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Caneca de Letras

20.02.21

 

 

 

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As bombas ensurdeceram o meu sentir;

A dor emudeceu o meu carpir,

A mágoa escureceu esse intenso colorir,

Fugindo sem fugir...

 

O sangue pintou cada morte,

Cada desaparecer ensurdecedor,

Destino sem sorte,

Fétido fedor...

 

Cada olhar,

De uma vida vazia,

Intenso desesperar,

Dia após dia...

 

Ainda não fiz doze anos;

Nem sei se os farei,

Por entre feridas e danos,

Perdendo tantos que amei...

 

E continua a vida a correr;

A vida a correr,

E eu parado,

No meio deste meu eterno sofrimento.

 

 

 

 

24.11.20

 

 

 

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Em cada casa devastada;

Uma alma abandonada,

Por cada bomba ali caída,

Uma esperança que foi traída,

Em cada ruína ilustrada,

Uma lágrima derramada,

Por cada rosto sofredor,

Uma recordação de tanta dor,

Em cada pedaço desta história,

Choram-se balas na memória,

Por cada filho desaparecido,

Um país quase perdido,

Em cada pedra dessa estrada,

Uma mágoa bem trancada,

E por cada palavra esquecida,

Sobra essa tamanha ferida,

De seu nome...

 

 

 

Aleppo!!!

 

 

 

 

 

 

19.06.19

 

Meu caro Miguel, não sei nem me interessa averiguar os pormenores da questão, até porque em certos casos os pormenores são tão menores que não poderão ser comparados com os pormaiores essenciais.

Ouvindo e lendo toda a história que te pertence, sobra-me um pouco de vergonha, envolve-me esse conforto cobarde que nunca me permitiu arregaçar as mangas e contribuir, gigantescamente, como fizeste.

"Quando vejo uma pessoa a morrer afogada, não lhe pergunto se tem passaporte. Tiro-a da água."

Miguel Duarte

Parece que após ajudares a salvar milhares de vidas no Mediterrâneo, o Estado Italiano, comandado por Salvini, apressa-se a te processar, ameaçando com uma pena que pode ir até aos 20 anos de prisão.

Nada que possa espantar, vindo de quem vem...

Mas o que não pode tardar é a resposta desta Nação que sendo tua, é maior do que as suas fronteiras físicas e muito maior do que essa Alma transposta em livros, histórias, romanceadamente única.

Os teus actos nos enobrecem, orgulham, emocionam, o que em momento algum pode ser confundido com qualquer acto menos correcto ou condenável.

Ao tomar conhecimento deste caminho por ti traçado, senti-me impelido a escrever, a gritar, a contribuir desta pequena forma, neste insignificante blog...

Obrigado Caro Miguel Duarte, pois com o teu exemplo, se renova a esperança num futuro melhor.

Obrigado.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

04.07.18

 

Numa altura de gritos e crises em relação a migrantes e refugiados, nada melhor do que as palavras de Nour Machlah para nos acalmarem a alma, darem esperança ao olhar e verdadeiramente sentir orgulho nesta espécie de imensidão que se amarra ao "Ser" Português.

Num texto no Facebook que se tornou viral, Nour enalteceu o gesto de Cristiano Ronaldo, naqueles instantes finais do jogo entre Portugal e o Uruguai, onde o craque Português ajuda de forma fraterna Cavani a sair de campo.

O jovem Sírio compara essa situação, àquela que o mesmo viveu em 2014, tentando fugir de um País dilacerado por bombas e mortos, tendo então recebido uma bolsa de estudo do Estado Português, assim como, outros 50 companheiros seus, acolhidos nesta terra tão nossa.

As palavras de gratidão, amizade e amor, espelham a forma como este jovem foi recebido e integrado, num gesto que diz muito da generalidade deste nosso Povo...

Nour vai mais longe, recordando as dificuldades económicas e a crise que então atravessava o País para reforçar o gesto e dar dimensão ao peso que isso teve na sua vida.

" Nunca vou chamar este País de segunda casa, nunca vou chamar este povo de segunda família."

" Portugal é a minha casa e o seu povo é a minha família."

São estas as palavras com que Nour Machlah decidiu finalizar o seu texto, deixando pouco espaço para alguém acrescentar outras, tal a beleza e amplitude de tamanha gratidão.

No entanto, corro o risco...

Obrigado Nour.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

08.11.17

 

 

 

As bombas ensurdeceram o meu sentir;

A dor emudeceu o meu carpir,

A mágoa escureceu esse intenso colorir,

Fugindo sem fugir...

 

O sangue pintou cada morte,

Cada desaparecer ensurdecedor,

Destino sem sorte,

Fétido fedor...

 

Cada olhar,

De uma vida vazia,

Intenso desesperar,

Dia após dia...

 

Ainda não fiz doze anos;

Nem sei se os farei,

Por entre feridas e danos,

Perdendo tantos que amei...

 

E continua a vida a correr;

A vida a correr,

E eu parado,

No meio deste meu eterno sofrimento.

 

 

 

02.09.17

 

 

 

Libertem-me das amarras;

Soltem-me destes gritos que me perseguem,

Arranquem os grilhões que me aprisionam,

Apaguem as imagens que me atormentam,

Tirem dentro de mim os olhares despedaçados,

Os pedaços de gente esventrados,

As almas desalmadas,

Que enfim se encontravam perdidas,

Naquelas estradas,

Reféns do seu destino...

 

Pedaços de gente;

Despedaçados...

 

Despedaçados;

Pedaços de gente...

 

Caminhei sem parar;

Olvidei sem olvidar,

Ousei continuar,

Deixando para trás,

O meu coração...

 

Viajando no meio da poeira;

Da cinzenta tristeza tão minha,

Vendo mortos na fogueira,

Num fogo interminável...

 

Fugi desse terror;

Mas aprisionado a cada um,

Daqueles que comigo se cruzaram,

Ali ficou também,

Um pedaço despedaçado,

De mim.

 

 

 

19.07.17

 

 

 

Quando te vejo criança;

Nesses campos desalmados,

Cede a esperança,

Por entre os malfadados,

Sofrimentos teus,

Que escondidos no passado,

São assim revelados,

Pelas imagens cruéis,

Que não cansam de a todos contar,

Esse horror...

 

Como se pode soletrar a palavra Deus;

Aterrorizando aquelas almas,

Meninas e meninos,

Sonhos roubados,

Imberbes destinos,

Que não tiveram o direito de viver...

 

Cada vez que recordo aqueles campos de refugiados,

Sinto em mim,

Cada lágrima vossa,

E rezo para que enfim,

Jamais se repita.

 

 

19.07.17

 

O documentário transmitido ontem, pela SIC, levado a cabo por Henrique Cymerman é um exemplo do ponto de vista jornalístico, uma peça de excelência num tempo onde o verdadeiro jornalismo de investigação parece em vias de extinção no nosso País...

Crianças no Daesh, revela o outro lado das vitimas deste regime de um Califa, Califado do mal, que vitima muito mais do que aqueles que perecem ao som das bombas suicidas que aterrorizam o nosso mundo ocidental.

Esta visão, dá uma dimensão intrínseca daquelas crianças preparadas para morrer, em nome de um ideal que não desejam, de meninas transformadas em objeto, ao serviço dos desejos daqueles soldados de Alá.

Ao ver aquela reportagem, recordei uma das primeiras vezes que me apercebi da credibilidade deste jornalista, um Português Judeu ou um Judeu Lusitano...

Numa casa clandestina, no auge de mais uma Intifada, ali estava Henrique Cymerman, algures na faixa de Gaza, entrevistando o Xeique Yassin, fundador e líder espiritual do Hammas, figura intrigantemente maquiavélica e que ali se dispunha a receber, a conversar com ele, apesar de Cymerman ser Judeu.

Cymerman consegue mover-se nestes territórios com a segurança que lhe advém da gigantesca qualidade do seu profissionalismo, da maneira séria com que aborda e respeita, entrevistados, assuntos, os vários lados de um mesmo problema...

Foi assim, quando o Papa o recebeu no Vaticano e acabou por o convidar para almoçar consigo, quando entrevista o Primeiro Ministro Israelita ou o Presidente Iraniano, quando se move em Telavive ou é recebido em Ramallah.

Crianças no Daesh é na verdade um relato impressionante, esclarecedor, sobre como o sofrimento Humano reaparece sempre, quando o fanatismo impera, sendo quase sempre as crianças os alvos mais fáceis para tais algozes.

Pelo meio ficam vidas roubadas, famílias destroçadas, sonhos perdidos, laços esquecidos, obrigados a obedecer às divagações de uns quantos que se sentem legitimados para falar em nome de um Deus, sem piedade.

Que venha a segunda parte...

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

18.05.17

 

 

 

Tantos foram os quilómetros que percorri;

Os sonhos que deixei para trás,

Aqueles que perdi,

Perdendo-me sem querer...

 

Tantas as estradas que palmilhei;

As dores que esqueci,

As mágoas que guardarei,

Nesta amargura que vivi...

 

Tanta esperança perdida;

Vontade de ser,

Lágrima ferida,

Medo de morrer...

 

E depois de tamanha ilusão;

De caminhar sem parar,

Encontro este muro de desilusão,

Que me impede de continuar...

 

E aqui morro;

Na sombra deste muro da vergonha.

 

 

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