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Caneca de Letras

26.06.20

 

 

 

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Jeremy Mathieu retirou-se do Futebol, nesta Quinta-Feira, depois de ter sofrido uma lesão ligamentar no joelho.

Nas suas palavras, carregadas de emoção, sobrou a destreza do carácter e a sensação de injustiça, essa mistura que transporta este momento para o quadro intemporal dos maiores.

Mathieu não poderá se despedir no relvado, com um estádio cheio, como o fabuloso jogador que foi.

Sochaux, Valência, Barcelona, Sporting, Selecção Francesa, serviram de palco ao talento de um dos mais extraordinários defesas que vi jogar, entrelaçando técnica e posicionamento, tranquilidade e velocidade, amarrados a uma irrepreensível postura enquanto profissional.

A classe...

Esse pormenor que se ergue em pormaior, que marca e muda, silencia e esmaga, envolvendo aqueles que guardarão na memória um golo de livre a 30 metros ou um pontapé de moinho dentro da grande área.

Momentos e mais momentos...

Em francês, castelhano, catalão ou português, o seu talento sempre significou admiração, qualidade, classe.

Sabíamos que o fim, como futebolista, estava próximo, as lesões, a idade, anunciavam ao vento o adeus de um dos grandes jogadores que actuou neste nosso futebol mas assim...

Nesta amargurada tristeza, sobra ainda mais a vontade de rever um passe seu, olhar para uma arrancada de área a área, um livre milimetricamente executado.

Saudades!

Vi alguns dos maiores defesas centrais de sempre, Baresi, Costacurta, Cannavaro, Ruggeri, Koeman, Stam, Köhler, Augenthaler, Mozer, Luisinho, Fernando Couto, Piqué, Pepe, Ferrara, entre tantos outros...

Nenhum como André Cruz, o mais extraordinário defesa central que vi jogar, sendo que o melhor elogio que poderei fazer a Jeremy Mathieu é que ele me fez recordar, várias vezes, os tempos do Mestre André.

E isto, para mim, não é dizer pouco.

Assim, neste fim que se espera seja o princípio do resto de sua vida, nada mais deverá ser permitido expressar que um imenso obrigado de todos os Sportinguistas, de todos os amantes de futebol, pelo extraordinário privilégio de ter tido nos relvados Portugueses tão precioso talento.

Merci Monsieur...

Jeremy Mathieu.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

10.12.19

 

Palavras para quê?

Ao ler os depoimentos dos jogadores Max e Mathieu, sobra em mim uma tristeza imensa entrelaçada com essa vergonha que esventra a solitária alma Leonina, deste que aqui vos escreve.

Solitária porque este tipo de texto tem de ser escrito na solidão, sem ruídos ou acompanhamentos, de forma crua e desnudada como cada singela agressão que naquele malfadado dia “estuprou” a História do Sporting Clube de Portugal.

Ouvir Luís Maximiano é escutar as palavras de um menino que tem uma década de "casa", sonhando em cada dia vestir a camisola do seu Sporting, como esse sonho maior que serviu de alimento a tantos e tantos sacrifícios.

Para Max era também a possibilidade de desfrutar da companhia do seu ídolo de sempre, aquele que havia tido o mesmo percurso...

Rui Patrício!

O que Max conta no seu depoimento traduz o período sombrio que atravessou o clube, justifica a neblina que ainda nos encobre.

Naquele balneário, por entre aquelas paredes, soltaram-se petardos e fumos, murros e estaladas, ameaças que se agigantam nesses relatos de assustadores momentos plasmados no olhar de um jovem, um dia menino, observando in loco o poder do populismo Brunista.

De outro ponto de vista escutámos Mathieu, este sem uma ligação emocional ao clube...

Este jogador experiente, passou pela selecção Francesa e por clubes como Valência ou Barcelona, deixou através das suas palavras um testemunho sobre o medo que ali viveu, medo esse que diz ainda se manter, assim como a incerta certeza que lhe passou pela cabeça de não mais voltar a jogar pelo Sporting Clube de Portugal.

As coisas mudaram, acalmaram, mas fica evidente o horror experienciado por estas pessoas às mãos de arruaceiros criminosos, “cordeiros” impregnados por um boçal discurso que se fazia sentir em cada recanto de Alvalade...

Em cada “Fidelista” entrevista na Sporting TV. 

Que tristeza...

Que vergonha.

Lendo estes depoimentos fico convicto, já tinha esta certeza, de que era impossível para jogadores como William ou Patrício, tendo como Presidente Boçal de Carvalho, tomarem outra atitude que não fosse a de rescindir o seu contrato de trabalho...

Pelo ambiente, pela pressão familiar, pela incerteza da permanência do “esquizofrénico” ditador ou por tantas outras razões que se devem ter materializado após aquelas bárbaras agressões.

No banco dos réus sentam-se os "canalhas" que perpetraram tamanhos crimes, sendo de salientar a coragem daqueles que, jogadores ou outros elementos, presenciando aqueles actos se prontificam a contar o que necessita ser recordado.

Para que sejam punidos os envolvidos e  para que “Alcochete” jamais se possa repetir.

Palavras para quê?

Para que não se apague a memória do mundo verde e branco.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

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