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Caneca de Letras

24.10.18

 

Partindo das eleições Brasileiras para uma reflexão mais alargada, vou discorrendo sobre esta inusitada ligação entre Deus e o Populismo Radical.

Deixo aqui bem claro que não atribuo culpa alguma, nesta relação, a Deus mas sim àqueles que se aproveitam da Sua mensagem, usando a frustração presente em Milhões para capitalizar votos e com isso chegarem ao poder...

Esta nota parece de somenos mas para mim é relevante manter este respeito pelo Divino, não vá...

Bem.

Em primeiro lugar, não esquecer a principal razão para Bolsonaro seguir com esta vantagem nas eleições do Brasil...

Quase duas décadas de poder do PT, repletos anos de corrupção envolvendo quase todo o espectro político Brasileiro, permitindo assim terreno para o aparecimento de um qualquer Salvador da Pátria.

No entanto, a presença de "Deus" tornou-se evidentemente crucial, com o peso crescente das Igrejas Evangélicas, Iurd na frente, tomando os votos dos seus Milhões de fiéis como garantia de um desequilibrar da balança.

Numa reportagem da SIC, uma fiel à saída do Templo de Salomão, em São Paulo, gritava as suas razões para votar em Bolsonaro:

Porque tinha sido indicado pelo Bispo Edir Macedo...

"Homem que a tinha retirado da droga e do pecado!"

Transformando-a assim, num Ser acéfalo, incapaz de raciocinar por si mesma.

Esta segunda parte é claramente um pensamento meu...

Se olharmos para os Estados Unidos e para o discurso de Trump, as palavras bíblicas e o peso dos Mormons, Baptistas, Pentecostais, não poderemos deixar de, também ali, reparar neste peso desmedido destas religiões no acto político.

Poderemos ir mais longe...

A forma como Chavez manipulava a sua relação com "Deus", para acrescentar credibilidade ao seu discurso, acto aliás continuado nesta anarquia reinante de Maduro.

A demissão durante décadas da Igreja Católica, em muitos deste lugares, com principal incidência no Brasil, não pode deixar de ser aqui relevada, no desmesurado ganho de influência destas "supostas" religiões.

Num patamar mais extremado, não esquecer o papel do radicalismo Islâmico, no transformar das Sociedades Muçulmanas que foram perdendo com o passar dos anos, uma certa laicidade que as marcava, submersas em anos de conflitos e repressão.

Basta olhar para os anos 60 no Irão, Líbano ou até a Arábia Saudita.

A mensagem de "Deus" que deveria ser a de Amor, é usada para disseminar o Ódio, discriminação, encontrando eco numa mistura de sentimentos muito em voga por esse mundo a fora...

Frustração, desespero, ressabianço, insegurança, preconceito, etc...

Na construção de um mundo melhor, parece que estamos encurralados nesta espécie de ignorância, entrelaçada com a vontade de dividir, ao invés, de agregar, o que perspectiva todos estes cenários assustadores em alguns pontos do planeta.

Resta olhar para "Deus" e esperar que o tempo possa desarmar esta ligação entre o Divino e o Populismo Radical.

Mas sem Educação....

É difícil.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

 

 

 

07.10.18

 

A primeira volta Brasileira confirmou dois cenários...

O primeiro: 

A vantagem cada vez mais crescente de Jair Bolsonaro, o que devo expressar espanta os neurónios que dentro de mim habitam.

Em segundo:

A continuidade no processo eleitoral do PT com Fernando Haddad.

Este é verdadeiramente o cenário mais arrepiante para o futuro do Brasil, entre um PT repleto de corrupção, submerso nesse passado de "ladrões"  profissionais que usaram a política para criar uma estrutura de "cunhas" e "compadrios" que levou o País a esta espécie de beco sem saída onde se encontra e um populista xenófobo, misógino, violento, homofóbico.

Bolsonaro é um pouco o reflexo de tudo isso, o desabafo "democrático", perdoem-me a ironia, de um povo cansado de tamanha violência e  pouca vergonha.

Não é caso virgem...

Se atentarmos à História, nada mais do que o desespero, aquilo que levou Alemães a apoiarem Adolf Hitler ou Russos a suportarem essa desesperante esperança que foi a Revolução Russa.

As Gentes diante desse momento, o desespero, voltam-se para onde lhes aponta a revolta, para onde lhes surge a vontade maior de dizer não.

Bolsonaro aporta na sua candidatura, não só os populistas radicais mas sobretudo os anti-PTistas, gente imensamente determinada em rejeitar o PT de Lula, de Dilma, enfim desse passado carregado de Mensalão, de Petrobrás e de muito mais...

Não sei em que acreditar, temendo que o futuro desse Brasil sem a "Ideologia" de que tanto Cazuza poetizava, possa ser o abismo.

E recordando novamente Cazuza...

"O tempo não pára"...

Não pára não.

E esse será o preço a pagar, quer ganhe um corrupto ou um populista.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

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