13.05.18
Não pensei escrever sobre o Festival da Canção, pois para ser honesto mal o acompanhei, no entanto, como poderia deixar de aqui relatar, essa parte de mim, que emocionadamente não consegue esconder o contentamento maior, entrelaçado com a sublime beleza de um momento...
Salvador Sobral!
Assistir àquele instante em que Salvador subiu ao palco, acompanhado ao piano por Júlio Resende, para cantar "Mano a Mano", foi para mim mais do que arrepiante, um retrato mágico, deslumbrantemente perfeito.
Em cada expressão da sua voz se contorcia a melodia, em cada palavra pintada no seu olhar, se enternecia a vontade minha de querer suspender eternamente aquele pedaço de prazer.
Sem palavras...
Uma espécie de apogeu, descompassadamente arrepiante, repetidamente arrepiante.
Ainda não refeito daquele instante, tive de suportar o passo seguinte...
Caetano no palco para um momento a dois, cantando "Amar pelos Dois", transformando lentamente a Eurovisão, num recanto imaginário de pura eternidade.
A eterna querença do belo, inquietantemente sedutor, como um quadro de Rembrant ou um poema de Pessoa, como um texto de Vinicius ou uma invenção de Da Vinci.
Foi essa sensação que ali senti, prendendo-me através da alma ao sentido sentir que só o esplendor consegue arrebatar.
Por tudo isto, valeram a pena os cinco minutos de Festival da Canção a que assisti...
Cinco eternos minutos que repetiria vezes sem conta, como se de um sonho se tratasse.
Obrigado Salvador e Caetano.
Filipe Vaz Correia