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Caneca de Letras

06.01.22

 

 

 

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Aprendi ao longo da vida que esta é um sopro, uma leve brisa de vento que nos amarra e liberta, deixando somente um rasto do que de bom por nós passou.

Em 6 de Janeiro de 1978 nasceu uma das pessoas mais importantes da minha vida, alguém que marcaria todos os dias e vastas memórias desde que nos cruzámos.

O Luís Miguel foi o meu melhor amigo, da tenra infância até ao inicio da juventude, altura em que infelizmente nos deixou...

O Luís foi a pessoa mais corajosa que conheci em toda a minha vida, um amigo leal e fraterno, o mais leal de todos, percorrendo um caminho carregado de pedras nos últimos anos de sua vida, com uma bravura que ainda recordo com o mesmo espanto que naqueles momentos admirava.

O cancro nunca o derrotou, apenas morreu com ele, nunca o quebrou mesmo que o tivesse levado à exaustão, nunca o tornou menor mesmo que por instantes o ensombrasse.

O meu amigo Luís  viveu a vida plena com o curto tempo que teve, sorriu e chorou sempre lutando, levantando-se repetidamente para mais um dia com a enorme força que só os bravos podem demonstrar.

Desde os 10 anos que fomos como irmãos, desde esse momento até aos dias de hoje busco nele e no seu olhar a inspiração para tantas coisas que por vezes nem consigo descrever, mantendo na memória cada abraço, cada olhar, cada palavra.

Faria hoje 44 anos, partiu há 26 anos...

Meu querido Luís só podias ter nascido no dia de Reis, alguém especial que me deu a honra de poder contar como amigo, como irmão.

Até sempre, deste que te ama...

Pipo.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

05.01.18

 

Meu querido amigo, muitos parabéns neste dia, pelos 40 anos que ficaram por cumprir...

Assim como ficaram os 20, os 30,  tantos e tantos sonhos, guardados em ti.

Neste dia de Reis, recordo muitos dos dias que passámos juntos, muito dos sorrisos que partilhámos, das traquinices que inventámos, da lealdade constante entre nós.

Se pudesse descrever a nossa amizade numa palavra, talvez esta fosse a mais apropriada, a que mais nos caracterize...

Lealdade.

Sempre juntos, sinceros, ligados.

Tanta coisa nos separava à partida, tantos nos ligou sem sabermos...

Às vezes penso se teríamos sido amigos, sem aquela cena de pancadaria que nos levou ao gabinete da Professora Jesuína, directora do colégio e daquela casmurrice, que tão bem nos define, de cada um querer assumir as culpas do outro.

Inimigos até aquele dia, siameses a partir daí.

Tínhamos 10 anos, 10 jovens anos.

Desde esse dia e até hoje, repito hoje, em momento algum ficaste longe do meu pensamento, meu amigo, longe deste coração que sempre te pertencerá.

Mesmo naqueles dias difíceis, enevoados por entre as sessões de quimioterapia, a que foste sujeito, mesmo nesses dias, não esqueço a nobreza com que enfrentavas a realidade, a esperança que brilhava no teu desbravado olhar...

No teu leal olhar.

Daqui, nesta carta, amigo de uma vida, fica o meu grito de parabéns, onde quer que estejas, onde quer que vás, para onde quer que foste.

Daqui, com o tremendo sentimento desta eterna amizade, fica silenciosamente, o imenso obrigado, por um dia ter feito parte dessa breve vida, que foi a tua...

Mas que sempre recordarei, com um carinho sem tamanho.

Parabéns Luís...

Meu querido amigo.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

27.05.17

 

Era uma vez um menino impregnado de esperança, amarrado aos seus livros ansiando encontrar naquelas palavras algum conforto para a sua inquieta insatisfação...

O seu quarto era poiso de muitos mundos, guardava muitos segredos, muitas vontades, muitos sonhos, fechados por trás da porta que o separava do resto da casa.

Os seus avós, velhinhos, não sabiam que dentro daquelas paredes o seu neto podia esvoaçar por locais desconhecidos, encontrar destinos inimagináveis, reencontrar rostos perdidos.

Podia até sonhar...

Sonhando que a eternidade lhe ofereceria o direito de ter sempre perto de si aqueles que mais amava, aqueles que mais amou, aqueles que amaria para sempre.

O tecto do seu quarto tinha por vezes nuvens cinzentas, outras vezes um radioso sol, as paredes estavam cheias de árvores pejadas de animais e o chão...

Por vezes o chão parecia desaparecer para que ele pudesse levitar com as asas da sua imaginação.

Tantas e tantas vezes que ali, o mundo se tornava uma aventura, onde a qualquer momento surgia um amigo, se reerguia um inimigo, se degladiavam Reis e Príncipes, por Reinos e castelos.

Tantos anos se passaram desde que o menino cresceu, saiu e verdadeiramente voou, para deixar para trás essas aventuras que o moldaram no segredo da sua infância.

Até ao dia...

Esse dia em que regressou à mesma casa, ao mesmo quarto de sempre, sem os Avós, sem os quadros, sem os sonhos.

As paredes vazias reencontravam neste Homem, aquele menino que um dia ali morou, o mesmo menino que  um dia desejou que aquele reino, o seu quarto, fosse eternamente eterno.

E nesse momento, sabendo que o destino nem sempre cumpre as promessas sonhadas por uma criança, este antigo sonhador deixava apenas que as suas lágrimas pudessem brindar aquele chão de onde partira...

Já não conseguia sonhar mas ainda tinha memória para recordar a criança que um dia dentro dele esperançosamente habitou.

Habitando por entre as saudades desse mundo e desses Avós eternamente seus.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

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