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Caneca de Letras

29.03.18

 

Arnaud Beltrame...

Um simples nome que prometo não esquecer, assim como, esse legado de um instante, marcadamente destemido, se eternizará por entre a memória de um País.

O enterro do Gendarmerie Francês que ousou trocar a sua vida com a de um refém, durante o atentado a um supermercado em Trèbes, silenciou por momentos o rebuliço quotidiano de uma França dos tempos modernos.

Neste fim esmagador, arrebatadora forma de nos recordar o heroísmo que resiste na essência Humana, subsiste esta tristeza inerente à morte.

Beltrame tombou às mãos de Radouane Lakdim, terrorista Islâmico de 25 anos, negando a capitulação diante da cobardia imensa, dando a sua vida para que outra pudesse continuar a viver...

Essa sobrevivente é Mãe de uma criança de dois anos.

Ao compreender a história, ao ler a tragédia, mais me arrepia o acto, o desesperante momento em que este simples homem, se tornou herói.

Emmanuel Macron prestou a sua Homenagem a este Gendarmerie, no pátio do Hotel des Invalides, transportando com ele todo o sentimento do povo Francês.

Por vezes estas histórias parecem escritas numa qualquer tela de um cinema, retiradas da amargura Humana, ficcionada, sem a carga irreversível de um destino...

No entanto, não foi assim.

Arnaud Beltrame morreu...

E o seu legado serve de lição para um mundo cada vez mais embrenhado na individualidade mesquinha, de um singelo olhar.

Até sempre Monsieur Beltrame...

Merci Beaucoup.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

23.05.17

 

O pesadelo tornou-se realidade ontem à noite, num concerto de Ariana Grande, em Manchester...

Como é possível?

Pergunta que atormenta todos os que assistiram incrédulos, às noticias que passavam de televisão em televisão pela madrugada a dentro.

Crianças, adolescentes na sua maioria, em pânico, desesperados saboreando pela primeira vez aquilo que nenhum Ser Humano deveria experimentar:

O desesperante horror de um atentado terrorista.

Ao ver aquelas imagens a sensação com que ficamos, é de uma insegurança constante, existente em qualquer ponto do mundo, à mercê de um qualquer alucinado que sinta nos desmandos do seu errante cérebro, um chamamento para este terror sem quartel...

Como prosseguir com a rotina, sem que esse crescente medo tome conta de todos aqueles que querem viver sem as amarras de um tormento presente?

Como nos libertar dessa constante preocupação por nós e por aqueles que amamos?

O que directa ou indirectamente estes terroristas medievais pretendem, é na verdade, condicionar o dia-a-dia das pessoas, introduzindo essa mesma insegurança, como um padrão comum ao quotidiano cada vez mais sombrio, nesse receio tão Humano que nos invade...

Como pode um pai deixar o filho ir a um concerto sem que esta preocupação o tome de assalto?

Como conviver com este tormento de a qualquer momento um louco destruir a vida de alguém que amamos?

É neste tipo de dúvida e de pesadelo, que se encontram aqueles que vivem nestas sociedades atormentadas por este tipo de radicais, sem amor pela vida do outro ou mesmo pela sua...

E assim importa recordar o único caminho que temos para lutar contra este tipo de terror:

O de não cedermos ao medo, à insistente vontade, de condicionarem o nosso modo de vida.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

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