12.11.21
Sempre que via um comboio a partir;
imaginava esse mundo
descobrindo sem fugir
esse longínquo e profundo
desejo de sentir
o meu ausente destino...
Sempre que abriam os portões;
daquele campo maldito
imaginava os corações
daqueles interditos
olhares que me fugiam
dos que um dia imensamente amei...
Sempre que chegava o amanhecer;
desconfiado caminhava
querendo adormecer
na esperança que em mim habitava
de que poderia ser diferente...
Ia seguindo amordaçado;
amordaçando a alma já cansada
presa num corpo desanimado
àqueles pijamas riscados...
Assim, em cada partida;
a cada fuga perdida
em cada dia, ferida
ia se aproximando a minha vez...
E aí descobri que me haviam roubado tudo;
até a esventrada esperança
mas que apenas eu
era o dono da minha alma!