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Caneca de Letras

05.02.19

 

Por vezes, principalmente neste mundo actual, parece que tudo foi visto e ouvido, que os terrores já foram todos contados na antena da CMTV ou denunciados na, alucinante, Internet.

Histórias escabrosas, causadoras de espanto e medo, num vendaval de pesadelos transformados em realidade.

Quantas e quantas vezes pensamos...

Já nada me espanta?

Mais um tiroteio nos Estados Unidos, um atentado em Cabul, um massacre na Síria ou uma violação em Bombaim.

Calma...

Eu sei que, actualmente, se chama Mumbai.

No entanto, nada nos prepara para este tipo de notícias que marcam os "directos" em Portugal...

Este duplo homicídio, seguido de suicídio.

Devo dizer que sempre que oiço falar de suicídio, algo me faz sofrer por aquelas pessoas, sentir esse respeito por alguém que, numa qualquer circunstância da vida, optou por partir.

Mas aqui, não quero...

Não consigo.

Questiono até por que razão, este Monstro, não optou por fazer tudo ao contrário...

Primeiro o suicídio, depois a vida tranquila daqueles que resolveu assassinar.

E esta filha que também foi Mãe, é Mãe...

Como sobreviver diante da tamanha crueldade do destino, entregue à incompetência daqueles que, ao longo do tempo, não atenderam às suas queixas e permitiram que um homem violento, tivesse tempo, espaço e vontade para perpetrar o seu hediondo crime.

Não tenho palavras...

No primeiro mês de 2019, quase Dez Mulheres foram assassinadas por violência doméstica.

E continua a vida a girar e nada a ser feito ou alterado.

Não tenho palavras, ou melhor, as que tenho não querem mais aqui voar.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

01.02.17

 

Tive o teu destino, em meu poder;

Decidi nada fazer,

Acabei por te perder,

Dei esse dinheiro, para te esquecer...

 

Fui eu que paguei;

Essa morte, a tua vida,

E achei que apaguei,

Sem apagar, tamanha ferida...

 

Era jovem, inconsciente;

Com a consciência de um cobarde,

E agora, bem presente,

Esta terrível verdade...

 

Tive medo, sem saber;

Ou talvez sabendo temer,

Que o destino não me iria perdoar,

Essa tristeza a recordar...

 

Penso sempre, neste vazio;

Que me persegue constantemente,

Esta dor, esse desafio,

De te saber ausente...

 

Como poderias ter sido;

A tua cara, minha expressão,

O orgulho hoje perdido,

Que invade o meu coração...

 

Se eu pudesse voltar atrás;

E apagar este arrependimento,

Preferia eu morrer,

Do que meu filho,

Não te ter!

 

 

 

31.01.17

 

Tenho-te do outro lado do mundo;

Um oceano que nos separa,

E que guarda este desgosto profundo,

Esta dor que ninguém pára...

 

Tantas vezes sem te ver;

Sem poder contigo falar,

Sem de ti poder saber,

E esta dor partilhar...

 

Sinto-me só, desamparada;

Muitas vezes, até perdida,

Grito só e angustiada,

Nesta minha, triste vida...

 

Triste sim, desesperada;

Vendo a vida, a partir,

Muito tempo aqui sentada,

Sem saber como reagir...

 

Fazes-me falta, minha filha;

Escondida nessa distância,

Encarcerada nessa ilha,

Cheia de cor e de fragrância...

 

Assim te tenho aguardado;

Ternura minha,

Meu amor,

Nesta terra, neste fado,

À espera que o nosso desencontro,

Seja apenas encontrado!

 

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