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Caneca de Letras

08.04.20

 

Ousam voar das entranhas da indecisão;

Mortos e mortos para a ribalta dos jornais,

Vociferando a impotência,

Nossa, enquanto, animais...

 

Somos pó e vento;

Pedaços de nada em forma de gente,

Num sopro o tormento,

Num instante que se sente...

 

Caminhamos parados,

Trancados em casa,

Perplexos, embasbacados,

Como um pássaro sem asa...

 

Volta, volta vida;

Do lugar para onde partiste,

Sara, sara ferida,

Cala a dor que ainda subsiste...

 

E do fim de tamanho terror;

Que consigamos alguma coisa aprender,

Que este medo não fique torpor,

E a morte não seja somente morrer.

 

 

 

 

 

28.02.20

 

Tenho repugnância por tablóides, por esse género de imprensa que vive à custa da desgraça alheia, da devassa da vida daqueles que lhes podem dar audiência ou tiragens.

A cobertura da morte de Laura Ferreira, a Mulher de Pedro Passos Coelho, por parte do grupo Cofina, é no mínimo asquerosa...

Asquerosamente indescritível.

Fotografias do enterro, das pessoas presentes, de Pedro Passos Coelho e Filhas, da dor plasmada no rosto desses entes queridos.

Neste caso, esse aproveitamento é sobre alguém que sempre primou pela discrição e recato, mas o caso atinge proporções de maior "canalhice", de maior atentado, como se isso fosse possível...

Para piorar a situação, resolveram ainda, esse grupo editorial rasca, fotografar a Ex-Mulher de Passos Coelho, Fátima Padinha, também ela vitima de cancro e inevitavelmente marcada por tão imensa doença, demonstrando pela comparação de retratos antigos e actuais, a evidente diferença entre esses tempos e os dias que correm.

Esta escumalha não se envergonha de desnudar a fragilidade de pessoas que não pediram a exposição mediática, pessoas que estando num momento de fragilidade perante a morte de alguém  próximo, terão ainda de lidar com a exposição medíocre daqueles que trocam a ética por um punhado de Euros.

Ver Fátima Paldinha gordíssima, até disforme, em resultado do cancro com que lutou, porventura ainda luta, e imaginar a sua dor a se confrontar com essa fragilidade escarrapachada nas páginas de uma revista ou jornal, inquieta e repulsa esta alma minha que vos escreve.

Não consigo calar a indignação...

Não quero calar.

É isso que me faz sentir Humano...

A indignação diante de tamanha barbárie.

O que me entristece é o facto de isto, esta escumalha, passar impune perante esta realidade, com as gentes a continuarem a comprar o determinado pasquim, a dar audiência à miserável CMTV, a serem cúmplices de tamanha Canalhice.

Não pude deixar de escrever...

Não posso compactuar.

Talvez um dia, os Octávios desta vida, possam sentir o outro lado e saborear a imensidão e impotência, que deve ser sentida por aqueles que são expostos ao sabor dos desumanos interesses deste grupo económico.

Que nojo!

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

15.02.20

 

O fim...

Sempre esse, palavra definitiva e cruel que encerra o mistério da vida, abrindo ou fechando destinos conforme as crenças de cada um.

Este debate que divide a Sociedade Portuguesa, Eutanásia, vai muito para além das palavras ou das singelas contradições.

As minhas crenças de menino, profundamente católicas, levam-me a sentir dúbias e contraditórias emoções sobre o caso, nesse entrelaçado sentir que me preenche.

Os meus Pais sempre me incutiram esse valor maior, denominado por Vida, essa dádiva de Deus que nos toca, e que apenas a Ele compete dispor.

Ensinamento, segundo o que aprendi há muitos anos atrás, que não permite contraditório, que encerra e preenche os mandamentos Sagrados.

Esse dogma religioso tolda a compreensão do tema, aliado ao medo de sempre, esse medo maior de morrer.

Vivo nessa contraditória sensação, entre os ensinamentos de outrora e a aprendizagem de novos tempos, questionamentos que chegam e irrompem os dogmas estabelecidos.

Não sei que decisão tomaria, se chegasse a esse momento, Deus me proteja, no entanto, algo me inquieta de forma inequívoca...

Como posso, neste caso, decidir por mim e pelo outro, em momentos diferentes, com raízes diferentes, querer diferente?

Decidir em circunstâncias diferentes, mesmos direitos...

Esse Direito de optar como terminar, como percorrer o fim.

Poder escolher esse fim?

Ou não?

Viver de acordo com os princípios que aprendi em tenra idade...

Mas como impor isso a quem não crê ou crendo não está disposto a continuar a percorrer essa estrada?

Esta dúvida é para mim maior...

E é essa dúvida que me inquieta e perturba nesta questão:

Deverá alguém que deseja ser Eutanasiado poder cumprir a sua vontade com as condições dignas?

Acredito que sim...

Como o Estado o faria?

Como este burocrático e errático Estado faria para vigiar e fazer cumprir a lei?

Essas também serão questões pormaiores e que importa discutir.

E voltamos ao fim, àquele que chega, sempre chega, independentemente de debates ou discussões...

E esse é o maior e triste parágrafo de uma singela história, a que chamamos de destino.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

12.11.19

 

Irra!

23 anos se passaram e pela primeira vez, esse triste dia, me escapou do pensamento...

Por um instante, nesta viagem, esse dia de final de Outubro teve em mim uma normalidade quotidiana, liberto da tristeza da tua partida, num descerrar do pano carregado de nostalgia.

Hesitei em escrever, como sempre faço, permitindo às memórias o refrescar de tantos momentos, por entre, recordações que se amarram infinitamente.

Um amigo...

Por vezes, pensando em ti, nesses anos de colégio, nos outros anos que sem colégio nos mantiveram absolutamente unidos, sobra-me a incerta certeza de que foram curtos os tempos que nos pertenceram, mas imensos os pedaços que construíram cada indescritível parte dessa caminhada.

Por tudo isso, desculpa-me por tão estúpido esquecimento, como se não me recordasse de ti de cada vez que vou ao Frutalmeidas, me sento na Cinderela ou Mexicana, em cada golo do teu Benfica, a cada vitória do meu Sporting, em cada impreciso segundo desta vida...

Nas diferenças nos unimos, literalmente, bem meninos, numa luta naquele recreio, num descarregar de puberdade que seria o selo para essa bela amizade, carregada de intemporalidade.

Ainda tenho preciso na memória o dia em que soube dessa maldita doença que te sequestrou com somente 16 anos, de cada parte das nossas conversas, dos silêncios guardados em nossos olhos, sempre que a realidade queria roubar essa esperança, nesses dias difíceis, nesses anos que se seguiram de incansável luta...

Nesse olhar encontrávamos o sorriso momentâneo de irmãos, amigos, desmedidamente interligados por essa inabalável confiança mútua.

Soube sempre que eras um dos melhores, melhor do que os demais, algo que ficou desnudadamente à vista de todos nessa cobarde luta que o destino te reservou...

Cada gota de coragem tua, era maior do que alguma vez vira, vi...

Cada impreciso sorriso, por entre, quimioterapia, resgatava a querença de te abraçar, de todos acreditarmos que seria possível.

De cada vez, de tantas vezes...

O maldito tempo que percorreu esse dia de tua partida, até este em que te escrevo, acabou por atenuar as saudades, ou seja, encobri-las numa espécie de neblina que teima em disfarçar o ardor no coração.

Mas sabes bem...

Sei que o sabes, que enquanto em mim restar um pingo de essência, desta alma que conheceste na tenra infância, tu viverás, amarrado a este querer maior que te tenho.

Até sempre, nesse encontro que um dia o destino nos reservará.

Com saudades...

Meu querido, Luís Miguel!

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

 

19.11.17

 

Esta polémica envolvendo o actor Diogo Morgado, levou-me a querer escrever estas palavras em forma de desabafo, numa mistura de indignação e revolta...

Não é a primeira vez que me apetece escrever sobre esta espécie de Industria do ódio e da morte, que cresce por entre a Imprensa, numa corrida desenfreada por tiragens, por vendas, a qualquer preço, a qualquer custo.

As capas de certas revistas, de certos pseudo-jornais, sobre o estado de saúde do Salvador Sobral ou mais recentemente, sobre a doença do actor João Ricardo, envolvendo até o seu filho, deixaram-me imensamente chocado, demonstrando também, até onde estão dispostos a ir estes pasquins.

Os princípios e valores, estão completamente subjugados, em detrimento desta busca incessante pelas audiências ou tiragens, atingindo qualquer um, escrevendo o que for preciso, seja verdade ou mentira, seja vida ou morte.

São capazes de tudo, sem remorsos...

Sem olharem para trás.

Esta vergonha relacionada com a morte do Avô do Diogo Morgado, canalhice da autoria da Nova Gente, demonstra a imoralidade vigente, por entre certo tipo de "jornalistas" que se dispõem a tudo e que beneficiam da conivência daqueles, que continuadamente compram os seus "trabalhos".

Estas noticias alimentadas pelo lado negro da coscuvilhice alheia, são na génese a fonte que alimenta esses que buscam na lama, a chafurdice certa, visando a gratuita desgraça de outros.

Nunca mais me esquecerei de uma capa do National Enquirer com o actor Patrick Swayze, pouco tempo antes de este morrer, na parte de fora de uma loja de conveniência, denotando a fraqueza que já dele se apoderara.

Nessa capa, acompanhava a fotografia, um conjunto de letras, duas palavras:

The End.

Nunca mais me esqueci daquela barbárie, dessa espécie de ausência de consciência, da imensa vergonha por nada de Humano, ali estar presente.

Aquela capa, como tantas e tantas que vemos por aí, demonstram que estamos num tempo diferente, numa verdadeira anarquia selvática...

E nesta selva, reina o lixo jornalístico, capaz de tudo, para continuar a vender.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

21.10.17

 

 

 

Passaram vinte e um anos;

Que lentamente esvoaçaram,

Por entre as memórias que sobraram,

As mágoas que ficaram,

Em mim...

 

Passaram vinte e um anos,

Como se passasse a intensa dor,

Amarrando o sentimento,

Ao entorpecente ardor,

Com que o tempo,

Tudo leva...

 

Passaram vinte e um anos,

E neste dia,

Vão regressando,

Um a um...

 

Numa intensa melancolia,

Pedaço de uma saudade,

Abraço de nostalgia,

Num adeus de verdade...

 

Passaram vinte e um anos,

E podem outros vinte um passar,

Que terei para sempre em mim,

Esse teu esperançado olhar,

Esse imenso acreditar,

Num futuro que não te chegou...

 

Vinte e um anos;

Meu eterno amigo.

 

 

 

 

28.02.17

 

A Unicef, divulgou um relatório, onde revela que durante 2016 morreram no mediterrâneo, perto de 700 crianças, nessa fuga migrante de miséria e desgraça...

700 crianças.

Diante destes números é impossível não sentir, a vergonha imensa perante o desenlace encontrado, por estas pequenas vidas, cheias de esperança e de desespero, misturado nesse imperioso desejo, de encontrar um local seguro para sonhar.

Não existe revolta suficiente para descrever esta tragédia, não existe raiva suficiente para contar tal destino, não existem palavras suficientes para gritar ao vento, que naquele mar, cemitério, aqueles meninos se transformaram em despojos da humanidade...

Apenas sobeja a tristeza silenciosa, envergonhada, derrotada, naqueles que possuem coração e que sentem através dele, que nada, poderia ser tão cruel.

É aqui que cada um de nós, poderá fazer o pequeno exercício, de olhar à nossa volta, de fechar os olhos por um instante e pensar em algum menino ou menina, que nos seja querido, nos seja próximo...

Pegar nessa imagem e levá-la através das nuvens que atravessam os pesadelos, os receios e transportá-la até àquele mar, àquela praia, onde repousam tantas crianças sem vida...

Mudar o rosto desses desafortunados, despejados de esperança e imaginar que são os nossos, as nossas crianças.

Nesse momento talvez sintamos, o quão impossível será viver aprisionado por esse horror que provavelmente se repetirá enquanto leem este artigo...

E o mundo continua, continuará, relatório após relatório, a lamentar, a escrever, como aqui faço, mas verdadeiramente a esquecer estes pedaços de destino, abandonados à sua sorte.

Como é triste, tristemente imaginar, o rosto de Deus...

Esse Deus de todos nós, que talvez complete com as suas lágrimas, aquela imensidão de água que forma esse mar, com esse nome...

Mediterrâneo!

Que Deus vos proteja, meninos do mediterrâneo, porque a Humanidade não o fará.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

25.02.17

 

 

Uma jangada molhada, cheirando o medo que se apoderou de todos nós, daqueles desventurados que impelidos por essa vontade maior, não deixaram de acreditar.

Os olhares baixos, cerrados, apenas ouvindo o bater daquela ondulação, dessas ondas de esperança que amiúde chegam, levando com elas esse futuro que anseio encontrar.

Ao meu lado uma jovem mulher, com um lenço à volta da cintura, onde adormece aquele menino, seguro, nos braços de sua mãe...

A noite se apodera do nosso destino, os sons que se calaram no meio de tantas bocas, ali fechadas, cumprindo as ordens, daqueles rudes mercenários, que nos guiam perante a incógnita escondida, desta lotaria a que chamamos de vida.

O barulho do motor é o único ruído permitido, naquela imensidão ruidosa, compassadamente reunida por entre o silêncio de tantos medos, que insistem em ficar...

Deixei tanto para trás...

Tanta miséria, tamanha fome, desespero e lágrimas mas também o amor por minha mãe, banhada na intranquila saudade, que já sentia antes mesmo de eu partir, a voz emocionada do irmão que ensinei a caminhar, os amigos que escolheram a certeza de ficar, no mesmo lugar, na mesma violenta obrigação de ceder à vontade, de algo melhor.

- Calados! Ouvia se a voz daquele homem com os olhos encovados e o rosto marcado pelas cicatrizes, de uma vida de contrabando...

Luzes apareciam ao longe, distantes e ao mesmo tempo, cada vez mais perto, mais presentes, no desespero que se instalava...

Por incrível que pareça, só ali no meio daquele mar, pela primeira vez se apoderou de mim, este pensamento de que era possível algo correr mal...

Algo impedir o mirífico momento em que pisasse terra firme, neste sonho por cumprir, chamado:

Europa!

Um tiro e depois outro...

Um grito e depois muitos outros...

Um terramoto naquela noite sombria, que irrompia sem cantar as doces fábulas da minha eterna esperança.

Abanava a barcaça...

Abanavam a barcaça, qual casca de noz engolida por aquelas ondas que aparentavam ser maiores do que o céu estrelado que por cima de nós, silencioso, observava.

Pés pisavam o meu rosto, sensação de um desgosto que ainda não chegara, mãos que insistiam em me prender os movimentos, sacudindo essa mistura de sentimentos, gritando em mim, vozes sem fim, nesse salto que nunca quis dar...

E no meio desse salto, amarrado àquela barcaça de esperança, entre vozes e mar, cai naquela água gelada, naquele negrume refletindo a noite, na calmaria que outrora ali estivera.

Vozes cada vez mais silenciosas, ruídos cada vez menores, engolidos na imensidão daquele mar.

Misturava me com aquela água, que me envolvia, circundava, seduzindo-me numa espécie de abraço que me esmagava o coração, acelerado, desnorteado, desiludido...

Adormeci, deixei-me levar, desaparecendo nas profundezas solitárias, gélidas e salgadas, deixando enfim, que o destino tomasse conta deste seu filho...

Até que uma mão me agarrou, resgatou, nessa distância que parecia minha, só minha...

Ao respirar novamente, o mundo chegou até mim, acordou-me, despertou novamente os meus sentidos, a minha eterna gratidão.

Mas ao olhar em meu redor, apercebi-me, que no meio de tantos gritos, de tantas vozes, de tantos olhares, de tantas vidas, de tamanha esperança...

Apenas eu, sobrevivi!

E agora, aquela barcaça de esperança, era apenas eu...

O legado de tantas almas, com os sonhos perdidos nesse mar.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

11.02.17

 

Schumi, carinhosamente tratado por tantos, como eu, que dele gostavam, gostam, admiram, marcou sem dúvida, uma geração de pilotos de fórmula 1, talvez mesmo, toda a história desse desporto.

Eu era um admirador de Nélson Piquet, piloto brasileiro, que fazia as delicias da minha imberbe infância...

Não tenho memória, das suas vitórias na Brabham, mas guardo com a mesma intensidade aquele louco ano, com Nigel Mansell, na Williams Honda, que levou ao seu terceiro titulo mundial, de fórmula 1.

Piquet foi o meu primeiro ídolo, por quem chorei, praguejei, torci, de maneira fervorosa, volta após volta, adversário após adversário...

E eram muitos, de qualidade, desde o novato Ayrton de Senna, Nigel Mansell, Alan Prost entre outros, sempre empenhados em circuitos míticos, alucinantes, por entre voltas emocionantes e desfechos imprevisiveis.

Quando em 1991, Piquet resolveu abandonar o Circo da fórmula 1, um vazio ameaçava este menino de 14 anos, orfão desse ídolo que deixava o seu lugar, reservado na história do automobilismo...

Superior a ele, até então, só Fangio com os seus cinco títulos mundiais.

No entanto, um jovem, começava nos velhinhos Jordans, aparecia na cena automobilistica, chegando até à Benetton, última equipa de Piquet...

Parecia mais um, mais um nome, um prodigio como tantos outros, que entretanto por ali tinham passado, só que ao entrar no cockpit do seu carro, voando pelo asfalto daqueles circuitos, daquelas tardes de corrida, tudo mudara...

Senti logo uma imensa ligação, uma intensa admiração por aquele menino que enfrentava Senna, Prost, sentado no seu carro, lutando sem medo contra esses monstros que aprendera a ver no seu televisor.

Esse jovem Schumacher, pontuou pela primeira vez em Spa, voltou lá mais tarde para vencer pela primeira vez e depois brilhou, anos sem fim, numa dança permanente com as curvas desse labirintico destino.

Acompanhei todas as corridas, todos os momentos, todo o percurso que o guiou até aos seus sete titúlos mundiais.

Os carros menos seguros, o trabalho exaustivo, a busca constante pela perfeição que acabava por sobressair em cada paragem na box, em cada pingo de chuva que teimava em cair.

Schumi, à chuva distanciava-se dos demais, tal como Senna o fazia, porque nesse instante, apenas o talento poderia servir de vantagem em relação ao medo, à imensa insegurança de ser melhor.

Aprendi a segui-lo, continuei a admirá-lo, rejubilei com cada vitória...

No fim de toda a história, emocionei-me na sua retirada, nunca reencontrando a paixão por este desporto, que acabou por esmorecer em mim, com a inevitável despedida de uma época.

Quando apareceu pela primeira vez, esse rapaz desconhecido, ninguém esperaria que ao se despedir, o faria no patamar superior da galeria dos intocáveis, o mais intocável entre iguais.

Até aos dias de hoje, nesta luta pela vida que agora trava, mantenho-me fielmente como mais um Tiffosi, acreditando que na última curva, no derradeiro momento, ele vencerá...

E aí, voltarei a emocionar-me, recordando cada vitória, cada lágrima, diante da pequena televisão do meu quarto, onde podia voar através das rodas do seu Ferrari, pelo sucesso de um eterno campeão.

Boa sorte Schumi!

 

 

 

05.02.17

 

Esta é uma discussão para a qual, admito, tenho complexos e receios, preconceitos e anseios, dificuldades em desligar os dogmas incutidos na infância, e que bem ou mal fazem de mim o homem que hoje sou.

Sou cristão, católico, e por isso esta discussão reveste-se de uma imensa complexidade, no entanto, reconheço que tem de ser feita e debatida numa sociedade plural como aquela que temos, nestes meados do séc. XXI.

Não me julgo dono da verdade, não conheço esse tremendo sofrimento que muitos assistiram, através da dor prolongada de entes queridos, ou mesmo, esse desesperante sentimento de não se ser senhor, da nossa própria morte.

Para mim, admito, é algo em que evito pensar, não consigo lidar bem com essa ideia de que chegará um dia, espero bem longe, definitiva e arrebatadora.

Por não lidar bem com essa palavra, revestida de tamanha brutalidade, é que respeito imenso o tema e o seu debate,  apesar de ser contra esse direito concreto, de pôr um termo à vida, direito esse que acredito pertencer apenas a Deus, concordo que seja importante definir de uma vez por todas, qual o caminho que o país deve seguir.

A única coisa que me parece indiscutível, para mim, é a forma como este debate deve ser feito, deve de ser decidido...

Pelas pessoas.

Se querem levar por diante esta discussão, esta decisão, então julgo que esta deve ter o mesmo tratamento, que teve a discussão sobre o Aborto...

Ou seja referendo.

O Parlamento e os partidos, não devem legislar sobre uma medida desta natureza, desta complexidade, sem dar a voz aos seus cidadãos, deixando que estes possam expressamente demonstrar através do voto, qual a vontade sobre tão importante assunto.

E assim, feita a discussão, decidido o lado em que cada um se colocará, o país ficará mais esclarecido e certamente a decisão será mais consciente.

E depois, seguirão as dúvidas e continuarão as incertezas, pois num tema tão delicado e fracturante será sempre a fé ou a falta dela a definirem muito do nosso pensamento.

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

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