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Caneca de Letras

22.12.18

 

 

Volta pequena criança;

De outrora,

Carregada de uma esperança,

Que se foi embora,

Uma leve lembrança,

De um velho agora,

Que queria repetir...

 

Queria repetir;

Sem temer,

Voltar a sentir,

Sem perder,

Cada pedaço de mim...

 

Volta pequena criança;

Que um dia fui,

Sem medo da desesperança,

Que chegou...

 

E num qualquer lugar;

Num outro tempo,

Tentarei resgatar,

Essa espécie de momento,

Que eternamente me ficou.

 

 

 

 

 

 

 

28.12.17

 

Já não grita a velha alma;

Como se soubesse gritar,

Se soubesse roubar;

Da amargura,

A velha alegria,

Perdidamente inebriada,

Por tamanho destino...

 

Já não sorri o pequeno coração;

Esse menino perdido,

Velha recordação,

De dias escondidos,

Em mim...

 

Já não se entende;

Disfarce maior,

Pedaço insano,

Da velha infância...

 

A velha infância;

Que um dia,

Me Pertenceu.

 

 

 

 

26.10.17

 

 

 

Fujo todas noites;

De mim,

Dos pesadelos que me acorrentam,

Das mágoas que regressam sem fim,

Ou das dores que me sufocam,

Indefinidamente...

 

Fujo todas as noites;

Dos medos que me controlam,

Dos fantasmas que me circundam,

Das vozes que gritam,

Sem parar...

 

Fujo todas as noites;

Daquela criança assustada,

Que insiste em chorar,

Daquela voz embargada,

Que não pára de soluçar...

 

Todas as noites fujo;

Do escuro,

Dos medos,

De tudo o que se esconde,

Em mim...

 

E que sendo meu;

Desesperadamente me persegue.

 

 

 

17.06.17

 

 

 

Um mergulho tão fundo;

No despertar do verão,

Um prazer vagabundo,

Vagueando pela ilusão,

Reencontro profundo,

Com a distante recordação,

Da minha infância...

 

Este ar quente;

Este sol abrasador,

Reflexo de um tempo já ausente,

Passado acolhedor,

Por entre as memórias da minha mente...

 

E em cada pedaço deste mar;

Onde me pareço perder,

Perdendo-me nesse reencontrar,

Intenso reviver,

Desses verões que já não voltam...

 

A esse tempo,

Onde fui criança.

 

 

05.06.17

 

 

 

No cimo daquela árvore;

Estão guardadas as palavras,

Com que fingia,

Ser feliz...

 

No cimo daquela árvore;

Estão escondidas,

As lágrimas,

As feridas,

Da minha meninice...

 

No cimo daquela árvore;

Daquela e só daquela,

Estão desassombradas,

As amarguradas,

Fantasias,

Que não consegui alcançar...

 

No cimo daquela árvore;

Está um pedaço de mim,

Do que fui,

E não fui capaz de resgatar...

 

No cimo daquela árvore!

 

 

26.05.17

 

 

 

Resgatei do passado;

Um quadro tão antigo,

Um esboço traçado,

De um tempo perdido...

 

Reencontrei esse pedaço de mim;

No fundo da memória,

Uma espécie de abraço sem fim,

Descrevendo a minha história...

 

Descrevendo o que um dia esqueci;

Alegrias e ternuras,

Momentos que perdi,

Traquinices e aventuras...

 

Pinceladas de amizade;

Carregadas de emoção,

Impregnadas de saudade,

Invadindo o coração...

 

E regressando a esse tempo;

Onde fui criança;

Recordando por um momento;

Esse pedaço de esperança,

Da minha infância.

 

 

 

 

 

 

05.04.17

 

O menino dos olhos tristes;

Não sabia bem esconder,

Aquela chuva no olhar,

Meio tristeza a chover,

Insistindo em chegar,

Sempre que via reaparecer,

Aquele triste recordar,

Ausente reviver...

 

O menino dos olhos tristes,

Tristonhos e entristecidos,

Carregando um passado,

Coração bem ferido,

Dolorido, amargurado,

Por esse amor esquecido,

Nunca antes encontrado...

 

E nessa ausente infância,

 No aconchego que nunca chegou,

Perdido nessa distância,

Naquela dor que carregou,

Solitário...

 

E assim continuou;

O menino dos olhos tristes!

 

 

 

25.02.17

 

Era uma vez uma menina, que sonhava poder voar, repetindo nos seus sonhos, essa crença a soletrar, através das palavras que cresciam alegremente no olhar, cada vez, que via aquele recital...

Todas as noites ao adormecer, fechava os seus olhos, esperando poder sentir esse vento a chegar, como os pássaros, esvoaçando sem fugir, desse destino que tanto ambicionava.

Noite após noite, intocáveis pensamentos, que tomavam conta desses desejos impossíveis, difíceis de realizar...

No seu olhar encantado, uma esperança que não cabia dentro da sua alma, alvoraçando inquieta as angústias insistentes, guardadas secretamente, na expressão daquela imagem, sempre presente.

Tantos anos se passaram, desde que aquela menina, com os braços abertos, julgava poder cobrir os céus, na imensidão da sua dor, que alimentava os sonhos imaginados...

E nesse dia, naquela história, no cimo daquele palco, em cima daquelas tábuas de madeira, o passado regressava, para se fundir com o seu coração.

Abriam-se finalmente as cortinas, deparava-se com aqueles olhares indiscretos, das gentes sentadas, naquele teatro lotado da sua infância...

E ali de pé, com aquela música como pano de fundo, abria novamente os seus braços, a menina, agora mulher, saltando eternamente diante do infinito, enquanto abraçava esse destino, que tanto desejara tocar.

Voando por entre as nuvens e os desejos da sua terna infância, encontrava-se submersa, no imenso contentamento da sua alma.

E assim, uma bailarina, menina, mulher, ganhava naquele momento, naquela vontade, as asas com que sempre sonhara...

Bravo!

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

23.02.17

 

Pelos teus olhos;

Vejo o mundo,

E revejo enternecido,

Esse passado distante,

Outrora vivido,

Saudade constante,

Num presente perdido...

 

Através dos teus olhos;

Recordo tantos sonhos que se perderam,

Tantas vontades ausentes,

Que ficaram lá atrás,

Em cada lágrima por chorar...

 

E nesses olhos de criança;

Em cada passo aprendido,

A cada palavra de esperança,

Em cada gesto já vivido,

Nesse tempo, minha herança,

Daquele menino,

Que um dia fui...

 

 

 

13.12.16

Era uma vez um menino, que tinha medo dos pesadelos que se escondiam debaixo da sua cama, à noite, no seu quarto, naquela escuridão imensa que assombrava a imensidão da sua pequena alma.

Aquele quarto pequeno, aquele tecto trabalhado, aquelas sombras meio perdidas, escondidas que ameaçavam polvilhar aquela tenra imaginação...

Tinha medo que o levassem, que o aprisionassem nesse mundo obscuro escondido debaixo da sua cama e de onde era possível sairem os monstros mais terríveis alguma vez imaginados.

Nem a luz de presença o tranquilizava, nem os passos dos adultos o reconfortavam, nem a esperança sem fim de que a sua mãe o viesse tapar o deixava tranquilo, menos nervoso...

Tanto medo num pequeno coração, num menino que se escondia debaixo dos lençois.

A coragem que ele queria ter, por vezes parecia se apróximar, encher a sua alma e numa força sem fim, dar-lhe aquele pedaço de determinação para sorrateiramente espreitar para debaixo daquela cama, às vezes navio, buscando corajosamente encontrar o vazio que racionalmente ali teria de estar...

Mas essa determinação passava, esse medo regressava, voltava, vindo do nada, preenchendo novamente esse receio imenso que teimosamente insistia em não se calar.

Esse menino cresceu, esse quarto já não lhe pertence, essa cama já não existe, esse medo desapareceu...

Esse menino guardado no fundo da minha alma, já não chora com medo dos monstros que se escondem debaixo da sua cama, já não receia a escuridão que se instalava no seu quarto...

O menino que um dia fui, apenas sente saudades, desse tempo, desses medos próprios de uma irrequieta imaginação, dessa imensa angústia de perder aquilo que tanto estimava...

A infância que não regressa.

 

Filipe Vaz Correia

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