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Caneca de Letras

19.10.17

 

São dias de rescaldo, estes que agora passam sobre esta imensa tragédia, que se abateu sobre todo o povo Português, por entre as cinzas de tantos e tantos mortos que tombaram nestes incêndios de 2017, sobrando a certeza e a convicção, de estarmos perante um tempo de responsabilidades mas também de futuro.

E é esse futuro que urge ponderar, aproveitando o embalo das palavras de Emmanuel Macron e do Comissário Pierre Moscovici, utilizando essa flexibilidade prometida, numa tentativa de reconstrução, de uma parte deste nosso País, que infelizmente, desapareceu.

Não deveremos apenas ponderar o reordenamento do território, a reflorestação destas terras um dia verdes, pois não me parece menos importante, debater a desertificação de uma parte deste País, abandonado à sua sorte, isolado...

Não será possível criar um plano que possa ser seguro, que possa revigorar todo um terreno, agora devastado, sem gentes, sem o vigor de um futuro, de crianças, de vidas.

O Governo, a Sociedade Civil, todos teremos de ponderar sobre esta questão, que considero uma das mais importantes, e que poderá ser a chave para um novo despertar, de um interior esquecido...

Como fazer regressar as gentes, ao interior deste nosso País?

Esta resposta, passará sempre pelas condições de vida que os jovens sintam poder alcançar, por uma certa esperança de oportunidade, que deixou de existir...

A não ser que se viva, numa grande metrópole.

Só assim, criando razões para existir futuro, voltaremos a ter gente, onde há muito, apenas existe um nada.

.

 

 Filipe Vaz Correia

 

 

16.10.17

 

Durante os incêndios de Pedrógão Grande, aqueles momentos arrepiantemente tristes, muitos quiseram ou pediram a cabeça da Ministra da Administração Interna, muitos chegaram a exigir tal consequência...

Não fui dos que se opôs a isso, no entanto, não estava certo se era esse o caminho a seguir, se na verdade, a MAI tinha esgotado ali o seu trabalho no cargo.

4 meses passados, não tenho dúvidas em afirmar, que chegou o seu fim político.

Não é possível que não tenhamos aprendido nada com a tragédia de Pedrógão, que não se tenha retirado nenhuma conclusão, neste espaço de tempo que mediou aquela desgraça e esta que agora Portugal torna a viver.

As declarações da Ministra, assim como as de António Costa, são inexplicáveis, estranhas, parecendo saídas de uma desconexa peça teatral, pejada de drama, mas em que os personagens em questão, se alhearam da realidade.

A Ministra Constança Urbano de Sousa disse aos jornalistas:

" Este não é um tempo de demissão, mas um tempo de acção!"

Se recuarmos estes meses, encontramos as mesmas palavras, da mesma pessoa, numa circunstância similar...

E o que mudou?

Fui eu que mandei desmobilizar os meios de combate, no inicio de Outubro, apesar dos avisos de várias instituições, por se considerar que tinha acabado a época de incêndios?

Foram os cidadãos que tomaram essa estúpida decisão?

Não, Senhora Ministra.

Sei da extrema seca que o País atravessa, sei que não se muda tantas falhas em tão pouco tempo, sei ainda que este será um trabalho de anos...

Sabemos todos.

Mas o que não se pode é dizer à população, que este horror será uma inevitabilidade, que voltará a acontecer, que não teremos meios para o combater...

Isso é que não.

E mais...

Se é indiscutivelmente tempo de acção, é igualmente tempo de demissão, e acima de tudo, é chegado o tempo de ter vergonha.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

19.06.17

 

 

 

Chovem lágrimas em forma de labaredas,

Gritos que ardem silenciados,

Rostos carregando as tristezas,

De pesadelos amargurados...

 

Nuvens impregnadas de terror,

Fumo que envolve sem parar,

Vidas que se escapam num ardor,

Num instante a flagelar...

 

Poeirentos pedaços de história,

Esvoaçando através do vento,

Trazendo na memória,

Tantas mortes e sofrimento...

 

E nas ruas de Pedrógão,

Nesses caminhos de Portugal,

Vai chorando o coração,

Deste povo sem igual...

 

Vai chorando,

Vai rezando,

Vai continuando a lutar.

 

 

18.03.17

 

Admito que já não consigo ouvir falar das agências de rating, das suas opiniões, das constantes preocupações, os interesses meio velados, as conclusões sempre crispadas...

Os anos passam e o massacre continua, trimestre após trimestre, sempre nublado, sombrio, adivinhando os temporais que felizmente, tardam em chegar.

Aqui não me interessa julgar a sua importância para a regulação global, a supervisão permanente para os investidores atentos, tendo em conta, aqueles países e empresas mais próximos do risco...

O que aqui me interessa discutir, é o que sinto diante destas constantes interrogações sobre o futuro deste solarengo país, ignorando a capacidade Lusitana para encontrar soluções, onde os outros apenas veem problemas...

Para o desenrascanço Português.

Já sabemos que a divida é gigantesca, impagável, pelo menos com estes juros, que a banca Portuguesa enfrenta dilemas, que a economia se depara com infindáveis desafios...

E então?

A divida Americana, é menor?

O déficit Francês, é menor do que o Português?

A solução política Holandesa, é menos confusa do que a nossa?

Quem é afinal, o campeão da Europa de futebol?

A que país pertence, Cristiano Ronaldo?

Tudo conclusões que não entram nos relatórios dessas agências de rating, que amiúde se recordam de acompanhar o senhor Schauble, nos desejos sombrios, sobre o céu nacional.

Pois aqui, formulo aquela que deveria ser a nossa resposta, a estes insuportáveis, pregadores de desgraças:

Pedir ao Procurador Rosário Teixeira e ao Juiz Carlos Alexandre que iniciassem uma investigação, sobre os fundamentos e os propósitos destas agências de rating e as suas insistentes conclusões e se possível as prendessem preventivamente, de maneira a que pelo menos no próximo ano, não pudessem emitir qualquer boletim sobre o nosso país...

Se possível ponderassem também, sobre o FMI e transformassem a nossa divida, numa saborosa indemnização, que nos livrasse dos vários Milhões de Milhões, ainda por pagar...

As noticias mudariam e passaríamos a ser nós enquanto país, a avaliar trimestralmente, a situação destas mesmas entidades e a sua respetiva liberdade.

Já estou a imaginar, os noticiários na CMTV e os seus respectivos comentadores, a discutirem horas a fio, o destino destas instituições, os prazos para os seus julgamentos e os intermináveis interrogatórios...

Garantíamos paz, sossego e audiências...

E certamente diversão. 

 

Filipe Vaz Correia 

 

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