Em Mossul, no Iraque, estão neste momento 350 mil crianças encurraladas, numa cidade cercada, à mercê do Daesh ou de artilharia pesada da coligação nesta batalha sem honra que já dizimou Milhões de pessoas.
O mundo está de facto perdido...
Ao ouvir esta notícia, admito que tive de a rever para acreditar e não pude deixar de me questionar se algum dia, aprenderemos algo com os ensinamentos da história.
O que poderá ser mais importante, do que, este facto?
O que poderá valer mais a pena, do que, estas 350 mil crianças...
350 mil!
Mais ou menos a população de um país como a Islândia.
O que mais me aterroriza, é que no quadro político, populista, do mundo de hoje, parece que existem valores superiores a um drama como aquele que se vive em Mossul...
Muros e expulsões, raças ou religiões, ocupam hoje as prioridades desconexas deste novo tempo, transformando-se aos olhos de muitos, como as razões para as clivagens existentes nas mais variadas sociedades ocidentais.
No entanto, não consigo parar de pensar naqueles meninos e meninas aprisionados em Mossul:
Fechem os olhos e imaginem um prédio escuro, sem eletricidade, numa noite fria numa ponta do Iraque...
Imaginem os olhos temerosos de cada um daqueles meninos, enquanto as bombas caem, enquanto as carrinhas do Daesh varrem a cidade e estas crianças escondidas, perdidas, tentam respirar...
Tentam sobreviver.
Não existe política sem esperança, sem humanismo, sem futuro e que futuro estaremos a construir deixando estas pequenas pessoas de amanhã, abandonadas e entregues ao nada...
Ao desesperante medo de morrer.
Quero acreditar que será possível ter esperança e que como nos filmes, existirá sempre um final feliz, no entanto, olhando para o ecrã da minha televisão, começa a ser difícil...
Mas continuo a acreditar.
Que Deus vos proteja, Meninos de Mossul.
Filipe Vaz Correia