18.06.19
Existem momentos ou situações que não conseguem ser descritos na sua plenitude, muito menos pormenorizados, pelo significado que têm, pela beleza que assumem...
É assim na amizade, nesse amor fraterno chamado amizade.
O texto de Jaime Nogueira Pinto em homenagem a Rúben de Carvalho é apenas um pequeno pedaço desse momento, de uma bela amizade forjada na diferença, nessa gigantesca diferença capaz de encurtar divergências, de ligar pólos opostos.
Um Comunista e um Nacionalista, tão diferentes como inteligentes, tão afastados como coerentes.
Nessa genialidade livre, nessa radicalidade fraterna, se manifesta a capacidade de dois homens discutirem sem populismos bacocos, sem hipocrisias menores, sem as amarras tão habituais na política de corrimão.
E é assim que se dá o exemplo, que se honra a grandeza maior da nossa História, do legado dos que souberam construir o que somos, o que nos moldou como Nação.
Estaria sempre ao lado de Jaime Nogueira Pinto, por princípio, convicção ou valores, no entanto, isso jamais me impediria de admirar, respeitar o passado e a memória de alguém como o radical, absolutamente, livre que era Rúben de Carvalho.
E isso, nos tempos actuais, já é uma valiosíssima lição a recordar.
Filipe Vaz Correia