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Caneca de Letras

18.07.17

 

Poderemos continuar a assistir à destruição de aldeias, vidas, sonhos?

Ano após ano continuamos a ver, in loco, nas televisões deste nosso país, dramas e agruras, mortos e vivos, alguns que escapando das chamas desses infernos de verão, morrem também, juntamente com aqueles que seus deixam de ali estar presentes.

Noticias e parangonas, comentários e discussões, primeiras páginas e aberturas de telejornais, tudo se repete de ano para ano, de década para década, continuando a não fazer sentido, se é que alguma desgraça desta dimensão, pudesse fazer...

E o que muda?

O que se faz para que não se repita?

Quem assume as culpas?

Nada!

Nada!

Ninguém!

Esta dor explanada em cada imagem, em cada lágrima vertida no meio de tamanho ardor, por cada palavra soltada de revolta desses infelizes escolhidos pelo destino para viverem tal amargura, se corroí a alma deste País, se queima a crença num futuro melhor.

Como explicar a alguém que perdeu um filho, as falhas do Siresp?

Ou explicar a alguém que viu o trabalho de uma vida ruir, que o Estado não conseguiu chegar a tempo para proteger os seus bens, os mesmos que são pagos através de impostos chorudos...

Como explicar?

E os políticos repetem-se, insistem no mediatismo medíocre da demissão, mudando os Ministros, rodando os Partidos, mantendo-se apenas a demagogia de uns e a hipocrisia de outros.

E o que esperam as gentes?

Coisas simples...

Que não morram os seus filhos numa qualquer estrada, que não lhes ardam as casas, que não lhes fustiguem os animais, que não lhes cortem os sonhos, por entre esse intrínseco direito de se sentir seguro.

Fogos sempre existirão, tragédias sempre acompanharão a existência humana, nessa condição de mortalidade que sempre estará marcada em nós...

No entanto, talvez seja a hora, de fazer diferente e de o fazer sem negociatas pelo meio.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

10.07.17

 

Podemos discutir a governação do País, o rumo mais esquerdista da Geringonça, a surpresa ou deceção inerente a este novo destino político que nos governa há um ano e meio...

Podemos falar sobre tudo isso, no entanto, de uma coisa não poderemos fugir:

O estranho carácter de António Costa.

Há algum tempo que me interrogo sobre esse lado importante deste homem que dirige os destinos da Nação, desse pedaço fundamental de um Primeiro-Ministro...

O carácter.

Penso que ninguém negará que Pedro Passos Coelho é uma pessoa coerente com os seus princípios, apesar de politicamente ser constantemente infeliz, inapto do ponto de vista da liderança, do carisma...

António Costa, no entanto, é para mim uma interrogação, hábil politicamente, perspicaz na forma como passa por entre os perigos impopulares, que sempre envolvem quem sobrevive anos sem fim, na ribalta do panorama político Português.

Recordo bem quando José Sócrates esteve preso, durante aqueles longos dias de um ano e da única visita daquele amigo de uma vida, chamado António Costa...

Saindo do Estabelecimento Prisional de Évora, por volta do Ano Novo, a data ideal para que ninguém se apercebesse da sua visita, o atual Primeiro-Ministro expressou em parcas palavras o seu apoio àquele amigo:

- Ele, José Sócrates, está convicto da sua verdade!

Para expressar esta frase, mais valia não o ter visitado...

Numa espécie de encontro envergonhado, talvez uma tentativa de  não correr o risco de ser castigado nas eleições que se aproximavam...

Que belo amigo!

Tempos depois, a sorrateira maneira como após perder as eleições legislativas, chega ao poder, relegando para trás das costas a demissão digna, agarrando-se a uma aliança contra-natura para sobreviver.

E chegamos então a Pedrogão Grande, por onde passou algumas horas, deixando a Ministra Constança Urbano de Sousa entregue à sua sorte, demonstrando certamente fraquezas, soltando indiscutivelmente lágrimas, no entanto, tendo certamente a coragem de lá ter estado, políticamente sozinha, ininterruptamente, constantemente...

Não deveria o Senhor Primeiro-Ministro, ter ali estado ao seu lado?

António Costa é de facto um político experiente e talvez seja por isso mesmo que usa esta espécie de cobardia política, para por vezes se proteger...

Em Tancos esta evidência torna-se ainda mais flagrante, com o Primeiro Ministro, partindo de férias, ausente, distante da polémica, deixando a arder Ministro e Chefes Militares.

Salvam-se assim o deficit, o ambiente sorridente no País, os abraços e afagos Presidenciais...

Pelo meio sobra o camaleão Costa, escapando sempre por entre as dificuldades de cada crise, em cada momento difícil, com a sua imensa capacidade política mas com muito pouco carácter.

O pior é que do outro lado da barricada, PSD e CDS, as soluções são muito fraquinhas, pelo menos, por agora...

 

 

Filipe Vaz Correia

 

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