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Caneca de Letras

06.05.21

 

 

 

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A lareira acesa...

A noite que cairia e eu ali sentado, no mesmo sitio de sempre, por entre, o infinito vazio.

Esse vazio que respira e se faz sentir, nesta casa outrora repleta de gritos e movimentos, de calor humano e alegria.

Ainda aqui estou...

Só.

A velha manta ao meu colo, repleta de buracos de cinza ardida, destes cigarros que continuam a ser o laço que me une a esse passado.

O copo de Whisky a meu lado...

A luz do candeeiro, o rádio ligado enquanto as mãos me tremem, tremendo cada vez mais.

Como passou tão depressa...

Como passou?

Oiço as mesmas canções, melodias que significaram tanto, tamanho querer que desvaneceu.

Os meus olhos cansados já não conseguem discernir as letras do jornal sem a ajuda de uma lupa, para me manter informado das novas que o mundo tem para contar, esse mundo que tanto mudou, se transformou, radicalmente se transmutou.

Faltam-me as forças, aquelas que antigamente me sobravam, num entrelaçado enigma em que se pincelou a minha vida.

Foram ficando para trás todos os momentos, rostos e pensamentos, até sobrar este nada que tanto significa, tanto abrange, tanto me sufoca.

É a ele, este nada, que me agarro com todas as forças para viver, num desconexo, incompreensível e inexplicável querer.

O meu coração já não pulsa, somente soluça, aqui e acolá enganado por uma ou outra pastilha receitada pelo Senhor Doutor...

Doutor?

Agora são todos “Doutores”...

Desde a empregada doméstica até ao moço dos jornais.

Não percebo nada deste mundo...

Aqui estou rodeado de retratos e rostos, feridas abertas em meu peito, dores e aflições que chegam e partem silenciosamente.

Já vos perdi, sem nunca me ter apercebido de vos ter tido...

Era tudo tão corrido, mesmo os jantares, mesas repletas, nessa azáfama que desassombradamente me escapou.

A lareira acesa...

Tenho tanto frio, tanto sono, tanto medo.

Já não sei escrever nem decorar o saber, perdido que me encontro neste labirinto de emoções que me persegue.

Para onde foram os amigos?

Os filhos?

E tu meu amor...

Para onde foste?

Todos partiram para esse lugar incerto, tantas vezes explanado na fé, essa que me foi abandonando à medida que só me encontrava, nesse desabitado coração meu...

Estou solitariamente entregue a este refúgio, nesta sala, neste museu de relíquias minhas, empoeiradas e amordaçadamente sombrias.

Estou só...

À espera de partir, de finalmente sentir esse encontro prometido na infinita sabedoria de Deus.

Deus?

Só espero que também Tu, não me tenhas abandonado...

Deus Meu.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

18.11.19

 

A lareira acesa...

A noite que cairia e eu ali sentado, no mesmo sitio de sempre, por entre, o infinito vazio.

Esse vazio que respira e se faz sentir, nesta casa outrora repleta de gritos e movimentos, de calor humano e alegria.

Ainda aqui estou...

Só.

A velha manta ao meu colo, repleta de buracos de cinza ardida, destes cigarros que continuam a ser o laço que me une a esse passado.

O copo de Whisky a meu lado...

A luz do candeeiro, o rádio ligado enquanto as mãos me tremem, tremendo cada vez mais.

Como passou tão depressa...

Como passou?

Oiço as mesmas canções, melodias que significaram tanto, tamanho querer que desvaneceu.

Os meus olhos cansados já não conseguem discernir as letras do jornal sem a ajuda de uma lupa, para me manter informado das novas que o mundo tem para contar, esse mundo que tanto mudou, se transformou, radicalmente se transmutou.

Faltam-me as forças, aquelas que antigamente me sobravam, num entrelaçado enigma em que se pincelou a minha vida.

Foram ficando para trás todos os momentos, rostos e pensamentos, até sobrar este nada que tanto significa, tanto abrange, tanto me sufoca.

É a ele, este nada, que me agarro com todas as forças para viver, num desconexo, incompreensível e inexplicável querer.

O meu coração já não pulsa, somente soluça, aqui e acolá enganado por uma ou outra pastilha receitada pelo Senhor Doutor...

Doutor?

Agora são todos “Doutores”...

Desde a empregada doméstica até ao moço dos jornais.

Não percebo nada deste mundo...

Aqui estou rodeado de retratos e rostos, feridas abertas em meu peito, dores e aflições que chegam e partem silenciosamente.

Já vos perdi, sem nunca me ter apercebido de vos ter tido...

Era tudo tão corrido, mesmo os jantares, mesas repletas, nessa azáfama que desassombradamente me escapou.

A lareira acesa...

Tenho tanto frio, tanto sono, tanto medo.

Já não sei escrever nem decorar o saber, perdido que me encontro neste labirinto de emoções que me persegue.

Para onde foram os amigos?

Os filhos?

E tu meu amor...

Para onde foste?

Todos partiram para esse lugar incerto, tantas vezes explanado na fé, essa que me foi abandonando à medida que só me encontrava, nesse desabitado coração meu...

Estou solitariamente entregue a este refúgio, nesta sala, neste museu de relíquias minhas, empoeiradas e amordaçadamente sombrias.

Estou só...

À espera de partir, de finalmente sentir esse encontro prometido na infinita sabedoria de Deus.

Deus?

Só espero que também Tu, não me tenhas abandonado...

Deus Meu.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

21.06.19

 

Parece que irão fechar de forma rotativa, repito rotativa, as Maternidades da Grande Lisboa durante o Verão.

Onde é que está o problema?

Claro que muitos aproveitam para atacar esta medida, sem atentar à boa prática orçamental da mesma.

Em primeiro lugar a maior parte das pessoas não vai para a maternidade no verão, altura de imenso calor, sendo a  praia um lugar mais aprazível.

Em segundo lugar é absolutamente normal que o Governo aproveite este tempo de férias para organizar os custos do Estado, assim como, fazem a maior parte das famílias.

Por exemplo, em minha casa desactivo a Sport Tv, aproveitando o fim do campeonato nacional, poupando dois meses de mensalidade.

Existem jogos durante este tempo?

Sim...

Mas pouco interessantes e em pequena quantidade.

Direi até mais...

Mas quem é que resolve fazer filhos em Outubro, Novembro ou Dezembro, meses agitados profissionalmente, com fecho de contas, vendas de Natal e agitação turística.

Quem?

Por todas estas razões parece-me que existe falta de compreensão com esta medida, numa rotatividade que se aprecia e saúda.

Não existem muitos Obstetras ou Enfermeiros no SNS, dificultando a gestão hospitalar para atender tantos utentes e mesmo assim as pessoas da região de Lisboa parecem insistir em procriar...

Mas não lhes bastava o Outono, o Inverno ou a Primavera, ainda querem ter filhos no Verão.

Tenham vergonha e vão para a praia, sem gritos ou reclamações que o nosso País, não é o Pingo Doce em dia de promoções.

Tenham bebés mas com respeito ao calendário adequado para o efeito.

Combinado?

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

18.04.19

 

 

 

Isto de ser mãe

 

A minha filha mais velha sempre adorou o mar. De tal maneira que cheguei a pensar que teria sido sereia noutra encarnação.

Mal se segurava em pé e já entrava na água como se fosse o seu mundo. Simplesmente avançava...

Um dia, em vez de a agarrar, coloquei-me atrás e deixei-a ir (quem conhece a Lagoa de Albufeira sabe que são águas paradas, sem perigo). Ela foi caminhando, segura e serena, e nem mesmo quando a água lhe tapou a boca e o nariz, quis recuar. Eu só a levantei quando sentiu a aflição de não conseguir respirar.

Não sei se aprendeu a lição mas eu aprendi.

Aprendi que ser mãe não é antecipar os perigos ou impedir certos percursos. Não vale a pena!

É deixar que decidam e que avancem, em busca daquilo que querem.

É permitir que errem em águas serenas.

É estar atrás, pronta a agarrar quando já não há caminho.

 

Talvez por isso, ganharam confiança e aprenderam a voar atrás dos sonhos.

Embora eu, passadas quase duas décadas, continue apenas um passo atrás, em estado de prontidão. Afinal, a vida dos jovens quase que se resume a escolhas incessantes e nem sempre os trilhos conduzem ao melhor destino.

 

Ainda não tenho a certeza se é isto que é suposto ser mãe.

Mas pelo resultado, parece que não me saí lá muito mal.

 

3ª Face

 

 

 

 

28.03.19

 

Será isto um pai?
Ouvir conversas alheias no autocarro não faz de nós coscuvilheiros, mas alerta-nos para casos estranhos que se passam na nossa sociedade, muito provavelmente na porta da frente.
A moça que ia sentada ao pé de mim, como sabem é impossível não ouvir o que diz quem está ao nosso lado (a não ser que se seja surdo, e eu sou praticamente de um dos ouvidos, e ainda assim ouvi) então dizia ela que o dia de ontem tinha sido muito difícil, até lhe tinha dado vontade de chorar.
E pelos vistos tinha razão para isso.
Que o patrão fartou-se de lhe gritar em frente da filha dele, chamar nomes e ameaçou de a despedir, por ter permitido que a filha voltasse da guarda partilhada em casa da mãe com um elástico no cabelo diferente do que tinha levado.
Então com o decorrer do telefonema percebi que a desgraçada da miúda, não pode trazer rigorosamente nada da casa da mãe, a roupa com que sai, é a roupa com que entra em casa! Nem umas cuecas, nem uma meia pode ser da casa da mãe. Sob pena de gritos, e mais gritos lá pela casa e ameaçar a miúda que não volta a casa da mãe.
A moça lá ia descrevendo que é sempre assim, todas as vezes que a miúda vem até com o modo como o cabelo está apanhado ele reclama!
Agora eu pergunto-me o que é que este pai anda a fazer a esta criança, que vive aterrorizada com este cenário?
Até que ponto chegam estes pais nas disputas parentais?
O que se passa na cabeça destas pessoas, que nem os filhos protegem, antes pelo contrário, prejudicam-nos das piores formas?
Chocam-me estes casos...

 

 

A Rapariga do Autocarro

 

 

14.02.19

 

A Chave para sermos felizes é prestarmos mais atenção ao que nos faz felizes e menos ao que não nos causa felicidade. Não é a mesma coisa que prestar atenção à própria felicidade.
Paul Dolan, in "Projectar a Felicidade".
 
Um dos temas tabu deste país voltou a ter um foco de atenção (pouco, mas melhor que nenhum) pela mão de um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos: "As mulheres em Portugal: como são, o que pensam e o que sentem?".
Muito se tem falado em igualdade de género e, no caso das mulheres, as que mais reivindicam e apregoam o actual "hype", são as mesmas que pactuam com salários mais baixos que os homens, aliás, algumas até impulsionam essa prática nos locais onde trabalham. São também as mesmas que vivem infelizes no sexo e que até já nem amam as pessoas com quem estão mas, por força do hábito ou de uma posição mais tranquila na vida vão aguentado esse martírio. Muitas são também aquelas que não lidam bem com o sexo oposto e portanto criam a sua posição de uma forma mais agressiva, direi.
 
Estranho que muito se fale da questão de género mas esta temática (salários, sociedade, vida em família, liberdade de escolha) continue a passar ao lado das reais reinvindicações... Não dá "likes" e até pode tirar o emprego ou uma vida estável e, quando assim é, viramos as atenções para algo que, aparentemente, é mais popular e pseudo-solidário.
 
Mas quando é que se começa a debater seriamente a diferença salarial? Quando é que uma mulher pode dizer claramente ao marido ou companheiro que o sexo é uma porcaria? Quando é que uma mulher pode, inclusive trair o marido e merecer o mesmo tipo de recriminação que o próprio? Quando é que uma mulher, e é aqui que pretendo chegar, pode dizer que não quer ter filhos por opção ou está profundamente arrependida de ter filhos? Ou até que teve filhos por uma questão de pressão social, de moda ou de status?
 
Sim... Existem indivíduos que actualmente trazem crianças ao mundo por que é "cool" ou então porque lhes permite (pensam) subir um patamar! Como casar, comprar a casa, fazer a viagem de lua-de-mel e comprar carro novo e... aumentar a dívida familiar. Aliás, até será mais bem aceite que uma esposa de outrem durma com uma chefia para aguentar a economia lá de casa mas que jamais diga que não quer ter filhos porque quer ter outro estilo de vida!
 
As mulheres (e também os homens) ainda não podem dizer simplesmente que não querem ter filhos por opção! A chuva de criticas e a ostracização social faz-se imediatamente notar! A família critica, os amigos criticam (e muitos, lá no fundo, porque invejam) e a própria sociedade o faz - essa mulher - ou homem - pode assim trabalhar mais que os outros, não ter férias quando os outros podem e sacrificar-se como fosse um ser cujo facto de não ter filhos aparentemente faça com que não tenha vida própria e, portanto... Muito se fala da questão dos filhos. Já lidei com situações em que mulheres foram primeiramente despedidas porque não choraram nem usaram os filhos como forma de alterar a posição do empregador! Que podemos chamar a isso: discriminação? Segregação? 
 
Será crime dizer que não se quer ter filhos porque se quer viver a vida? Será assim tão egoísta num mundo onde não faltam crianças? Lembro-me em tempos de ter lido as palavras de um CEO de uma fábrica de brinquedos portuguesa chamar de egoístas as pessoas que não queriam ter filhos porque assim não ajudavam a segurança social do país! Acredito, todavia, que estas palavras queriam dizer seria mais: sim, quanto mais crianças mais negócio para mim, além disso fica-me bem dizer isto porque sou um networker nato e gosto de aparecer porque sou muito solidário - todavia dos colaboradores deste senhor, ninguém ouve falar.
 
Ferreira de Castro, em "A Experiência", dizia que uma "moral, qualquer que seja, se, por um lado, se renova, por outro envelhece, e há normas de moralidade colectiva que, com o tempo, revela toda a sua desumanidade e tornam-se portante, imorais". Portanto que moral preside ao facto de ter o direito a não querer ter filhos? Onde é que entra! E o direito a dizer arrependo-me de ter tido filhos? E o direito a dizer separei-me porque já não amava nem suportava mais outrem ou até porque sexualmente não me satisfazia. 
 
Andamos muito atentos e participativos nos "hypes" das redes sociais e dos media, e no entanto, na realidade, vamos ficando mais conservadores e egoístas que nunca... Porque a realidade não tem holofotes e aí podemos mostrar (involuntariamente) o que realmente somos, e por norma, não é algo bonito de se ver.

 

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Fotografia da autoria de Robinson Kanes

 

Robinson Kanes

 

 

 

 

19.01.19

 

Não consegui passar indiferente a esta polémica envolvendo o programa de Ana Leal, na TVI...

Sinceramente, fiquei petrificado com as imagens de Manuel Maria Carrilho, com aquela espécie de violência desavergonhada que envergonha qualquer pessoa de bem.

Neste caso, uma perplexidade me atormenta...

Como alguém com esta personalidade, um tipo de "psicopata", pode ameaçar e atormentar impunemente, sem que um Juiz o impeça de "passear" livremente durante anos, numa gratuita forma de "violação" constante da sua ex-mulher e seus filhos.

O comportamento de Carrilho, naquelas imagens, é abjecto, manipulador, maquiavélico, demonstrador de uma pérfida forma de amar, entrelaçando nesse sentimento, o terrível e odioso ressentimento expresso em cada olhar, a cada palavra.

Um pequeno retrato de um inferno, repleto de mentiras e  agressões, desnudado aos olhos de todos nós, sem capas, sem filtros, sem mais nada.

Ao comentar esta reportagem, violento princípios meus, uma forma de estar e pensar, pois considero que ao divulgar aquelas imagens, a TVI contribuiu para a violentação daquelas crianças, expondo os mesmos ao terrível animal que é a opinião pública.

Se por um instante, conseguirmos nos colocar no lugar do Dinis ou da Carlota, talvez consigamos imaginar a dimensão da escadaria de sua escola ou a porta fechada da sala de aula, neste dia que chega após a divulgação desta reportagem.

Se conseguirmos, poderemos sentir um pedaço desse temor que os deve ter acometido.

Mas enfim...

É o mundo que nos sobra.

E de tudo isso, de todo este pesadelo, nada deverá ser maior do que a barbaridade feita por um "louco", que por acaso também é Pai...

Só mesmo por acaso.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

21.01.18

 

Resisti imenso em escrever sobre este caso nos Estados Unidos, em que os Pais fizeram durante décadas os filhos reféns, aprisionados em casa, subnutridos, torturados, massacrados sem dó...

Resisti por não compreender como foi possível, como é possível, como terá sido possível isto acontecer.

Ao ver as noticias sobre este caso, as imagens repetidas vezes sem conta, busquei através dos olhos daqueles Pais uma explicação, uma desperançada explicação...

Mas o vazio naqueles olhares, representa em mim esse medo da Humanidade, receio maior de pessoas assim...

Capazes deste tipo de sofrimento, desta tortura da alma, àqueles que supostamente lhes pertenciam.

Continuo a olhar para as imagens...

Sem resposta.

Sempre sem resposta.

E aqueles que com eles conviviam?

Os familiares?

E aquelas imagens na Disney ou em Las Vegas?

E os miúdos?

Mantiveram-se calados?

Sem nada dizer?

São estas as questões que me toldavam a escrita, a imensa vontade de entender, gritar a indignação diante da aberrante estupefacção.

Será possível?

Os Turpin serão antes de mais um caso de Psiquiatria, Psicanálise ou algo do género, mas isso deixarei para o meu caro amigo, Jaime Bessa, entendido na matéria e talvez com uma explicação profissional para este horror...

Eu como leigo, apenas um comum escrevinhador, solto aqui esta infinita e desesperante conclusão:

Nem todos merecem ser Pais.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

18.10.17

 

 

 

Terra queimada;

Dor abrasadora,

Cheiros de nada,

Mágoa destruidora...

 

Terra queimada,

Ao som de um ardor,

Vidas ceifadas,

Desnudado pudor...

 

Terra queimada;

Vazio que sobrou,

Tragédia cantada,

Que na memória ficou...

 

E já não voltam os mortos;

Filhos ou Pais,

Amigos ou amores,

Eternamente perdidos,

Por entre chamas de horrores...

 

Nesta nossa terra queimada,

Descansará um pouco de todos nós,

Num silêncio Lusitano,

Num imenso grito sem voz.

 

 

 

 

 

 

15.07.17

 

Este é um assunto sobre o qual não me apetecia escrever, ou seja, para ser mais honesto queria evitar falar sobre ele...

Por variadíssimas razões, sendo a principal, a minha verdadeira admiração por esse filho da cantera leonina, de seu nome Cristiano Ronaldo.

Por vezes, tomar decisões que rompem a barreira do tempo, das tradições, do costume, tem o preço exorbitante dessa mesma condição, no entanto, Ronaldo ultrapassou tudo isso e decidiu afrontar sem delongas o patamar da moralidade...

Admito que me faz confusão, que penso ser contra-natura, alguém pagar para ser pai, retirando aos seus filhos o direito de terem uma Mãe, de se sentirem amados por aquela que certamente tem o papel mais importante na vida de todos nós.

Custa-me essa imoralidade, do meu ponto de vista, essa deturpação desse sentido da vida, destruição dos padrões que aceitamos como normais...

No entanto, dia após dia, artigo após artigo, entrevista atrás de entrevista, muitos representaram o meu ponto de vista, muitos até o ultrapassaram, outros até o deturparam.

Depois do fisco, dos bebés, da namorada, do cabelo e provavelmente de tudo o resto, chegámos à entrevista do Dr Gentil Martins ao Expresso, declarando inequivocamente o seu juízo sobre Ronaldo, a sua Mãe e a sua vida...

De forma cruel, destemperada, ofensiva.

Faço de antemão a minha declaração de interesse, tenho por Gentil Martins uma estima inesgotável, admiração inexorável, apreço sem limites e por isso mesmo, não consigo acreditar que tenha proferido tais palavras...

Estupor moral?

Não pode ser exemplo para ninguém?

A senhora sua Mãe não lhe deu educação nenhuma?

Existe um limite para expressarmos a nossa opinião, um limite educacional e essencialmente Humano...

Eu discordo da opção de Cristiano Ronaldo, discordo por principio, por educação, por crença profunda de que esta forma de criar uma família não é a correta mas não sou o dono da verdade, nessa essência Humana que permanece um enigma.

Tenho uma opinião mas não faço um julgamento.

Se de uma coisa tenho a certeza é que o menino Ronaldo será sempre um exemplo, saído de Alcochete para o mundo, de Alvalade para o Olimpo do futebol, onde estarão poucos e certamente nenhum Português...

E por muito que digam que não, o  pormenor de aí não estar mais nenhum Português,  nesse nível que o menino Ronaldo atingiu, cria muito ressabiamento.

Opine-se, discuta-se mas não façamos de Ronaldo, um estupor moral...

E mais do que isso não se diga, que não é exemplo para ninguém.

Pois isso, não aceito.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

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