16.07.17
Muitas vezes estou sentado na praça do Areeiro, na Pastelaria Cinderela, contemplando esse mundo inexistente, de um tempo onde fui feliz...
Muitas vezes estou ali pensando, em tempos que não regressam, em amizades que fugiram, em momentos que guardarei intemporalmente.
Como escrever sobre pessoas que marcaram essa imberbe vida, que representaram tanto, sentindo cada instante hoje fugaz...
Ainda parece que aqui lancho todos os dias, que a cada mês a minha querida mãe aqui vem pagar os suspiros e dedos de dama que me deleitavam.
Como passaram rapidamente trinta anos, como se escaparam sem dizer, por entre, os dias encobertos da minha imaginação...
De lá para cá ganhei amigos para a vida, desilusões eternas, buscas infindáveis que tinha como certas e certezas tão incongruentes que era incapaz de decifrar.
Mas ali se mantêm as janelas, as pedras da calçada, caladas, serenas, segredando as aventuras e agruras pelas quais passei...
Ainda guardo dentro de mim sorrisos daqueles que desapareceram, lágrimas sentidas por aqueles que na minha mente ainda moram, memorias intemporais que não desejo apagar.
Ali ainda moram professores, colegas, amigos...
Ali ainda te vejo sorrir, meu caro Luís, contemplando este amigo que sempre te foi leal, pois essa partilha é o que nos tornou absolutamente ligados, sem exceção, sem limite .
Ali estão guardadas as memórias da minha meninice...
E com elas grande parte de mim mesmo!
Filipe Vaz Correia