Estive na festa de anos de um grande amigo, um almoço descontraído, bem aproveitado, 40 anos de histórias e recordações...
Um dia de encontros, reencontros, pessoas que há muito havia perdido, nos havíamos desencontrado, neste labirinto chamado vida.
Por entre conversas e opiniões, uma me desarmou, deixou estupefacto, desarmadamente incrédulo, perante a memória dessa minha meninice:
- Fechou o T-Club!
- Fechou... Deixei sair de dentro da minha espantada alma...
Perdoem-me o desabafo, mas aqui vai:
Cresci em Lisboa, e parte dessa minha descoberta da noite alfacinha, foi feita no T-Club de Lisboa, nesses momentos guardados por entre os segredos de uma adolescência feliz, pejada de amizades, de vagabundas imagens.
Há muito que havia compartimentado o trauma do adeus ao T-Club de Lisboa, assim como ao Stones, no entanto, juro que jamais me passou pela cabeça, que seria possível o T-Club da Quinta do Lago ou a Trigonometria encerrarem...
Na minha mente isso era impossível.
Era impossível na mente e no coração, por tudo o que ali vivi, por tamanhas histórias guardadas de tantos de nós, que perfazem a minha vida.
Mas fechou...
Mostraram-me o leilão de coisas à venda na Internet, pedaços de memórias minhas, de histórias de outros, de vidas.
Como se atrevem a desarmar o meu passado, num futuro, que jamais adivinharia?
Como encerram, os amores e desamores que vivi na varanda da trigonometria, os momentos em que o mundo me pertencia, na pista do T-Club?
Naquele espaço guardo pessoas que estimo sem tamanho:
Meu Pai, Jaime, Manel, Zé Miguel, Bordini, Daniela...
Não esquecendo o meu querido Tio Jaime, com quem ali partilhei algumas das melhores histórias da minha vida.
Tantos e tantos momentos, encerrados numa frase, num momento, numa vontade dos tempos, em alterar o que jamais imaginei ser alterado.
Ficam as memórias, os tempos áureos, a saudade que ninguém poderá apagar...
Mesmo que tenha de, finalmente, dizer adeus à minha feliz adolescência.
Filipe Vaz Correia