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Caneca de Letras

25.03.20

 

Não tenho vontade de sorrir, de voar ou de sentir, não tenho querer ou esperança, simplesmente desesperança nesta aprisionada existência entre quatro paredes, por entre, os grilhões mundanos.

Cabeças à janela, escondendo medos e anseios, pedaços de desespero pincelados no semblante, no olhar, na alma.

Já não se trocam beijos nem abraços, já não se apertam as mãos, deixando gélido o querer Humano, tão frágil e distante, num plano asfixiante carregado de terror.

Morre gente, muita gente, em todos os cantos dos recantos deste planeta.

E parece não terminar, não findar a angústia, esse pavor que consome o amor, esse fugir sem espaço, correr sem chão.

Faz-se silêncio, tamanhos vazios, secretos silêncios que agora se agigantam tornando hábito o que outrora era irreal.

Parques vazios, ruas despidas, nada e mais nada, numa correria que se perdeu, numa azáfama que cedeu o lugar ao tempo, tempo de espera, desesperada espera.

Apelos e novelos, relatos arrepiantes, que nos demonstram o quão pequeno é o destino diante da Mãe Natureza.

Nada somos...

Nada podemos...

Nada!

Tic tac, tic tac, tic tac...

O relógio não pára de correr, parado no mesmo lugar, assim como o raciocínio, o nosso, das gentes, buscando na memória dias diferentes na vida da gente.

Que Deus nos valha...

Que Deus nos proteja...

 

23.03.20

 

Poesia, poesia;

Que serves de resistência,

De alucinada maresia,

Enlouquecida paciência...

 

Umas vezes ponto e vírgula;

Outras vezes interrogação,

Estridentes gritos de Calígula,

Por entre vagas de alucinação...

 

E viajando sem demora;

Por esta amargurada quarentena,

 Ansiando a dita hora,

Dessa soltura serena...

 

E do outro lado da janela;

O vazio...

 

Do outro lado da rua,

Um intenso nada...

 

Esse imenso calafrio,

Que tarda em passar...

 

Volta velha esperança;

Vai resgatando a humanidade,

Vai buscando a desaparecida querença,

Vai despertando a eterna saudade...

 

Poesia...

Poesia...

 

Não abandones o pedaço de nós,

Que insiste em suportar,

Os tamanhos medos,

Escondidos em cada sorriso,

Disfarçando o receio,

Da finitude humana.

 

 

 

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