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Caneca de Letras

25.10.19

 

Tantas vezes sorri, perdidamente sorri, como se nada mais fosse importante, suficientemente importante para me esquecer desse pedaço de destino, onde timidamente me perdia em ti, por palavras, silenciosas palavras que decifravam cada entrelinha disfarçada nesse sentir que traduz o que escondido reluz, aquilo que importando se apaga, por entre, o espalhafato do quotidiano.

Foi assim...

Foram tantas vezes assim que se tornou pele e sangue, parte indisfarçável de um texto desconexamente sofrido.

Sofrimento, esse grito melodioso, que nos amarra, esmaga, que tantas vezes se agiganta como uma onda sem fim, cobrindo o horizonte e ligando o mar e o céu, num quadro poético, incapaz de ser descrito.

Tantas vezes a turbulência me tomou de assalto, me quebrou num pranto, nesse espanto que chegava e partia, desnudava e cobria, gritava mesmo que sem palavras...

Como explicar?

Como descrever o que, um dia, tão forte se fez sentir...

Esse bater do coração em tua presença, esse acelerar na tua ausência, descompasso de um compassado poema.

Pouco importará, nesse tempo futuro, se se perdeu cada toque e promessa, se desvaneceu cada eterno sentir que parecia inexpugnável...

Nada importará, nada mais do que cada memória amarrada a esse amor, tão imenso e intenso, capaz de resistir até mesmo ao seu fim.

Pois o fim, mesmo chegando, só é capaz de exterminar o que verdadeiramente se esquece...

E este amor será eternamente inesquecível.

Como sempre foi...

 

Filipe Vaz Correia

 

 

24.01.19

 

Várias cantigas, antigas, marcaram os momentos que se perderam num tempo, nesse tempo meu que não partilho, amarrado ao querer que insisto em guardar nas partes de mim, tão minhas.

Vestígios de felicidade que desconhecia, pedaços de um caminho, pincelados sem monotonia, num alvoroço que se desenha sem pudor, numa força estranha que se entranha, como mar revolto, meio desgosto, a gosto, num verão.

Vários os olhares que recordo, sem esquecer, palavras soltas que me pertenceram, sem a importância que hoje lhes dou...

Todos tivemos esse pedaço de tristeza que se levanta, por instantes, numa entrelaçada adivinha, num enigma perdido, sem solução.

Podes voar sem asas, podes correr sem pernas, podes respirar sem pulmões, chorar sem dor, mas amar...

Só com amor.

Esse amor que arde e doí, que esmaga e destrói, que amarga e corroí, ao mesmo tempo que constrói memórias, afagos, desejos incompreendidos, em templos feridos da longínqua história.

Renasci uma e outra vez, voltando aos mesmos sítios e recantos, buscando os mesmos caminhos, os mesmos cheiros, beijos inteiros, de pequenos trechos melodiosos.

Varias foram as cantigas, antigas, que me pertenceram, te pertenceram, nos pertenceram.

E sem saber, se tornaram inesquecíveis.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

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