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Caneca de Letras

21.11.20

 

 

 

Sempre que via um comboio partir;

Imaginava esse mundo,

Descobrindo sem fugir,

Esse longínquo e profundo,

Desejo de sentir,

O meu ausente destino...

 

Sempre que abriam os portões;

Daquele campo maldito,

Imaginava os corações,

Daqueles interditos,

Olhares que me fugiam,

Dos que um dia amei...

 

Sempre que chegava o amanhecer;

Desconfiado caminhava,

Querendo adormecer,

A esperança que em mim habitava,

De que podia ser diferente...

 

E seguindo amordaçado;

Amordaçando a alma já cansada,

Presa nesse corpo desanimado,

Naqueles pijamas riscados...

 

E assim a cada partida;

A cada fuga perdida,

Em cada dia, ferida,

Até que chegou a minha vez...

 

E aí descobri que me haviam roubado tudo;

Mas apenas eu, 

Era o dono da minha alma!

 

 

23.08.19

 

Estes dias têm sido marcados por polémicas, entre elas, uma petição lançada para tentar impedir a construção de um Museu sobre o Prof. Salazar e o respectivo período Histórico em que dirigiu os destinos da Nação.

Sinceramente, hesitei em escrever sobre o tema, não por falta de vontade, mas sim por falta de paciência diante dos detentores dessa verdade oficial, do actual Regime.

A Autarca Socialista que promove este projecto com apoio de dinheiros de investidores particulares, de repente passou de uma Mulher de Esquerda para uma perigosa agitadora Fascista, numa mistura ignorante de conceitos e ideologias.

Enfim...

Vamos lá:

Sou a favor deste Museu...

Absolutamente a favor.

Era o que faltava que não se pudesse construir um espaço para retratar esse período da nossa História, com as coisas más que nele existiram, assim como, com as coisas boas por ele executadas...

Sim, também existiram coisas boas.

Num regime Democrático, supostamente livre, onde na Assembleia da República temos Partidos que defendem ou defenderam Regimes, esses sim, sanguinários e genocidas, como a URSS, Coreia do Norte, Venezuela, Cuba ou, em determinado momento, Angola.

Só faltava que por alguma razão, petição, nos víssemos cerceados de poder contar, observar e aprender sobre as fraquezas e forças de uma “personagem” marcante do nosso tempo.

O Prof. Salazar, sujeito que está ao escrutínio do seu papel Histórico, representou um tempo e momento que deve, deveria, ser escrito e observado pelas mentes dos vindouros que depois dele habitam a nossa “Lusitana” terra, sendo para isso importante que essa História possa ser contada, sem receios ou tabus.

Por todos, com todos.

Acho imensa graça que muitos daqueles que se insurgem contra este Museu, nada digam ou escrevam quando se cruzam na rua com uma camisola estampada com o rosto de Che Guevara...

Certamente, porque para alguns desses “democratas” estamos na presença da memória de um revolucionário que lutou pela Liberdade dos povos, no entanto, para outros, nos quais me incluo, esse “personagem” representou a morte e a opressão de milhares de pessoas e famílias em nome do seu ideal.

Visões distintas mas que merecem ser discutidas e debatidas, nunca silenciadas ou reescritas às mãos dos algozes da História, sempre prontos a cercear esse direito de livremente pensar.

Por todas estas razões sou absolutamente a favor deste Museu Salazar, idealizado e executado por uma Autarca Socialista...

Por estes dias, terei de confessar, estou surpreendido com o Socialismo, pelo menos no que toca a greves e museus.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

18.06.19

 

Existem momentos ou situações que não conseguem ser descritos na sua plenitude, muito menos pormenorizados, pelo significado que têm, pela beleza que assumem...

É assim na amizade, nesse amor fraterno chamado amizade.

O texto de Jaime Nogueira Pinto em homenagem a Rúben de Carvalho é apenas um pequeno pedaço desse momento, de uma bela amizade forjada na diferença, nessa gigantesca diferença capaz de encurtar divergências, de ligar pólos opostos.

Um Comunista e um Nacionalista, tão diferentes como inteligentes, tão afastados como coerentes.

Nessa genialidade livre, nessa radicalidade fraterna, se manifesta a capacidade de dois homens discutirem sem populismos bacocos, sem hipocrisias menores, sem as amarras tão habituais na política de corrimão.

E é assim que se dá o exemplo, que se honra a grandeza maior da nossa História, do legado dos que souberam construir o que somos, o que nos moldou como Nação.

Estaria sempre ao lado de Jaime Nogueira Pinto, por princípio, convicção ou valores, no entanto, isso jamais me impediria de admirar, respeitar o passado e a memória de alguém como o radical, absolutamente, livre que era Rúben de Carvalho.

E isso, nos tempos actuais, já é uma valiosíssima lição a recordar.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

 

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