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Caneca de Letras

05.03.19

 

Todos querem ir à casa da Cristina...

No dia da sua inauguração, telefonou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, seguido da presença de Luís Filipe Vieira, que por ali andou a jogar às cartas com a apresentadora.

Porém Cristina não ficou por aqui...

Partiu narizes e trocou dentes, cortou cabelos e retirou gorduras a pessoas comuns, enquanto abria as portas de sua casa, aos convidados "famosos" que ratificavam o estatuto do Programa.

Assunção Cristas levou a família, Marido e filha mais nova, pois os mais velhos estavam na escola, para uma conversa à volta de um arroz de tomate com atum, por entre, sopas partidárias, temperos políticos ou particularidades pessoais.

Bruno de Carvalho, o Ex-Presidente do Sporting, também por ali passou, neste périplo por conseguir promover o seu livro, rasteirinho, que descreve a sua realidade paralela, construída através da sua torpe mente.

Tudo o que está a ferver, passa por lá.

Até Conan, esse "Semi-Deus" da histeria Lusitana, não faltou...

Mesmo a querida Dona Dolores, não deixou de dar uma entrevista para o Programa da Cristina.

Desta vez foi António Costa, rodeado pela família, mulher, filhos e nora, dar o ar de sua graça na "casinha" da Cristina.

Num estilo casual, o Primeiro-Ministro cozinhou uma cataplana de peixe, respondeu a tudo e até participou, discretamente, na entrega de prémios.

Enfim, é esta ligeireza que acaba por seduzir telespectadores, mas também arrisca transformar a política num espaço mais superficial, de gestos encenados, imagens vendáveis, em contraponto com o que deveria ser a mensagem de valores objectivos, princípios discutidos no debate público, no seio da opinião pública.

Não digo que uma certa informalidade não possa acrescentar "verdade", ao quadro político de um País, no entanto, convém que essa informalidade não seja entrelaçada a ofertas de automóveis ou dinheiro, não esteja aprisionada a chinelos ou "palhaçadas".

Nesta Era de Cristina, sem retirar o imenso mérito à "personagem", parece que se inverteu o conceito de prime-time televisivo em Portugal.

Mais do que um Telejornal, mais do que um debate ou um programa de entrevistas, mais do que tudo isso...

O importante é entrar na Casa de Cristina.

Bem...

O que esta realidade dirá de Nós, enquanto País?

Uma boa questão para reflectir.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

07.01.19

 

Não vi a estreia do Programa da Cristina em directo, pois preferi o meu sono retemperador aos gritos lancinantes da manhã, no entanto, não vejam nesta frase qualquer preconceito, apenas gosto, pois respeito sempre o mérito de quem o tem...

E para o "seu" público, a "jovem" Cristina tem.

Porém, o que me faz aqui escorrer um pedaço de tinta, não é a estreia do dito programa, aliás já tinha anteriormente escrito sobre ele, mas sim a minha estupefacção quando me alertaram para o telefonema do "nosso" Presidente da República.

Todos os que seguem os meus textos, sabem o quanto admiro Marcelo Rebelo de Sousa, esta forma próxima de fazer política, dando um sinal à direita, à minha direita, de que é possível ser Conservador e Humano, aproximar sem perder a seriedade política.

No entanto, Marcelo perdeu uma parte desse sentido nesta manhã, num singelo telefonema que se assemelhou a um populismo bacoco, desmedido entrelaçar com a mediocridade vigente nos dias que correm.

Poderia Marcelo telefonar a Cristina Ferreira, transmitindo os seus votos de felicidade?

Claro que sim...

Em privado.

Simplesmente em privado.

O que Marcelo fez, foi levar a Presidência da República para a batalha das audiências, tornar a sua legitimidade política numa arma, nas páginas cor de rosa, onde se apela e debate, o que é singelamente trivial.

Este populismo fofinho, não é menos perigoso e criticável do que qualquer outro, antes pelo contrario, acaba por normalizar a demagogia, por banalizar a arma democrática representativa.

Uma pena.

Assim é com tristeza que o escrevo...

O Presidente Marcelo foi, hoje, apenas mais um populista num programa da manhã.

Um Presidente popularucho.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

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