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Caneca de Letras

Caneca de Letras

EUTANÁSIA... "Quem Deve Decidir?"

Filipe Vaz Correia, 15.02.20

 

O fim...

Sempre esse, palavra definitiva e cruel que encerra o mistério da vida, abrindo ou fechando destinos conforme as crenças de cada um.

Este debate que divide a Sociedade Portuguesa, Eutanásia, vai muito para além das palavras ou das singelas contradições.

As minhas crenças de menino, profundamente católicas, levam-me a sentir dúbias e contraditórias emoções sobre o caso, nesse entrelaçado sentir que me preenche.

Os meus Pais sempre me incutiram esse valor maior, denominado por Vida, essa dádiva de Deus que nos toca, e que apenas a Ele compete dispor.

Ensinamento, segundo o que aprendi há muitos anos atrás, que não permite contraditório, que encerra e preenche os mandamentos Sagrados.

Esse dogma religioso tolda a compreensão do tema, aliado ao medo de sempre, esse medo maior de morrer.

Vivo nessa contraditória sensação, entre os ensinamentos de outrora e a aprendizagem de novos tempos, questionamentos que chegam e irrompem os dogmas estabelecidos.

Não sei que decisão tomaria, se chegasse a esse momento, Deus me proteja, no entanto, algo me inquieta de forma inequívoca...

Como posso, neste caso, decidir por mim e pelo outro, em momentos diferentes, com raízes diferentes, querer diferente?

Decidir em circunstâncias diferentes, mesmos direitos...

Esse Direito de optar como terminar, como percorrer o fim.

Poder escolher esse fim?

Ou não?

Viver de acordo com os princípios que aprendi em tenra idade...

Mas como impor isso a quem não crê ou crendo não está disposto a continuar a percorrer essa estrada?

Esta dúvida é para mim maior...

E é essa dúvida que me inquieta e perturba nesta questão:

Deverá alguém que deseja ser Eutanasiado poder cumprir a sua vontade com as condições dignas?

Acredito que sim...

Como o Estado o faria?

Como este burocrático e errático Estado faria para vigiar e fazer cumprir a lei?

Essas também serão questões pormaiores e que importa discutir.

E voltamos ao fim, àquele que chega, sempre chega, independentemente de debates ou discussões...

E esse é o maior e triste parágrafo de uma singela história, a que chamamos de destino.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

Catalunha: Referendo ou Eleição?

Filipe Vaz Correia, 20.10.17

 

O Governo Espanhol e o PSOE acordaram esta manhã, segundo avança a TVE, a marcação de eleições Regionais na Catalunha, para Janeiro de 2018.
Num momento em que a ameaça de suspensão da Autonomia Catalã , continua a perseguir a Generalitat, este passo pode, verdadeiramente, contribuir para a clarificação de todo um processo complicado e mal conduzido.

Talvez este devesse ter sido o primeiro passo a ser dado pelo Governo de Madrid, no entanto, agora saberemos de forma legal e constitucional, quem quer a independência e quem a não quer...

Porque nestas eleições, apenas duas escolhas poderão ser feitas, duas leituras, para aqueles que em Janeiro, queiram exercer o seu direito de voto:

Quem votar em Puigdemont e nos partidos aliados, votará pela Independência, pela criação de um Estado Soberano Catalão, que se separe definitivamente do centralismo Madrileno.

Quem votar nos partidos com assento Parlamentar como PP, PSOE ou Ciudadanos, estará a votar pela continuidade de uma ligação Autonómica, entrelaçada com a Nação Espanhola e com a Constituição em vigor.

Não existem outras hipóteses.

Por essa razão, é com expectativa que aguardo esta eleição, este desfecho para uma das mais graves crises identitárias, na Europa deste século.

Que venha então esse referendo, em forma de eleição.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

Catalunha: Os Ruidosos Silêncios...

Filipe Vaz Correia, 09.10.17

 

A Catalunha voltou a sair à rua, desta vez os opositores do processo de Independência, aqueles que sendo Catalães, dizem não às pretensões defendidas pela Generalitat.

A divisão vivida na Catalunha, sente-se em cada frase, nas mais variadas tomadas de decisão do cidadão comum, da gente normal de bandeira em punho, Espanhola de um lado, Catalã do outro...

Por entre aquele mar de gente, desabafos e medo, revolta e desencontros, com a História, com o passado e com o ausente futuro, que a tantos inquieta.

Muitos pedem diálogo, outros nem tanto, no entanto, todos os que desfilaram ontem nas ruas de Barcelona, desejavam uma Espanha una, indivisível, integrada.

A revolta nas palavras contra os Mossos de Esquadra, explanam em todo o seu esplendor, o quão difícil se tornou esta coabitação, entre os dois lados de um mesmo problema...

Para uns heróis, para outros traidores, esta Polícia Catalã marca indelevelmente o rosto desta crise...

Parece evidente que a Catalunha perderá imenso se insistir nesta vontade secular, perdendo poder económico, espaço político, qualidade de vida, tal o grau de isolamento a que poderá ficar confinada.

Assim no meio deste gigantesco problema, desta batalha incompreensível, apenas uma coisa poderá salvar Espanha e a sua orgulhosa alma Catalã:

O diálogo.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

Més Que Un Jogador!

Filipe Vaz Correia, 02.10.17

 

Gerard Piqué assumiu ontem, mais uma vez, a sua face Catalã, a alma que o preenche, numa declaração emocionante, carregada de nobreza e dignidade...

Podia facilmente optar por um discurso de ódio, composto de revolta e amargura, no entanto, Piqué optou por falar pausadamente, por entre as lágrimas que não conseguia conter, descrevendo a dor que invadia o Povo Catalão, na simples vontade de serem livres.

Naquelas palavras, mais do que a legalidade ou ilegalidade de um Referendo, soltaram-se nos olhos do jogador Catalão, a tristeza inerente a uma violência estupidificante e que apenas diminui a grandeza do Estado Espanhol...

É aqui que Mariano Rajoy se equivocou, perdeu a noção do poder da imagem no mediático mundo em que vivemos.

Piqué representou naquele momento o grito libertador de Milhões de Catalães que nas ruas esperavam para poder votar, dando força à voz daqueles que insistem na Independência...

Admiro a atitude de Piqué, a dimensão Humana com que abordou a questão e a coragem explanada nas suas palavras, aprisionando ao seu olhar a vontade de todo um Povo.

Provavelmente pagará esta ousadia na Selecção Espanhola, nas retaliações que sofrerá nos mais variados campos de futebol Espanhóis, mas certamente isso será um preço menor, para tão imensa atitude.

Assim, num dia violento e histórico, pelo menos no coração dos Catalães, uma verdade, será para sempre eternizada:

Piqué, será Més Que Un Jogador!

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Domingo: Eleições, Futebol E Alma...

Filipe Vaz Correia, 29.09.17

 

Sempre fui um conservador, diferente hoje do que era há vinte anos, na minha efervescente adolescência, obrigado a reflectir por um mundo que nos abraça por estes dias, desempoeirando a mente e destapando os obscuros dogmas ...

No entanto conservador em muitos aspectos, na essência política, na imensa crença dos valores, acreditando porém que a alma Humana, é maior do que certas regras instituídas.

Perdido numa ausente representação política, reencontrarei neste domingo a escolha eleitoral, a opção por votar neste ou naquele...

Não me sinto representado nestas eleições em Lisboa, ninguém merece o meu voto, do meu ponto de vista, desiludido com o PSD, mas surpreendido com o CDS, e essencialmente órfão de um líder, de um caminho que sinta verdadeiramente inteiro.

Entramos assim no dia de reflexão, no silêncio imposto, hipocritamente, mas que supostamente necessita de ser respeitado, mesmo que com o fenómeno das redes sociais, ninguém o respeite.

Nem eu...

Tenho fé que estas eleições representem o ocaso de Pedro Passos Coelho e deste partido que gravita à volta desta fantasmagórica personagem, dando espaço a um regresso às origens de Francisco Sá Carneiro e de um PSD próximo das pessoas e dos seus anseios.

Domingo será um dia excepcional, repleto de emoções, de leituras e questões, desde as Eleições Autárquicas a um Sporting-Porto, até ao referendo da Catalunha...

Um dia repleto de receios e decisões, que certamente condicionarão os destinos de alguns.

Na Catalunha decide-se a existência de uma nação, em Alvalade a permanência de uma esperança e no PSD a esperança de uma permanência.

Para mim será fácil decidir:
Vitória do meu Sporting, queda de Passos Coelho e na Catalunha que Deus nos ajude.

 

 

Filipe Vaz Correia