16.08.18
É tudo horrível...
Um tenebroso sentir quando aquelas imagens invadem a televisão e amordaçam a nossa voz, sufocam o nosso olhar, aprisionam o nosso coração.
Aquela tragédia em Génova, capta medos e desesperos, traz tristeza e solidariedade, recorda a cada instante o quão pequenos somos.
Uma ponte que colapsa num segundo e nesse segundo transforma a vida em nada, vidas em nadas, como se esse nada a que me refiro, fosse o fim de um tudo que até àquele instante fazia sentido...
Somente fazia sentido, sentindo que aquelas vidas tão novas e tão velhas, de filhos e pais, maridos e mulheres, amigos e conhecidos, almas solitárias...
Somente fazia sentido nesse desesperante instante em que tudo deixou de o fazer.
No fim de todo este horror, começam a dar nomes e rostos às vitimas, àqueles que morreram na tragédia de Génova e é aí que se apercebe a distante alma da desmedida tragédia.
Vendo os rostos daqueles que partiram, vendo o olhar dos que cá ficando perderam um pedaço de si mesmos, da dor transformada em gente, no rosto de um sem numero de pessoas.
Quando se dá nomes e rostos aos números, tudo parece ser ainda mais cruel, mais horrível, mais destruidor, mais intimidante...
Simplesmente porque os rostos da tragédia são precisamente iguais a qualquer um de nós.
Filipe Vaz Correia