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Caneca de Letras

14.06.19

Quando, por estes tempos, a minha crença diminui em relação a esse imenso País, Estados Unidos Da América, existe sempre algo ou alguém que me recorda porque razão tanto me inspira a cultura Americana.

Mesmo com Trump, com essa espécie bacoca e boçal de pensamento, perdoem-me pela palavra pensamento, sobrevive na estrutura Institucional ou na sociedade Americana uma força maior que contagia, enobrece, recorda a todos os valores maiores que importa resguardar.

John Stewart, o comediante que durante anos apresentou o Daily Show, apresentou-se diante do Congresso num gesto resgatador de uma certa dignidade, por vezes perdida nos meios políticos, nos bastidores da alta roda política.

As palavras de John Stewart desmascarando os Congressistas ausentes e ao mesmo tempo dando voz aos esquecidos socorristas do 11 de Setembro, muitos deles moribundos, esventrados pelo cancro em virtude das suas acções heróicas nesse dia, abanaram os alicerces apodrecidos de um hipócrita Status Quo sediado em Washington.

Aprovar cortes nos apoios e pensões destes homens, em nome de orçamentos ou planos económicos da Nação, é o espelho final de uma sociedade desmemoriada e desprovida de valores.

As palavras de Stewart emocionaram-me, tocaram o meu sentir, num misto de indignação e orgulho, de revolta e contentamento.

Nada está ou estará perdido com exemplos como este, com gente que se levanta e grita não perante os abusos perpetrados por uma pequena elite, canalha, ridícula e sem dimensão para representar a Nação.

Os medíocres de hoje que não respeitam os heróis de ontem, nem se interessam por construir um futuro melhor.

Sem humor mas igualmente brilhante, John Stewart ousou nos recordar que vale sempre a pena lutar, sem medo, por aqueles que, de entre nós, foram especialmente maiores.

Thank You!

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

21.01.18

 

Resisti imenso em escrever sobre este caso nos Estados Unidos, em que os Pais fizeram durante décadas os filhos reféns, aprisionados em casa, subnutridos, torturados, massacrados sem dó...

Resisti por não compreender como foi possível, como é possível, como terá sido possível isto acontecer.

Ao ver as noticias sobre este caso, as imagens repetidas vezes sem conta, busquei através dos olhos daqueles Pais uma explicação, uma desperançada explicação...

Mas o vazio naqueles olhares, representa em mim esse medo da Humanidade, receio maior de pessoas assim...

Capazes deste tipo de sofrimento, desta tortura da alma, àqueles que supostamente lhes pertenciam.

Continuo a olhar para as imagens...

Sem resposta.

Sempre sem resposta.

E aqueles que com eles conviviam?

Os familiares?

E aquelas imagens na Disney ou em Las Vegas?

E os miúdos?

Mantiveram-se calados?

Sem nada dizer?

São estas as questões que me toldavam a escrita, a imensa vontade de entender, gritar a indignação diante da aberrante estupefacção.

Será possível?

Os Turpin serão antes de mais um caso de Psiquiatria, Psicanálise ou algo do género, mas isso deixarei para o meu caro amigo, Jaime Bessa, entendido na matéria e talvez com uma explicação profissional para este horror...

Eu como leigo, apenas um comum escrevinhador, solto aqui esta infinita e desesperante conclusão:

Nem todos merecem ser Pais.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

20.01.18

 

Um ano de Presidência Trump...

Um ano de gaffes, de boçalidades, de erros e suspeitas, de indelicadezas e frustrações, de Tweets...

Imensos tweets.

Um ano a tentar destruir o Obamacare, a tentar construir um muro, a incendiar o conflito Israel-Palestiniano, Médio Oriente, com a mudança irreflectida da Embaixada Americana para Jerusalém, de gabarolices com o líder Norte-Coreano.

Um ano de investigações à sua campanha e às suas relações com os Russos, de demissões no FBI e na CIA, de troca azeda de palavras com líderes mundiais...

De traições e abandonos, Spicer e Bannon, como exemplos perfeitos desta combinação explosiva de temperamentos.

Um ano de comentários racistas, misóginos, discriminatórios...

Donald Trump é Presidente dos Estados Unidos há um ano, numa viagem alucinante, para a qual o mundo não parecia preparado.

Um ano depois, só poderemos imaginar o que se segue, neste mandato pueril.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

10.05.17

 

A Administração Trump despediu o Diretor do FBI James Comey, usando para isso um poder especial, do próprio, Presidente Americano.

Trump alega que responde assim a recomendações do Vice Procurador Geral, Rod Rosenstein e do Procurador Geral Jeff Sessions...

Até pode ser, no entanto, não deixa de ficar no ar a sensação de que James Comey, o rosto da investigação ao envolvimento Russo na campanha eleitoral Americana, foi afastado pelo incómodo que esta mesma investigação, estaria a causar junto da Administração Trump.

Este despedimento será sempre um tiro no pé de Donald Trump, uma estupidez a juntar a muitas que vai cometendo desde que tomou posse...

Trump fragiliza-se, cria a ideia de esconder e ocultar informações, sendo que com este despedimento acentua ainda mais, essa percepção de querer condicionar aqueles que se opõem ao seu projecto político.

Desde que Trump tomou posse este é o segundo despedimento no FBI, numa tentativa de mudar os acontecimentos e com isso controlar parte de um sistema que lhe é hostil.

Espera-se com curiosidade, o nome daquele que sucederá a Comey, sendo que terá em mãos vários dos dossiês mais complicados da actualidade Americana, como o caso Michael Flynn...

Com esta atitude do Presidente Trump, não se duvide, de que o escrutínio já de si intenso, certamente, se intensificará, tornando o ambiente político Americano, ainda mais, conflituoso.

Até lá, fica a sensação de que a precariedade já chegou ao Federal Bureau Of Investigation.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

09.02.17

 

Os primeiros dias de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos vieram confirmar os receios de muitos e os anseios de alguns, acerca das suas promessas eleitorais e o seu comportamento pós eleições.

No entanto, quero aqui retirar a parte folclórica da personagem, a parte teatral dos gestos, do tom, da forma, que não considero de somenos importância, apenas não a considero principal questão.

A parte principal deste perigoso caminho está nas palavras, que por estes dias continuaram a trazer ao mundo várias realidades, reconfortantes e assustadoras...

Reconfortantes pela maneira como dentro e fora dos Estados Unidos se tem respondido à política delineada por este grupo de lunáticos que rege os destinos daquele país, desde anónimos a famosos, de jovens e velhos, empresas pequenas ou grandes grupos empresariais ( Google, Amazon, Apple, entre outras), de homens e mulheres, de todos os quadrantes políticos.

Assustadora, pela forma como esta mesma política, nos poderá guiar para uma armadilha sem precedentes, acabando por legitimar aqueles contra quem, tanto combatemos, nos últimos anos.

As palavras do Ayatolla Ali Khamenei, seguem precisamente nesta direcção, de fazer crer aos seus seguidores e aos moderados de todo o mundo muçulmano, que a radicalização do discurso deste novo Presidente Americano, é na verdade, o pensamento intrínseco que sempre guiou os Estados Unidos da América e por conseguinte, todo o ocidente.

É por isto, que é relevante dizer não!

Estas palavras encontram, na realidade eco, nas atitudes irrefletidas de Donald Trump e da sua Administração, carregada de cólera, que não desiste de criar este ambiente de perseguição constante dentro e fora de "muros".

Este perigo de legitimarmos aquilo que mais contestamos nestes radicais, o ódio profundo por aqueles que nos são diferentes, deixará pouca margem de manobra para um dia voltarmos atrás, nesta batalha auto-destrutiva.

Assim hoje, mais do que nunca, aqueles que se levantam para defender o legado Americano, fazem-no em nome de todos nós, ocidentais, e desse passado que importa recordar, é feito de erros, mas também de virtudes inapagáveis, na construção de sociedades plurais e mais fortes.

Calar ou consentir perante os desmandos da Administração Trump, é por isso a legitimação de um discurso de ódio, segregador, e que se transformará numa gigantesca armadilha, que reforçará o discurso das organizações terroristas e seus aliados...

Por isso importa recordar, insistentemente, por esse mundo fora, que a América não se vergará diante daqueles que a querem radicalizar e com isso radicalizar, ainda mais, o mundo.

Citando Churchill:

" A atitude é uma coisa pequena que faz uma grande diferença".

E será essa atitude, essa resistência, que resgatará a América destes dias cinzentos que a assolam.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

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