16.02.23
Venho de famílias profundamente católicas, de um enraizamento alentejano que dificilmente se explica para além do cordão umbilical.
Posto isto, indo directamente ao relatório sobre os abusos sexuais na Igreja Católica terei de expressar que os números não me surpreendem, antes pelo contrário, tenho como certeza que muitos não denunciaram, outrora morreram no entretempo, outros ainda se silenciaram na certeza da sua fé.
Há muito que dispensei os intermediários na minha relação com o divino, padres e padrecos, moralistas e fundamentalistas.
Esta vergonha que desconstrói e fere, nada mais é do que um retrato de uma Igreja putrefacta e moribunda, carregada com séculos de pecados e bulas, de inquisição e violações, dos mesmos moralistas que nos impelem as regras para vivermos de acordo com os mandamentos de Deus...
Tenham vergonha.
E depois deste relatório o que terá a Igreja a expressar aos Jovens nas próximas Jornadas da Juventude?
Talvez seja o momento para olharmos para a história e caminharmos sem receio para uma separação entre a fé e os Homens "sacros" que a desejam impôr.
Filipe Vaz Correia