecer, que permanecem insistentes, repetindo as interrogações sem resposta.
Numa viagem sem retorno, num vai e vem, caminhar, percorrendo sem regresso tantos e tantos destinos entrelaçados...
E nesse intervalo de esperança, nesse cruzar de um pormenor, deixo livremente voar, essa pequena partícula de mim que te conhece...
Que desconhecendo te pertence, que te pertencendo se completa.
Mesmo que não se entenda, perdido por entre o baralhar de tantas vidas, mesmo assim...
Nesse intervalo somente nosso, saberemos sempre que assim é, que assim foi, que assim eternamente será.
Porque só assim faz sentido, sentindo desmesuradamente em cada sorriso teu, a cada olhar tão teu, que nada mais tem importância...
Nada mais é importante.
Pois todos os meu dias são teus.
Filipe Vaz Correia