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Caneca de Letras

18.12.19

 

Mais um Orçamento apresentado por Mário Centeno, o quinto se não estou em erro, num caminho de política Orçamental que parece estar a dar imensa discussão, dentro e fora do espectro do Governo.

Gosto de Mário Centeno, gosto imenso, o que tendo em conta se tratar de um Ministro das Finanças Socialista, e sendo eu um Conservador de Direita, poderia parecer um contra-senso...

Mas não creio que o seja.

Na minha opinião, Centeno nada tem de Socialista, nada...

Aliás isso parece ser cada vez mais evidente, sobretudo com as pouco secretas divergências, transcritas nas páginas dos jornais, opondo o Ministro das Finanças a António Costa, a Marta Temido ou até mesmo ao “desaparecido” Ministro Cabrita.

Durante os quatro anos de Geringonça, tenho por certo, ao Ministro Centeno se deve o singelo facto de Portugal não só ter apresentado contas certas, como também não termos sido obrigados, uma vez mais, a pedir intervenção externa para a consolidação das contas públicas.

Um Governo Socialista, apoiado pelo Bloco de Esquerda e o Partido Comunista, tinha tudo para resvalar para esse despesismo Histórico, de Guterres a Sócrates, nesse encontro da História com os valores que norteiam estes Partidos.

Esse rigor de Mário Centeno foi o garante de uma consolidação Orçamental, fundamental para a credibilidade externa, credibilidade essa essencial para a recuperação do estatuto de Portugal nos mercados financeiros que servem de “financiadores” de capital para as necessidades do País. 

Centeno não é um “aparelhista”, alguém ligado às estruturas partidárias, sendo para mim evidente que será mais um Social-Democrata do que um Socialista, sendo mesmo mais representativo do Centro-Direita do que de uma Esquerda Ortodoxa ou Europeia.

O seu legado de contas certas, de uma certa intransigência Orçamental, é a prova certeira deste pensamento.

Neste momento, cada vez mais crente nos rumores que dão certo um afastamento entre no Ministro das Finanças e restante Governo, temo que este possa ser o último orçamento apresentado por Mário Centeno, cansado de tentar domar os instintos despesistas que parecem abundar no seio deste novo Governo.

Quem viu as declarações de Centeno sobre este Orçamento e viu o vídeo propagandista de António Costa no YouTube, vê que dois mundos separam estes homens, duas visões antagónicas parecem marcar esta nova vida política...

E aqui não tenho duvidas, aliás nunca as tive...

Estou ao lado de Mário Centeno.

Direi mais...

Se o Ministro das Finanças sair deste Governo, como parece ser certo, esse será o primeiro passo para o abismo orçamental do Governo de António Costa, tendo por certo que deixaremos de falar sobre excedentes orçamentais para passar a debater os números do crescimento da despesa.

Gostemos ou não, foi essa ilha de Centeno, esse “bunker” de rigor financeiro, que permitiu à Geringonça ter resistido aos anseios despesistas dos seus parceiros de Governação.

Agora que o pudor de Costa parece ter desaparecido, nessa insana vontade de gastar, ouvimos em surdina relatos dessa essência Socialista que vai ganhando força nos assentos do Conselho de Ministros, provocando mau-estar entre o sector das finanças e restantes membros de Governo.

Sendo este um Governo construído por António Costa, através de ligações partidárias e “compadrios” de confiança pessoal, deverá tornar difícil, a alguém que vem da Sociedade Civil como Mario Centeno, fazer valer as suas posições, mesmo com o estatuto granjeado pelo actual Ministro das Finanças.

Assim não deve surpreender que Mário Centeno possa ter perdido a paciência para lidar com tão desbravada insanidade.

Até lá observemos os sinais, atentemos ao valor das palavras, para tentar descodificar cada perigo que se apresenta neste destino político que se desenha para este nosso Portugal.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

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