28.02.20
Tenho repugnância por tablóides, por esse género de imprensa que vive à custa da desgraça alheia, da devassa da vida daqueles que lhes podem dar audiência ou tiragens.
A cobertura da morte de Laura Ferreira, a Mulher de Pedro Passos Coelho, por parte do grupo Cofina, é no mínimo asquerosa...
Asquerosamente indescritível.
Fotografias do enterro, das pessoas presentes, de Pedro Passos Coelho e Filhas, da dor plasmada no rosto desses entes queridos.
Neste caso, esse aproveitamento é sobre alguém que sempre primou pela discrição e recato, mas o caso atinge proporções de maior "canalhice", de maior atentado, como se isso fosse possível...
Para piorar a situação, resolveram ainda, esse grupo editorial rasca, fotografar a Ex-Mulher de Passos Coelho, Fátima Padinha, também ela vitima de cancro e inevitavelmente marcada por tão imensa doença, demonstrando pela comparação de retratos antigos e actuais, a evidente diferença entre esses tempos e os dias que correm.
Esta escumalha não se envergonha de desnudar a fragilidade de pessoas que não pediram a exposição mediática, pessoas que estando num momento de fragilidade perante a morte de alguém próximo, terão ainda de lidar com a exposição medíocre daqueles que trocam a ética por um punhado de Euros.
Ver Fátima Paldinha gordíssima, até disforme, em resultado do cancro com que lutou, porventura ainda luta, e imaginar a sua dor a se confrontar com essa fragilidade escarrapachada nas páginas de uma revista ou jornal, inquieta e repulsa esta alma minha que vos escreve.
Não consigo calar a indignação...
Não quero calar.
É isso que me faz sentir Humano...
A indignação diante de tamanha barbárie.
O que me entristece é o facto de isto, esta escumalha, passar impune perante esta realidade, com as gentes a continuarem a comprar o determinado pasquim, a dar audiência à miserável CMTV, a serem cúmplices de tamanha Canalhice.
Não pude deixar de escrever...
Não posso compactuar.
Talvez um dia, os Octávios desta vida, possam sentir o outro lado e saborear a imensidão e impotência, que deve ser sentida por aqueles que são expostos ao sabor dos desumanos interesses deste grupo económico.
Que nojo!
Filipe Vaz Correia