19.03.19
O tempo voa, passa num pequeno pestanejar, como se fosse areia numa mão, vento por entre um momento, um singelo momento intemporal.
Cada ano que passa vamos perdendo pessoas, deixando para trás memórias, histórias, laços que se quebram, sem retorno.
Parece que se acalma silenciosamente a impulsiva vontade de correr, de viver intensamente sem parar, sem esperar, desesperando nesse receio desencontrado por um outro sentir.
O tempo passa, voa, entrelaça a alma pueril à sua idade real, à descoberta desse caminhar das nuvens por entre o céu, do viajar da água por entre o rio, do ondular das ondas no mar.
Caminhando sempre no mesmo sentido, sem regressar...
Como tenho saudades, de mim e dos meus, daqueles que hoje não se encontram a meu lado, nesse abraço perdido, que jamais voltarei a sentir.
Como tenho saudades dos cheiros, desses mesmos cheiros que um dia me pertenceram...
Como tenho saudades do escuro da manhã, de mãos dadas com minha Mãe a caminho do colégio.
Como tenho saudades das viagens para o Alentejo, das vozes carregadas de alma em cada ruela de Santa Luzia.
Como tenho Saudades de correr por entre os corredores da minha escola, sem temer o tempo, desconhecendo que cada pequeno instante, seria importante para mim.
O tempo passa, voa...
Por entre as vitórias e perdas de um destino.
Filipe Vaz Correia