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Caneca de Letras

13.10.20

 

 

 

 

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Contei todas as estrelas do céu;

Uma a uma, cada uma

Olhei para elas despidas

Na bruma, discreto

Escutando as perdidas

Naquela imensidão...

 

Decorei o seu brilho;

Vislumbrei o seu reflexo

Questionei o seu destino

Desafio sem tino

De um universo em desatino...

 

Contei todas as estrelas do céu;

Uma vez mais interrogando

De onde vieram, para onde irão

Nesse mistério desesperando

Por uma resposta em vão...

 

Contei todas as estrelas do céu;

E continuei a contar, devagar

Sem saber que no meu olhar

Também elas se podiam vislumbrar...

 

E assim sem parar;

Mais uma vez, devagar

Contei todas as estrelas do céu.

 

 

10.05.18

 

Todas as estrelas caídas no chão, transformadas em pedra da calçada, sem brilho, sem luz, sem vida...

Todas as estrelas do céu se desprenderam, perderam as invisíveis asas que as sustentavam ali em cima, no alto dos sonhos, tão perto de Deus.

O vento intensificava a sua vontade, arremessando a saudade de um brilho que se esfumou, extinguiu.

A escuridão abraçava o horizonte, carregando de desesperança o olhar de todos, os que sem pressa, se afundavam no breu...

Num breu desesperante que insistia em arrancar dos silêncios, o injustificado sentido desse destino.

Caminhei por entre esse silêncio, por entre tantas estrelas mortas, mortificadas, esquecidas desse sentido que outrora parecia eterno.

Como não chorar, deixando que dentro de mim se liberte a inesperada razão, para que continue a bater esse coração meu, perdido por entre as estrelas que insisto em descrever...

Por entre o brilho ausente que insisto em referir...

Por entre essa estranha dor que aumenta sem parar, que não pára de aumentar, que desmedidamente me sufoca sem silenciar o grito surdo de tamanho abismo...

Como?

Caminhei sem olhar para trás...

Como se lá atrás, ficasse guardada eternamente a mágoa, a indiferença de erros e contradições, de desejos perdidos, perdidamente apaixonantes.

Nada poderia mudar, nem o brilho das minhas estrelas resgatar...

Nada.

Continuei a caminhar, olhando para o céu, despido de tudo, coberto de nada, dos tamanhos nadas que constroem esta história...

Tantas historias que ficando por escrever, poderiam aqui encaixar.

Talvez um dia o meu céu volte a brilhar, a ter estrelas nele a cintilar, mas até lá...

Vou continuar a sonhar.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

24.06.17

 

Muitas vezes me aproximo da janela, à noite, esperando reconhecer nas estrelas que brilham intensamente, um rosto conhecido por entre o desconhecido enigma deste destino que nos envolve...

Tantas e tantas vezes procuro naquela escuridão impregnada de cristais cintilantes, um pedaço de mim mesmo, desse passado e das pessoas que já partindo, eternamente fazem parte da minha alma.

Procuro assim atenuar as saudades que insistem em sobreviver, acorrem vezes sem conta à minha mente para recordar a falta que ainda sinto, de cada um...

Por vezes nesse constante reencontro com os momentos que já fugiram, relembro sorrisos e lágrimas, resgato tristezas e alegrias, tentando preencher um vazio que sempre acaba por reaparecer.

Nessas noites, tendo a lua como testemunha, converso com o misterioso desconhecido que insisto em crer será repleto de reencontros ansiados...

E se assim não for?

As dúvidas e anseios próprios desta imensa incerteza que por vezes me invade, fazendo-me olhar novamente para aquelas estrelas, para aquele brilho e através dele voltar a perder-me na crença de que me ouçam.

A noite permanece, as estrelas ali continuam e eu volto a esconder as intensas saudades guardadas em mim, daqueles que para sempre meus, infelizmente, partiram para longe.

Mais uma noite, nesta eternidade pejada de enigmas...

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

23.02.17

 

A noite brilhante, com o seu céu estrelado, que iluminava o imenso lamaçal que tenho de subir...

Atolados os meus pés, numa fuga destemperada por entre este caminho que enfrento sem fugir.

Caminhando, viajante, pelos gostos envelhecidos da sabedoria estampada, nos rostos daqueles que observam o meu destino...

Não o quero saber, continuo a subir em busca da beleza escondida, em cada estrela presa ao imenso céu que contemplo nesta noite cintilante.

Sinto os cheiros daquelas casas vazias, de gente, de cor, com alma...

Contemplo no cimo daquele lugar, a imensidão que por debaixo de mim existe, ignorando os ruídos, os gemidos, as intensas contradições insistentes.

E nesse instante, em cada estrela um sorriso, em cada rosto uma esperança, em cada olhar encontrado, um pedaço de alegria, de vida.

Um pequeno campo de futebol, iluminado por esses candeeiros encardidos, empoeirados, onde rejubilam os meninos, enquanto chutam aquela pequena bola de trapos, como se tratasse da sua maior recompensa...

E se calhar, seria!

Olhei novamente para aquela imensidão, guardando simplesmente na memória, a pequenez dos nossos destinos...

E assim observo a constante rotação daquelas estrelas, que sobrevoam os sonhos daquelas vidas, com aquela lua como companheira, discreta, tímida, presente...

Mas naquele momento, perdido naquela imensidão, aquelas estrelas eram só minhas e do meu desejo de sonhar.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

  

 

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