25.06.19
Mário Centeno esteve no Jornal das 8 da TVI, numa entrevista comandada por Pedro Pinto e Miguel Sousa Tavares.
Nunca votei no PS, não o pretendo fazer, mas feito o ponto de ordem a este texto, compete a este "Canequiano" expressar a minha estranha empatia com este Ministro das Finanças.
Mário Centeno deu esta entrevista no dia em que se soube que se verificou, no primeiro trimestre, um excedente de 0,4% na execução Orçamental para 2019, algo absolutamente inédito desde que existe Democracia.
Este caminho trilhado, essencialmente por Centeno, revela não só rigor da parte do Ministro das Finanças como também um rumo delineado, uma ideia para o caminho Orçamental Português.
Este facto, aliado ao percurso já percorrido, dá uma credibilidade Internacional, até internamente, que se afigura como preciosa.
Nunca confiei em Governos Socialistas, como a História acaba por confirmar, carregados de despesismos e contradições, culminando frequentemente em crises económicas gravíssimas.
Centeno vem contrariar essa História, esse pedaço de desconfiança habitual num trajecto Socialista entrelaçado com populismos e gastos desnecessários.
Sendo um Conservador, sempre no lado Direito do espectro político, sempre tive referências importantes como Ministros das Finanças, neste período Democrático, como Miguel Cadilhe, Aníbal Cavaco Silva ou Manuela Ferreira Leite, em contraponto com os Governos Socialistas que arrepiavam caminho, abriam os cofres e anunciavam o Oásis fiscal, esse lado cor de rosa sempre com vista a eleições.
Este mundo de Centeno é tudo menos isso...
É aliás o seu contrário, uma visão que se mistura com o inultrapassável rigor, na certeza absoluta de contas certas, amarrando essa querença inexcedível de confiança.
Como contrariar esta visão, se ela se confirma a cada trimestre, se impõe em cada resultado?
De todo este caminho, chamem-lhe cativações ou rigor, apenas na Saúde posso encontrar um ponto onde absolutamente divirjo, numa oposição inegociável, onde não se admite desculpas.
As contas públicas tem de encontrar espaço para um SNS de excelência, cortando em outros lugares, sejam eles quais forem...
Para o nível de impostos que os Portugueses pagam, não se pode compactuar com uma Saúde sofrível, abaixo do que se espera.
Aqui reside a minha divergência maior com Mário Centeno e a sua execução Orçamental.
De resto, não vejo nada que impeça o elogio ou até a sua presença num Governo Conservador de Direita.
Antes pelo contrário, era facto que até se saudaria.
Assim neste mundo de Centeno, este louco mundo que coloca um Ministro das Finanças Socialista como baluarte do rigor, me encontro a seu lado, numa estranha empatia que não posso deixar de aqui registar.
Filipe Vaz Correia