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Caneca de Letras

Caneca de Letras

A Lição De Boris!

Filipe Vaz Correia, 13.04.20

 

Boris Jonhson saiu do Hospital, depois de dias difíceis, por entre, cuidados intensivos e inquietação Governamental.

Mas aprendemos alguma coisa?

Julgo que sim...

Na sua mensagem ao País, após estes inquietantes dias, Boris Johnson deixou uma mensagem de esperança e de recolhimento, agradecimentos e palavras soltas, amarradas a esse sentir que esta experiência lhe trouxe.

Nesse agradecimento geral, dois em particular:

A uma enfermeira da Nova Zelândia, Jenny, e a um enfermeiro Português, Luís.

Dois nomes, duas pessoas, dois Seres Humanos.

Naquele tempo, ao lado da cama do Primeiro-Ministro Inglês, não existiram nacionalidades nem polémicas, não se questionaram barreiras nem fronteiras, somente o bater do coração, esse querer maior que faz de nós Humanos.

Seria igual se ali estivesse naquela cama Farage, Le Pen ou Orban?

Para a Jenny e para o Luís, estou certo que sim...

E é essa lição que deveremos todos retirar, desta brava luta global, neste caso em particular...

Pensar num todo, como se o Mundo, a Europa, fosse constituída por pessoas, em casas diferentes, leia-se Países, mas todos circunscritos à mesma aldeia que nos serve de berço.

As melhoras Boris...

Parabéns a todas e todos que como a Jenny e o Luís estão na linha da frente a salvar vidas.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Morte “Morrida”

Filipe Vaz Correia, 08.04.20

 

Ousam voar das entranhas da indecisão;

Mortos e mortos para a ribalta dos jornais,

Vociferando a impotência,

Nossa, enquanto, animais...

 

Somos pó e vento;

Pedaços de nada em forma de gente,

Num sopro o tormento,

Num instante que se sente...

 

Caminhamos parados,

Trancados em casa,

Perplexos, embasbacados,

Como um pássaro sem asa...

 

Volta, volta vida;

Do lugar para onde partiste,

Sara, sara ferida,

Cala a dor que ainda subsiste...

 

E do fim de tamanho terror;

Que consigamos alguma coisa aprender,

Que este medo não fique torpor,

E a morte não seja somente morrer.

 

 

 

 

 

RE-PUG-NAN-TE...

Filipe Vaz Correia, 28.03.20

 

O discurso do Ministro das Finanças Holandês no Conselho Europeu, não foi o único, é absolutamente repugnante...

António Costa assim o classificou e muito bem.

Parece que nada aprendemos com a crise de 2008, sendo que muitos dos que saltaram para fora do barco se apresentam capazes de fazer o mesmo assim que o Tsunami económico chegue.

Uma barbaridade.

Uma coisa a União Europeia terá de repensar...

O seu propósito.

Se não serve para uma solidária resposta num caso como este, então não servirá para nada.

Gostaria, não sei se gostar será o verbo, de ver o que valeria a Economia Holandesa, Austríaca, Húngara sem o chapéu de chuva do Euro.

Mantendo este tipo de atitude, se calhar, iremos descobrir mais cedo do que julgamos.

Pois desta resposta se fará o futuro da União Europeia.

Repugnante...

Bela palavra Senhor Primeiro-Ministro...

Absolutamente repugnante.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

Onde Estão Os Liberais?

Filipe Vaz Correia, 27.03.20

 

No meio desta Pandemia, uma perguntar vem ao de cima:

Onde estão os liberais?

Passámos anos a ouvir teorias liberais, de profusas eminências pardas, que dissertavam sobre o peso do Estado na sociedade e na economia, teorizando tantas vezes sobre como deveríamos decrescer esse peso para sustentar o crescimento económico.

Agora...

Nestes momentos desapareceram essas vozes, esses entendidos que se deparam com esta transformação, vociferando agora por uma intervenção daquele monstro, o dito Estado, que tanto amaldiçoaram.

O Estado tem de intervir na economia, de intervir na sociedade, de impor regras e leis, de prevenir descalabros nas empresas e particulares.

Como Conservador, sempre defendi a intervenção do Estado e o seu peso na sociedade, talvez nos meus anos de juventude, 20 anos, no auge do sonho e aventura política, tenha tido uma pequena costela liberal, mas que logo se extinguiu ao observar os exemplos que nos anos seguintes me foram chegando.

O mercado regula-se a si mesmo, criando oportunidades e servindo de balança e estimulo à sociedade...

Muitos são os que defendiam este princípio, aqueles que gritavam à saciedade esta frase como mandamento maior dos seus valores.

O que esta crise pandémica vem certamente desnudar é a fundamental necessidade de existir um Estado forte, capaz de intervir e regular os princípios, muitas vezes selvagens, da nossa economia...

Um Estado capaz de ser rigoroso com as contas públicas, criando superávits em tempos de crescimento económico, pagando a divida pública, para podermos respirar em tempos de crise.

Nunca como agora isto ficou tão evidente.

Investir no SNS não pode ser algo de somenos, mas sim um imenso pormaior, nesse entrelaçado de escolhas que importa salientar.

Assegurar um caminho sem falhas, afastando os populistas que buscam, nas entrelinhas, fraquezas nas instituições democráticas que sustentam as Nações.

Imaginemos o programa do Partido Chega, do jovem André, que propunha o fim do SNS, a diminuição da Segurança Social e a minimização do papel do Estado no nosso sistema...

Imaginemos o que poderia ser esse cenário neste tempo de Pandemia.

Mas não falemos apenas de liberalismo económico...

O programa do BE propunha o endividamento do Estado como forma de sistematicamente alimentar os pedidos da sociedade civil, abrangendo déficits sistemáticos na casa dos 3%...

O que seria chegarmos aqui, com a divida pública que temos e com déficits sempre na casa de 3%?

Uma tragédia?

Claro.

Não existe espaço para populistas e demagogos, talvez esta crise pandémica nos possa fazer compreender, enquanto civilização, este facto.

Enfim...

Sobram questões e não faltam contradições por estes tempos mas mesmo assim arrisco voltar a perguntar:

Onde estão os Liberais?

Onde?

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Tic Tac, Tic Tac,Tic Tac...

Filipe Vaz Correia, 25.03.20

 

Não tenho vontade de sorrir, de voar ou de sentir, não tenho querer ou esperança, simplesmente desesperança nesta aprisionada existência entre quatro paredes, por entre, os grilhões mundanos.

Cabeças à janela, escondendo medos e anseios, pedaços de desespero pincelados no semblante, no olhar, na alma.

Já não se trocam beijos nem abraços, já não se apertam as mãos, deixando gélido o querer Humano, tão frágil e distante, num plano asfixiante carregado de terror.

Morre gente, muita gente, em todos os cantos dos recantos deste planeta.

E parece não terminar, não findar a angústia, esse pavor que consome o amor, esse fugir sem espaço, correr sem chão.

Faz-se silêncio, tamanhos vazios, secretos silêncios que agora se agigantam tornando hábito o que outrora era irreal.

Parques vazios, ruas despidas, nada e mais nada, numa correria que se perdeu, numa azáfama que cedeu o lugar ao tempo, tempo de espera, desesperada espera.

Apelos e novelos, relatos arrepiantes, que nos demonstram o quão pequeno é o destino diante da Mãe Natureza.

Nada somos...

Nada podemos...

Nada!

Tic tac, tic tac, tic tac...

O relógio não pára de correr, parado no mesmo lugar, assim como o raciocínio, o nosso, das gentes, buscando na memória dias diferentes na vida da gente.

Que Deus nos valha...

Que Deus nos proteja...