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Caneca de Letras

18.05.21

 

 

 

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Existem dias que parecem pontiagudos, setas apontadas ao coração, facas de gume afiado, demasiadamente cortante para a pequena compreensão Humana.

Assisti à entrevista que Tony Carreira deu ao Manuel Luís Goucha, após o Jornal da Noite da TVI, um momento de absoluta tristeza, arrepiante em cada palavra, em cada pedaço da inimaginável dimensão daquela dor.

Não consegui não assistir, empurrado por uma sensação de comunhão, de partilha com aquele homem que se apresentava perante todos para levar a cabo algo maior...

A Associação que terá o nome da sua filha, ou seja, o que restou de significado para a sua vida.

Não consigo imaginar a dor deste homem, o alcance do vazio que dentro dele deve habitar, mas consigo sentir uma tremenda compaixão e empatia para com ele, para com as suas lágrimas, para com o seu esvaziado olhar.

Ao assistir à sua entrevista, magistralmente guiada por Manuel Luís Goucha, não pude deixar de me recordar de Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, que encontrou na Fundação Viva Cazuza, de apoio a crianças Seropositivas, uma razão para viver...

"Encontro em cada uma daquelas crianças um pouco do meu filho, em cada olhar, em cada abraço"

Lucinha Araújo 

Diariamente, por todo o mundo, milhares de pessoas lidam com a perda, mas certamente nada se deverá comparar com a perda de um Pai ou uma Mãe, com a partida de um filho.

Um abraço Tony Carreira, desta Caneca sem letras, para expressar a dimensão da sua dor.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

 

27.04.19

 

 

 

Morreu o Pai de Emiliano Sala...

O Sr. Horácio Sala partiu num momento de desistência do seu coração, certamente submerso nas saudades asfixiantes que devem ter marcado estes dias após a trágica morte de seu filho.

Morrer de amor...

Como escrevem os poetas, morrer de saudades, como se entrelaça em cada pedaço de poesia plasmada na imortal alma.

Não tenho palavras, mesmo querendo buscá-las, perdido nesta triste notícia.

Que descanse em paz e que possa reencontrar esse amor perdido, numa fria noite, num "Canal Manchado" de tristeza.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

10.04.18

 

O meu sobrinho João fez hoje 10 anos...

10 anos que passaram num breve momento, que voaram por entre o seu olhar pertinente e curioso, meigo e ternurento.

Parece que foi ontem que lhe peguei ao colo pela primeira vez, em casa de seu Pai, carregado de medo de o poder magoar, de o assustar, mas não...

Desde o primeiro momento, este amor que não consigo explicar se manifestou, esteve presente.

Neste jantar, repleto de risos e alegria, partilhado com a sua Avó Ana, seu Pai Jaime, sua Irmã Matilde, sua Prima Mariana e estes seus Tios, foi um imenso gosto poder olhar para ele e ver o homem que se está a erguer...

A personalidade que na sua alma habita, num menino bem educado, inteligente e respeitador.

Que orgulho "meu" João.

Não posso deixar de recordar a partida do meu querido Tio Jaime, seu Avô, neste dia de anos em que pela primeira vez, não está entre nós ou certamente estando na alma de todos nós que dele não nos esquecemos.

Muitos parabéns Joãozinho, deste Tio que o ama incondicionalmente, orgulhoso por fazer parte desta sua vida que para mim é tão especial.

Um beijinho com amor.

Tio Pipo

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

29.12.17

 

 

 

Tantas palavras Pai;

Que ficaram por dizer,

Que ainda podem ser ditas,

Que caladas querem gritar,

Gritando estão fechadas,

Em nós,

Certamente nossas...

 

Tantos gestos guardados;

Recordações escondidas,

Pedaços de nada,

Amargas feridas,

Mágoas passadas,

Que se elevam...

 

Tantos olhares e pensamentos;

Lágrimas que se contradizem,

Sorrisos e tormentos,

Fugidos instantes,

De antigos sentimentos,

Singelos sofrimentos....

 

Tantas palavras;

Pai...

 

Tantas palavras;

Deste amor,

Que não soubemos,

Decifrar.

 

 

27.12.17

 

Estou deitado numa cama de papel...

Perdido nos pensamentos que um dia me pertenceram, pertencendo àqueles que fazem parte de mim.

Nos teus olhos meu filho, nesse olhar que um dia foi de teu Bisavô, de teu Avô e meu...

Nesse olhar que busco, encurtando as diferenças que nos separaram, tento encontrar as palavras que teimam em se calar, as justificações que não sou capaz de encontrar, as desculpas que nunca soube dar.

É difícil expressar o quanto errei, o quanto falhei, sem saber o que essa palavra significava, sem compreender o quanto em mim, te pertencia.

Um dia meu filho, serei capaz de gritar ao mundo, sem que grite, verdadeiramente, o que significa este amor que se prende despudoradamente.

Estou deitado numa cama de papel...

Onde está escrevinhado cada pedaço deste ardor, desta dor destemperada, que um dia nos afastou.

Tantas palavras por dizer, sem esquecer, o que esquecido nos separa, o que separando nos amargura, o que amargurando nos impede de sorrir.

Ao ouvir a tua voz...

Essa voz que me embarga, silencia, amarra, sinto como nunca senti, o que expressa a alma entristecida, entristecidamente feliz, por te ouvir.

Pela primeira vez meu filho, quero ouvir...

Pela primeira vez, quero sentir as palavras que são as tuas, a voz que te pertence, o sonho guardado em cada linha das tuas frases, embevecidamente amarrando o soletrar deste destino.

Tantos pecados que não expurguei, tantas duvidas que jamais contei, tantas hesitações que nos separaram.

No fim destas linhas, por entre os caminhos que ouso aqui percorrer, fica a memória, deste beijo dado em palavras, deste afago entregue em prosa, deste imenso orgulho por ti...

Nestas linhas, adormecem as palavras que nunca fui capaz de te dizer:

Amo-te, filho meu.

 

12.12.17

 

Tantas vezes me questiono...

Onde será que fui feliz?

Verdadeiramente feliz...

Sentimento esse que mistura mistério, com a interrogação constante ou a busca insana pelo desejo impossível.

Tantas palavras, segredos presos à alma, momentos e instantes que se somam, sem que o tempo pare, sem que nos seja permitido voltar atrás, e novamente pintar esse quadro que eternamente fará parte de nós...

Será o nosso infinito destino.

Essa palavra, felicidade, que estranhamente rima com saudade, lugar imenso mas distante, onde ao longe, num mirifico horizonte, o tempo se encarrega de embelezar a memória.

Por vezes fica um bater mais acelerado do coração, um respirar mais ofegante por entre uma errante lágrima, por outras vezes, apenas um solitário reencontro com a perdida alma que nos completa.

É tão difícil explicar à infeliz felicidade, felicidade presente, o quão feliz estou neste instante...

Ou o quão triste estarei, por o tempo insistir em não parar...

Não ter parado.

Por vezes seria imensamente belo, parar por segundos o presente, degustando cada cor, cada cheiro, cada pedaço de nós, misturado com o contentamento maior que nos sufoca...

Seria tão bom, pedir ao futuro que aguardasse por um momento, para regressando ao passado, beijar alguém ausente nesta viagem finita.

Tantas coisas boas...

A mão segura de minha Mãe, o seu cheiro, o seu ternurento olhar...

A voz austera mas aconchegante de meu Pai, perdendo-se por entre as infindáveis histórias, que ainda hoje me moldam.

As saudades que eu tenho dos natais, em casa de meus Pais.

A praia de Odeceixe, onde passei maravilhosas férias de verão, onde me apaixonei e sorri, chorei e fugi..

Odeceixe.

Tantas e tantas vezes, tantas e tantas pessoas, tantos e tantos momentos, entrelaçados com essa palavra dificil de decifrar...

Felicidade.

Uma música a tocar, o abraço de um amigo, o beijo da pessoa amada, o olhar escondido e reflectido no espelho, só teu...

Somente teu.

Tantas e tantas vezes pensei ser feliz...

Tantas e tantas vezes me esforço por recordar que fui feliz, nestes pedaços de história, que fazem parte de mim.

Tantas e tantas vezes fui feliz...

Mas sempre passou.

Viva o futuro...

 

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Mar

26.08.17

 

Os rituais repetem-se como um jogo de imagens que frequentemente reaparecem, num misto de recordações que ao sol me parecem preencher.

Os mesmos cheiros, as mesmas vozes, o mesmo rebuliço de verão.

Sinto-me outra vez criança, se é que algum dia o deixei de ser...

O sabor do verão sempre teve em mim essa espécie de nostalgia de algo que por vezes me inquieta, noutras vezes me serena e outras ainda me agita como se estivesse permanentemente a navegar.

O mar exerce em mim essa expressão maior da alma, uma agitação intrínseca que não consigo descrever.

Faz parte de mim, pertence-me, assim como, a ele pertenço.

Esta atracção que me acompanha desde a meninice, reporta-me ao olhar ternurento de minha mãe, aos ensinamentos de meu pai e a essa saudade infindável de tempos que fugiram.

No meio do mar, entrelaçado com a água salgada desse mar imenso que me aguarda, voo na imensa viagem da minha vida.

E com ela, de todos aqueles que guardo na alma.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

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