03.03.20
Subi montanhas, inimagináveis montanhas, presas aos sonhos inacabados de outrora, aos arrependimentos de agora, às promessas caídas, hesitantes e feridas, a tantos desvelos, em incertos novelos, transbordando de querer...
Subi montanhas, essas tamanhas, onde se escondem tacanhas, as amarguras de uma vida.
Montanhas...
Montanhas agrestes, epidemias e pestes, marcando as vestes de um singelo abandonado.
Já não sobram as marcas, das arranhadelas tortuosas, lágrimas salgadas, palavras sinuosas, de enganos e reparos, esquecidos ao vento, pesado arrependimento, que jamais se repara.
O tempo passa, as escolhas precisas, as mágoas se escapam, por entre, armadilhas vazias, nessa imensidão de esperança que cede lugar ao entediante percurso marcado no trilho de Deus.
Olho para trás...
Bem ao longe...
Buscando as silhuetas de mim, dos meus, dos outros...
Olho para trás...
Para a frente...
Nessa presença, presente, que insiste em se fazer sentir.
Subi montanhas...
Subo montanhas...
Esperando no cimo de todas elas, encontrar esse almejado paraíso que tantas vezes sonhei e encontradamente desencontrar as incertas certezas que temerosamente, por vezes, me invadem.
Subi montanhas...
Para te reencontrar.
Filipe Vaz Correia